Rússia

Quem irá concorrer com Putin nas eleições de 2024?

Pleito está previsto para ocorrer em março do ano que vem

Recentemente, o atual presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, anunciou que irá concorrer a um terceiro mandato nas eleições presidenciais de 2024. O pleito está oficialmente programado para acontecer entre os dias 15 a 17 de março.

Esta será a 8ª eleição presidencial da República Federativa Russa, que é o Estado nacional que surgiu com a dissolução da União Soviética. Poderá haver segundo turno se nenhum dos candidatos obtiver a maioria absoluta dos votos, ou seja, mais da metade deles. Caso haja segundo turno, ele acontecerá no dia 7 de abril. O vencedor das eleições tomará posse no dia 7 de maio.

Até o fechamento desta edição, os principais nomes no cenário político russo que anunciaram oficialmente sua candidatura são Vladimir Putin, Boris Nadezhdin, Yekaterina Duntsova e Leonid Slutsky.

Nadezhdin foi o primeiro a anunciar sua candidatura, fazendo-o em novembro. Outrora membro da Duma Estatal (parlamento russo), de 1999 a 2003, era também aliado de Boris Nemtsov, político russo financiado pelo imperialismo. Mostrando que sua aliança não era um acidente, suas posições políticas demonstram que ele, também, é um político pró-imperialista. Em setembro de 2022, fez críticas ao esforço de guerra russo, clamando ao governo para acabar com a operação militar, dizendo ser impossível vencer a Ucrânia, chegando inclusive a dizer que a ação do Estado russo correspondia a “métodos coloniais de guerra”. Em janeiro de 2023, novamente ele se manifestou contra a guerra, chamando-a de um “erro desastroso”. A título de curiosidade, e para demonstrar que a maçã não cai longe da árvore, como diz o ditado popular, sua avó materna fugiu para o Uzbequistão com o triunfo da Revolução Russa de Outubro de 2017.

Nadezhdin concorrerá, a princípio pelo partido Iniciativa Cívica, ao qual se filiou em 2023, um sinal da artificialidade de sua candidatura. Não coincidentemente, o fundador de seu partido é Andey Nechayev, que foi Ministro do Desenvolvimento Econômico de 1992 a 1993, época do golpe de Estado de Boris Yeltsin, logo após a dissolução da URSS, o qual promoveu uma política de choque neoliberal na Rússia, resultando na destruição da indústria do antigo Estado Operário, provocando uma miséria sem precedentes.

Yekaterina Duntsova foi a segunda a anunciar sua candidatura. Pleiteando o cargo de forma independente (sem filiação partidária), trata-se de mais uma candidata impulsionada pelo imperialismo, no vácuo deixado por Alexei Navalny. Em declaração feita no mês de novembro, ela chegou a dizer que “a Rússia tem caminhado na direção errada nos últimos dez anos: o caminho não visa o desenvolvimento, mas a autodestruição”. Apresentamos aqui um resumo de suas posições políticas: defesa do fim da guerra na Ucrânia, reformas “democráticas” (exigências imperialistas), libertação de presos políticos (no caso, conspiradores pró-imperialistas como Alexei Nalvany), alteração no destino das verbas orçamentárias e o apoio às minorias, em especial aos LGBTs (identitarismo, política, a essa altura, notoriamente vinda do imperialismo). Seu principal financiador é Mikhail Khodorkovsky, capitalista russo exilado por sua vinculação ao capital imperialista; atualmente residindo em Londres, foi um dos “oligarcas” que se beneficiou da liquidação da propriedade estatal soviética.

O terceiro a anunciar oficialmente sua candidatura foi Leonid Slutsky, um membro do que se pode chamar de uma extrema-direita russa. A candidatura foi lançada pelo Partido Liberal Democrático da Rússia, um partido considerado ultranacionalista, “populista” e de direita. Ao se notar por se histórico político, não parece ser bem visto pelo imperialismo. Afinal, pouco após a ratificação referendo feito pelo povo russo da Criméia, que aprovou a inclusão da província na Federação Russa, em 2014, no limiar do golpe imperialista do Euromaidan, na Ucrânia, Slutsky foi o primeiro político russo a ser sancionado pelo governo dos EUA, sob administração de Barack Obama, através da ordem executiva nº 13.661, sanções estas que resultaram em um bloqueio econômico de seus bens e o baniram de entrar no território norte-americano. Em período mais recente, já iniciada a guerra imperialista contra a Rússia na Ucrânia, Slutsky declarou que os membros do Batalhão Azov (milícia nazista ucraniana criada na época do Euromaidan, e que foi incorporada às forças armadas após o sucesso do golpe) que foram capturados deveriam ser executados.

E o quarto, e último, a anunciar sua candidatura (até o fechamento desta edição) foi o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin. Será para um terceiro mandato consecutivo, algo que foi possibilitado com emenda constitucional aprovada no ano de 2020. Ainda segundo a modificação constitucional, os mandatos anteriores a ela não contam, de forma que Putin poderá pleitear mais duas eleições presidenciais seguidas (contada esta de 2024). Ademais, a emenda dispôs como requisito para ser presidente da Federação “não possuir cidadania estrangeira ou autorização de residência em país estrangeiro, nem no momento da eleição, nem em momento anterior”. Uma situação que demonstra a força política de Putin e da burocracia militar russa, que vêm, há algum tempo, em rota de colisão com o imperialismo, sendo empurrados para posições anti-imperialistas. A força política de Putin é corroborada por pesquisas referentes à aprovação de seu governo, aprovação esta que não diminuiu após o início da guerra da Ucrânia. Pelo contrário, aumentou, mantendo-se sempre acima de 80%. Nesse sentido, pesquisas recentes realizada pelo instituto alemão Statista constataram que 82% da população russa aprova o governo de Putin. Corroborando essa conclusão, pesquisa do instituto Levada Center constatou uma aprovação de 85%, para o ano de 2023. O que não é de se surpreender, pois, apesar da guerra e das sanções impostas pelo imperialismo, a economia Russa não sofreu, mas cresceu em 2023, promovendo uma melhoria geral da vida da população. No mesmo sentido, uma recente pesquisa, esta realizada pelo Public Opinion Foundation (FOM), constatou que cerca de 70% dos russos entendem que Putin deve sim pleitear o terceiro mandato.

Como outra demonstração de sua força política, e da coesão da sociedade russa, apesar de Putin ter anunciado sua candidatura como independente, o principal partido da Federação, o Rússia Unida, declarou apoio à candidatura do mandatário à reeleição. Em declaração, o presidente do partido, Dmitry Medvev disse que “não há qualquer dúvida sobre quem deveria estar no comando do Estado russo neste período turbulento”, e que o Rússia Unida “faria o seu melhor para ajudar o atual presidente Vladimir Putin a garantir uma vitória esmagadora mais uma vez”.

O cenário mais provável, portanto, é que Vladimir Putin seja eleito para um terceiro mandato, aprofundando a crise do imperialismo, que deseja sua remoção.

As eleições russas ocorrerão no mesmo ano das eleições presidenciais norte-americanas, ao mesmo tempo em que o imperialismo caminha para uma provável derrota na Ucrânia, e possivelmente também no Oriente Médio, na Palestina, de forma que será um pleito de grande significado político.

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