George Habash foi um guerrilheiro palestino que desempenhou um papel fundamental no movimento de libertação de seu povo como líder militante e fundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). Nascido em Lida, em 1925, na Palestina, foi forçado a fugir da Palestina em 1948, após a Nakba, o processo de limpeza étnica e genocídio que estabeleceu o Estado de “Israel”.
Sua cidade foi alvo de um dos mais horríveis massacres realizados por “Israel” dentre os milhares que ocorreram desde 1948. Entre 9 e 13 de julho de 1948, as forças sionistas lançaram uma grande operação militar, conhecida como Operação Dani, com o objetivo de ocupar as cidades de Lida e Ramla. Para isso, tropas israelenses forçaram toda a população de 70 mil habitantes a fugir de suas casas, realizando, em seguida, uma grande pilhagem. Novos colonos israelenses rapidamente ocuparam essas antigas cidades.
O ataque inicial contra Lida-Ramla foi liderado em 11 de abril pelo tenente-coronel Moshe Dayan, que mais tarde foi ministro da Defesa e ministro das Relações Exteriores de “Israel”. Historiadores israelenses o descrevem como dirigindo à frente de seu batalhão blindado “a toda velocidade em Lida, atirando contra a cidade e criando confusão e um grau de terror entre a população”.
Todos os homens em idade militar foram convocados para campos de batalha, e durante a ocupação, o exército israelense mandou os moradores irem para as mesquitas e igrejas. Mas aconteceu um tiroteio em Lida entre soldados israelenses e uma equipe de reconhecimento jordaniana, no qual dois israelenses foram mortos.
Em retaliação, o comandante israelense emitiu ordens para atirar em qualquer pessoa nas ruas. Os soldados israelenses voltaram sua ira contra aqueles que se acotovelavam em mesquitas e igrejas, matando dezenas deles apenas na mesquita de Dahmash. Palestinos que saíam de suas casas também foram baleados e mortos. Pelo menos 250 lidanenses foram mortos e muitos outros, feridos.
No mesmo dia, o primeiro-ministro David Ben-Gurion ordenou a expulsão de todos os palestinos. A ordem dizia: “Os moradores de Lida devem ser expulsos rapidamente sem atenção à idade”. Foi assinado pelo tenente-coronel Yitzhak Rabin, chefe de operações do ataque de Lida-Ramla e mais tarde chefe do Estado-Maior Militar de Israel — depois primeiro-ministro em duas ocasiões, nas décadas de 1970 e 1990.
A família de Habash, portanto, foi uma das vítimas de “Israel” durante a Nakba. O refugiado George Habash se formou em medicina na Universidade Americana de Beirute, no Líbano, e, no início da década de 1950, se envolveu com o grupo “Juventude da Vingança” e fundou o movimento nacionalista árabe al-Qawmiyyun al-Arab, defendendo ações violentas contra governos árabes tradicionais.
O movimento foi apoiado pela República Árabe Unida (junção de Egito e Síria sob o governo do presidente Gamal Abdel Nasser) e, depois da dissolução da república, manteve boas relações com a Síria. Na década de 1960, após a derrota dos países árabes na Guerra dos Seis Dias (1967) contra “Israel”, Habash fundaria a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), que se filiaria à Organização pela Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, do Fatá.
Sob a liderança de Habash, a FPLP realizou várias ações de destaque, incluindo sequestros de aviões. Em setembro de 1970, a FPLP sequestrou três aviões de passageiros ocidentais, contribuindo para a desestabilização da Jordânia e provocando a repressão do rei Ḥussein aos guerrilheiros palestinos. Essa repressão resultou em uma sangrenta guerra civil, resultando na expulsão da FPLP e de outros guerrilheiros da Jordânia.
Habash, que se considerava marxista, buscou apoio global, visitando a China em 1970 e Moscou em 1972. Após a Guerra do Yom Kippur de 1973, ele tornou-se a principal voz da “Frente da Rejeição”, opondo-se a qualquer acordo diplomático com “Israel”. Criticando a liderança da OLP, ele organizou células clandestinas nos territórios ocupados por “Israel”.
A FPLP rejeitou compromissos políticos com “Israel”, opondo-se ao processo de paz iniciado na década de 1990. Habash renunciou à liderança da FPLP em 2000, sendo sucedido por Abū ʿAlī Muṣṭafā, que foi posteriormente morto por forças israelenses em 2001. Aḥmad Saʿadāt assumiu a liderança em 2002, mas foi preso. Habas morreu, aos 81 anos, em Amã, no dia 26 de janeiro de 2008.
Apesar de ter sido ofuscada por Fatá e, em seguida, pelo Hamas, a FPLP permaneceu um movimento de esquerda ativo na sociedade palestina. A organização participa da atual ofensiva da resistência armada palestina contra “Israel”.