Logo após a vitória afegã contra o imperialismo norte-americano, colocando fim a vinte anos de ocupação estrangeira no país, a imprensa capitalista e seus fiéis discípulos da esquerda pequeno-burguesa, correram para defender seus patrões. Como se tratava de uma conquista liderada pelo Talibã, grupo de forte orientação religiosa e conservadora, a questão da mulher foi o tema utilizado para atacar os afegãos.
As análises tanto da imprensa tradicional quanto da esquerda pequeno-burguesa variaram entre a canalhice política e a falta de entendimento da situação; afinal, qualquer grupo que impõe uma derrota ao imperialismo assume um caráter progressista.
Diversos fatores acabam esquecidos ou escondidos por essas conclusões. Primeiramente, grupos religiosos e conservadores do mundo árabe sempre tiveram apoio do imperialismo quando conveniente, seja para derrubar governos nacionalistas ou para conter o avanço da influência soviética na região.
Recentemente, Martin Griffiths, secretário-geral adjunto da ONU para assuntos humanitários, declarou sua preocupação com as mulheres americanas que trabalham em ONGs no Afeganistão. Porém, é justamente por meio das mulheres norte-americanas, e essas organizações, que o imperialismo pretende desestabilizar o governo Talibã e restabelecer seu domínio no Afeganistão.
O controle dessas organizações pelo governo afegão, mesmo que para isso seja necessário a expulsão das mulheres estrangeiras e suas serviçais internas, não se trata de um ataque às mulheres, mas uma questão de defesa nacional. O Talibã demonstrou que não medirá esforços para manter o imperialismo fora de seu território.
Algo que não se pode mais esconder é a popularidade do governo liderado pelo Talibã. Após a vitória, o governo estabelecido tem grande popularidade e nenhuma oposição significativa.
A expulsão do imperialismo trouxe a perspectiva da autodeterminação, o que, consequentemente, acarreta um avanço nas condições de toda sua população; inclusive, obviamente, a das mulheres.
É notável também os esforços do Talibã na integração entre homens e mulheres na sua sociedade, como no caso das escolas e universidades, qualquer suposta repressão nesse sentido foi para conter o avanço imperialista no país.
Em vinte anos de ocupação norte-americana, a situação da mulher afegã somente piorou, pois foram vítimas tanto da miséria que a situação acarretou quanto da violência imposta pelos invasores para garantir seu domínio. Conduta estranha para aqueles que se julgam os maiores defensores das mulheres no mundo.
O imperialismo mundial, em especial o norte-americano, é o maior opressor das mulheres de todo o mundo, inclusive das mulheres trabalhadoras de seu próprio país. Pois atrás da demagogia barata que utilizam como propaganda está o fato de que os Estados Unidos escravizam toda a população pobre dos países atrasados, seja econômica ou militarmente.
As mulheres, na condição de oprimidas historicamente na sociedade capitalista, têm no imperialismo seu pior inimigo, a vitória do Talibã no Afeganistão é uma conquista não somente deles, mas de toda a população oprimida do planeta, inclusive as mulheres.