No dia 16/02, Merval Pereira no seu blog “Uma análise multimídia dos fatos mais importantes do dia” do jornal O Globo, fez mais um ataque às mulheres. Na sua tarefa incansável de tentar a ressurreição do partido da ‘família’, não perde tempo e já começou atacar tanto a esquerda e a extrema-direita.
Merval começa dizendo que “Não é bom sinal que, com menos de dois meses de governo, já se fale em possíveis sucessores de Lula. Pior ainda quando se coloca a primeira-dama no páreo. Janja virou até fantasia de carnaval”. Merval coloca isso como se fosse uma coisa negativa, mas a verdade é que muitas mulheres estão admirando Janja, e a veem como uma primeira-dama ativa e que tem um importante papel ao lado do presidente Lula.

Merval ataca dizendo que o presidente Lula, “sentiu cheiro de queimado no ar e tentou desarmar a bomba, recuando prematuramente da promessa de não disputar a reeleição”. Continua seus ataques dizendo que essa precipitação de Lula assanhou a extrema-direita, que deverá trazer o ex-presidente ilegítimo Jair Bolsonaro de volta para o Brasil a fim de liderar a oposição ao PT.
Como já sabemos, Merval torce e retorce seus discursos para manipular as opiniões de seus leitores, chegou até relembrar a maneira fraudulenta de como a reeleição foi aprovada no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas fica claro que seu problema é, se for o caso, a quarta reeleição de Lula.
Em sua análise, Merval Pereira lança nomes para 2026. Para o Partido dos Trabalhadores, obviamente, prefere os mais à direita como o Fernando Haddad e Rui Costa, e até o Flávio Dino (PSB) que é do novo puxadinho do PSDB.
Os candidatos do “centro”, que são todos, sabemos, fascistas cheirosos, Merval menciona Eduardo Leite (PSDB), que se declarou gay para disputar as eleições, e a Simone Latifundiária Tebet (MDB), a inimiga das mulheres.
Para a “direita civilizada”, que ele mesmo coloca entre aspas, mas que, também sabemos, se for preciso, no último minuto do segundo tempo fará campanha, trouxe: “Romeu Zema (Novo), de Minas, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Ambos tentam se descolar de Bolsonaro, deixando o ex-presidente ficar isolado na extrema-direita, que teria um dos filhos, provavelmente o senador Flávio Bolsonaro, como herdeiro político”.
Parece que Merval está muito preocupado com a falta de força de seus candidatos, e que, aparentemente, prevê a possibilidade de uma continuidade da polarização política no Brasil com uma disputa entre Janja e Michele Bolsonaro.
Continuando com seu ataque às mulheres, disse que Janja em entrevista afirmou que se espelha em Evita e Michelle Obama. Chama de esdrúxula a foto em que a primeira-dama aparece entre Lula e Biden, pontuando que memes foram feitos dessa foto. Com relação à Michele Bolsonaro, lembra que esta “assumiu um papel político no PL (Partido Liberal), comparece a reuniões do partido e que já tem a missão de viajar pelo país com salário oficial. Sua popularidade entre o eleitorado evangélico é um trunfo. Bolsonaro já está enciumado”. Com Michele Bolsonaro foi mais brando, pelo menos até aqui, não tentou ridicularizá-la.
Finalmente, fica claro o propósito de Merval Pereira, ataca Janja e Michele pois elas podem ter o poder de influenciar os eleitores de Lula e Bolsonaro. “Cinquenta anos depois, poderíamos repetir a farsa de termos uma ex-primeira-dama na Presidência da República no Brasil depois que a Argentina, por meio do líder populista Juan Domingo Perón, teve como presidente sua mulher, Isabelita. A tragédia argentina começara quase 30 anos antes, quando a primeira-dama Evita Perón tornou-se uma lenda entre o povo, mesmo sem ter mandato ou voto”.
A questão aqui, na verdade, não tem a ver com Evita, ou porque seja machista e não gosta de mulheres na presidência, mas porque essas duas mulheres que não são da terceira via. Sabemos que se for preciso colocar Simone Tebet na presidência será defendida, mesmo sendo uma mulher, mas é uma mulher golpista que atenderá, como já fica claro na sua atuação como ministra, os anseios do neoliberalismo.
É preciso lembrar que o desacordo de Merval com Michele Bolsonaro é apenas circunstancial, pois a Globo teve problemas particulares com Jair Bolsonaro e se sentiu ameaçada. No caso de Janja a questão é outra, pois o PT e Lula sempre foram combatidos como inimigos de classe pela família Marinho.
A Rede Globo, que faz tanta demagogia com o identitarismo, quando se trata de sucessão presidencial deixa a defesa da mulher de lado. E o preconceito que Merval mal consegue esconder em blog seria cômico, se não fosse trágico.