O massacre de Eldorado dos Carajás foi um dos maiores massacres da luta pela terra na América Latina.
Em 17 de abril de 1996, aproximadamente 1,5 mil trabalhadores sem-terra protestavam acampados na curva do “S”, na rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, sudeste do Pará. Seu objetivo era marchar até Belém para obter a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem terra.
A operação envolveu 155 policiais militares, resultando na trágica morte de 21 camponeses, sendo 19 no local do ataque e outros dois posteriormente no hospital.
Os trabalhadores foram cercados pelos policiais do quartel de Parauapebas de um lado e pelos policiais do batalhão de Marabá do outro. Dos 19 mortos, oito foram assassinados com seus próprios instrumentos de trabalho, foices e facões, enquanto os outros 11 foram alvejados com 37 tiros, uma média de quatro tiros por pessoa. Além disso, 79 pessoas ficaram feridas, duas das quais não resistiram no hospital. Os relatos indicam que a polícia executou camponeses com tiros na nuca e na testa, além de um caso de esmagamento da cabeça.
A ordem para o massacre foi atribuída ao então governador do estado, Almir Gabriel, do partido tucano, enquanto o presidente na época, Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, criava condições para reprimir os movimentos de luta pela terra. Suas medidas dificultavam as desapropriações de terra e tentavam classificar o MST como organização terrorista.
A liderança da operação estava sob responsabilidade do coronel Mário Colares Pantoja, que foi destituído no mesmo dia. Ele passou 30 dias em prisão domiciliar, conforme determinado pelo governador do Estado, antes de ser posteriormente liberado. O coronel também perdeu o comando do Batalhão de Marabá. Na mesma noite, o ministro da Agricultura, Andrade Vieira, encarregado da reforma agrária, apresentou sua demissão e foi substituído alguns dias depois pelo senador Arlindo Porto.