No dia 28/8 a operação Escudo, deflagrada pela polícia contra a população da favela do Guarujá, na baixada santista, completa um mês de ocupação e deixa um rastro de 22 assassinatos em registro oficial, número que pode ser muito maior. As denúncias de abuso e crimes contra os moradores e as vítimas da polícia não param de crescer e são uma mais escatológica do que a outra.
O encanador Willians dos Santos Santana, de 36 anos, morto por policiais no dia 18 de agosto, foi encontrado por familiares com um ferimento no rosto, um hematoma na cabeça, perfurações nos braços e as unhas das mãos arrancadas, sinais de que ele pode ter sido torturado. As informações foram publicadas neste domingo (27/8) pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo a reportagem, que entrevistou familiares e vizinhos, ele foi morto com seis tiros de pistola, dentro do barraco em que morava na praia de Perequê, no Guarujá.
Segundo relatos, os vizinhos ouviram gritos de socorro por mais de cinco minutos e havia onde o corpo do encanador estava caído, um alicate ensanguentado e uma faca no chão barraco. Uma reportagem do UOL, detalha que Willians dos Santos teria sido abordado pelos policiais que disseram que matariam pelo menos quatro pessoas na comunidade Piraquê e que ele poderia ser uma dessas pessoas. Desde então o encanador ficou hospedado na casa da mãe, fora do Guarujá.
Duas semanas depois, Santana teria voltado ao bairro para realizar um trabalho. Por volta das 15h no dia, duas viaturas do 12º Batalhão de Ações Especiais da Polícia – que atua em Araçatuba, cerca de 665 quilômetros da cidade – estacionaram e agentes fizeram patrulhamento a pé no bairro. Ao UOL, as testemunhas afirmam terem visto Santana correr para dentro do barraco ao avistar a equipe, momento em que a moradia foi invadida e houve os disparos.
São vários os moradores que estão deixando o local e indo morar ou fora do Estado ou em outras regiões, por medo da situação e de represálias por terem denunciados os crimes da polícia, mesmo que em conversas informais. Segundo relatos de moradores, os policiais voltam aos locais dos crimes e começam a interrogar as pessoas. É uma forma clara de intimidação e dizer de forma simbólica que se falar alguma coisa estes também irão morrer. Geralmente as testemunhas são as primeiras a irem embora.
Como é o caso da viúva do garçom Filipe Nascimento, 22, que voltou a morar com a família no Nordeste. Nascimento morava com as duas filhas da esposa na comunidade Morrinhos 4, com quem estava casado há um ano e dois meses, e trabalhava em um quiosque na praia das Astúrias. Sua mulher diz que chegou a conversar com um PM no mesmo dia da morte, quando viu sua bicicleta ser jogada no mato, e deixou Guarujá por medo de perseguição.
Para o governador do Estado de São Paulo, o bolsonarista Tarcisio Freitas (Republicanos) e seu secretário de segurança pública, não houve excessos, nem tortura durante a operação Escudo. Inclusive vieram a público falar isso, mesmo estando mais que provado a mentira deles. A esquerda pequeno-burguesa mantém-se calada, sem sequer pedir retração desses dois fascistas como estariam fazendo a uma pessoa comum que contasse uma mentira e pudesse ser enquadrada nos crimes de opinião.
Matar preto e pobre nas favelas e periferias do Brasil já há tempos tornou-se algo corriqueiro a esta máquina desgraçada de executar trabalhadores em escala industrial. Em todo o País, esse tipo de ataque contra a população por parte da polícia conta-se na casa de dezenas e até mesmo centenas. A maiora dos casos permanece oculta pelo medo. Uma coisa no entanto é certa: essa máquina de matar pessoas precisa acabar e a polícia precisa ser dissolvida urgentemente.