Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e Membro do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Qual é a política classista para os sindicatos no próximo período

No próximo ano, as lutas dos trabalhadores tendem a sair do estado de paralisia devido à crise econômica mundial e, para isso, é necessário um programa de luta nos sindicatos

As derrotas que a categoria bancária sofreu nas últimas campanhas salariais foram todas transformadas, pela burocracia sindical, em uma “vitória”. Essa posição recoloca o debate acerca da necessidade de um programa de combate à burocracia e a esquerda pequeno-burguesa nas organizações dos trabalhadores.

Esse programa deve ter como eixo a luta pelas necessidades vitais da classe. Em primeiro lugar, a luta por um salário que corresponda às reais necessidades dos trabalhadores. Esta política se opõe pelo vértice às que são defendidas pela burocracia, que, nos últimos anos, tem feito acordos rebaixados que procuram apresentar as migalhas dadas pelos patrões como abonos e PLR como ganhos econômicos. Os lucros gigantescos do sistema financeiro se multiplicam às custas do arrocho salarial e das demissões sistemáticas realizadas pelos bancos.

Em segundo lugar, está o método que deve ser usado para conquistar estas reivindicações: a mobilização dos trabalhadores deve ter como eixo a realização de grandes assembleias, convocadas com antecedência para propiciar a ampla mobilização dos trabalhadores. Os encontros nacionais de bancários e os encontros setoriais e de bancos específicos devem ser transformados em fóruns realmente democráticos, com uma ampla participação de base, eliminando os filtros usados hoje pela burocracia para transformá-los em reuniões burocráticas e sem qualquer poder de decisão de fato.

Como coroamento das assembleias e dos encontros nacionais, está a necessidade da realização de grandes greves nacionais, que unifiquem todos os bancos públicos e privados como nas greves da década de 1980, onde os setores de vanguarda (BB, CEF, Estaduais), após pararem os seus bancos, impulsionam as paralisações nos bancos privados, setor mais frágil da categoria com grandes arrastões e piquetes. As assembleias devem ser de fato democráticas, com o direito a voz da ampla camada de ativistas que hoje tem o seu direito de expressão negados pela burocracia, que só permite que falem os burocratas dos sindicatos por meio das “assembleias” virtuais, afastando completamente a participação dos trabalhadores das suas lutas e decisões.

Hoje, as assembleias são um mero rito burocrático, onde se vota a continuidade da greve, por exemplo, sem nenhuma discussão que arme os trabalhadores para impulsionar a sua luta. Os comandos de greve devem ser eleitos em assembleias e encontros efetivamente democrático, devendo prestar contas e serem destituídos caso não correspondam às expectativas dos trabalhadores.

Por fim, todo este processo visa restaurar a unidade dos bancários, que vem sendo solapada pela burocracia.

No próximo ano, finda o famigerado acordo bianual da categoria bancária, ou seja, com validade de dois anos. Os acordos bianuais são uma verdadeira rendição da categoria para os banqueiros. Esses acordos são uma derrota para os bancários onde os seus salários foram sendo arrochados durante esses períodos, recebendo apenas a inflação (oficial) e a farsa dos “ganhos reais” que de ganho não teve nenhum. 

Estes fatos só reforçam a necessidade da construção de oposições classistas, que defendam os interesses vitais dos trabalhadores, que possam superar a política da burocracia instalada nas direções das entidades sindicais.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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