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Um partido pró-imperialista

PSTU se rende às agressões imperialistas

Em artigo, o PSTU ataca a Rússia, a China e Lula, defende as posições da OTAN em relação à Ucrânia e Taiwan

Por ocasião da visita e reunião do chanceler russo, Sergei Lavrov, com o governo brasileiro, o PSTU publicou um artigo em seu sítio na internet que é uma verdadeira loucura pró-imperialista.

Vale lembrar que no dia da reunião, a ex-candidata à presidência pelo PSTU, Vera Lúcia, participou de um ato no Consulado da Rússia em São Paulo para protestar contra os russos e “defender a Ucrânia”. É importante colocar entre aspas porque justamente a posição é de defesa da OTAN.

Em seu artigo, chamado “Lula se rende à agressão russa na Ucrânia”, assinado por Fábio Bosco, o PSTU não apenas reforça sua posição contra a Rússia, mas reforça também a sua posição pró-imperialista atacando também a China.

“O presidente Lula não nega o direito à autodeterminação apenas ao povo ucraniano. Em visita à China, o Brasil deu sinal verde às agressões do regime chinês contra Taiwan ao afirmar que Taiwan é parte do território chinês. O direito do povo de Taiwan à autodeterminação é sacrificado em benefício das boas relações com o regime chinês, muito mais poderoso.”

Deixemos de lado, temporariamente, a questão da Ucrânia. É escandaloso um partido de esquerda considerar Taiwan como um país independente. Qualquer um sabe que a ilha de Formosa é parte do território chinês. A burguesia, incluindo o presidente derrubado pela revolução, Chiang Kai-Shek, fugida da Revolução Chinesa, se refugiou na ilha e ali, protegida pelo imperialismo, formou um país artificial que serve como constante ameaça à China.

A política imperialista dominou tão profundamente o PSTU que nem mesmo esse problema histórico que é quase um consenso para qualquer pessoa de esquerda é contestado pelo PSTU.

Tanto é assim, que a questão de Taiwan está sendo usada nesse momento para atacar a China.

Aqui vale um comentário. Lula, que o PSTU tanto acusa de ser um direitista, tem uma posição de defesa da Revolução Chinesa, uma posição muito mais à esquerda do que o PSTU, que defende a contrarrevolução a serviço do imperialismo.

Uma vergonha!

Dizer que Lula faz isso em nome de “boas relações com a China” não muda nada. Será que para o PSTU Lula deveria ter boas relações com os norte-americanos? Se levarmos em consideração as posições dos PSTU nos últimos anos, a resposta é sim.

Em quase todas as questões possíveis nos últimos tempos, o PSTU se alinhou ao imperialismo norte-americano. O PSTU não combateu nenhum golpe de Estado na América Latina, em alguns casos, como no Brasil, esteve a favor dos golpistas.

Na Ucrânia, o PSTU chamou de revolução o golpe de Estado de 2014 que teve a participação comprovada dos EUA que impulsionou grupos nazistas ucranianos para derrubar o governo. É esse governo golpista, apoiado em grupos fascistas, que o PSTU apoia contra a Rússia.

“A defesa das liberdades democráticas e o direito à autodeterminação dos oprimidos é abandonada em meio a expressões como o ‘não alinhamento’ e à ‘multipolaridade’ nas relações internacionais. Mas a classe trabalhadora não ganha nada com isso.”

PSTU faz um malabarismo retórico para justificar sua posição. É interessante relacionar a anexação do Donbass e da Crimeia com a posição sobre Taiwan. A ilha, notadamente um território chinês, teria que ter sua “autodeterminação, já o Donbass e a Crimeia, que decidiram se anexar à Rússia, esses não teriam direto à autodeterminação. 

A autodeterminação dos oprimidos não pode ser uma defesa fora da luta de classes. Defender a autodeterminação da Ucrânia diante da Rússia, por exemplo, é uma posição reacionária. Embora os ucranianos possam ter autodeterminação, fato é que, nesse momento, só faz sentido essa política se com ela estiver contada a luta para derrubar os golpistas pró-imperialistas que se apoderaram do governo.

No caso das liberdades democráticas é uma discussão que pode ser feita. Até que ponto Rússia e China, apenas para citar dois exemplos, atacam direitos democráticos? É difícil de saber com exatidão, por se tratar de governos burgueses é provável que haja certas restrições. Mas essa medida deve se dar com base nas relações concretas entre as classes. Para uma marxista, a democracia não é uma entidade acima da luta de classes. O PSTU se diz trotskista, mas esquece da lição básica de Trótski que afirma que se deve estar ao lado do Brasil semi-fascista de Getúlio Vargas caso houvesse um conflito com a Inglaterra “democrática”.

Logicamente que o Estado Novo atacava brutalmente as liberdades democráticas e Trótski não negava isso nem mesmo achava que os comunistas não devessem combater o governo fascista.

A questão das liberdades democráticas são apenas uma desculpa para o PSTU ficar ao lado do imperialismo. Na realidade, é um pretexto comprado do próprio imperialismo que é quem mais faz a propaganda de que esses países seriam grandes ditaduras.

Diferentemente do que afirma o PSTU, os trabalhadores têm muito a ganhar com uma vitória dos países oprimidos contra o imperialismo. Se a Rússia derrotar a OTAN, o enfraquecimento do imperialismo será uma vitória de toda a classe trabalhadora mundial.

O PSTU quer o contrário, quer que a OTAN continue financiando o governo golpista ucraniano para mandar o povo para morrer numa guerra que não é dele.

“Na Ucrânia entregam armamento de segunda mão e em pouca quantidade, o que impede a resistência ucraniana de derrotar as tropas de Putin rapidamente.”

O PSTU quer a vitória do imperialismo. Como desculpa, vai dizer que a Rússia também é imperialista, algo que não tem nem, pé nem cabeça. E, no fundo, se a Rússia perder quem ganha é a OTAN e os EUA. Ou seja, a teoria absurda e antimarxista da “Rússia imperialista” só serve para justificar a política pró-imperialista do PSTU.

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