O PSTU publicou editorial em seu jornal Opinião Socialista de outubro chamado “A luta do povo palestino, o imperialismo e a vergonhosa posição de Lula”.
No artigo, o PSTU defende a resistência palestina, mas nem tanto. Quando o assunto Hamas entra na discussão, aí o PSTU se transforma de grande revolucionário em gatinho acuado pela imprensa golpista. Diz o PSTU sobre a ação dos palestinos:
“É uma reação justa, embora tenha sido dirigida pelo Hamas, organização com a qual temos enormes diferenças, porque é uma direção burguesa, ligada ao fundamentalismo islâmico, e que, em última instância, não consegue levar a luta pela libertação da Palestina até o final.”
Nesse trecho do artigo estão algumas discussões importantes sobre o problema da palestina.
Em primeiro lugar, se é uma “reação justa” como afirma o PSTU, então a reação expressa através da atividade do Hamas também é justa. Qual o problema de afirmar isso preto no branco? O problema é que a burguesia imperialista inventou uma barreira fictícia entre o povo palestino e o Hamas, como se esse segundo não representasse o primeiro. E o PSTU acreditou nisso.
O Hamas é a expressão da reação dos palestinos, goste o PSTU ou não. Eles são a direção desse movimento que tem várias outras organizações.
Outro ponto, o Hamas é uma organização burguesa? A afirmação é até esquisita de se fazer. Mas vejamos: logicamente que se o Hamas não é um grupo comunista, talvez genericamente possamos dizer que ele é um grupo burguês. Mas isso é puro dogmatismo.
O Hamas é a expressão de luta das massas palestinas e é isso o fundamental. Independentemente de sua ideologia, objetivamente a luta do Hamas pode fazer eclodir uma revolução na região e essa revolução terá características proletárias pela própria situação de extrema opressão do povo palestino. Falar em uma “burguesia palestina” é uma coisa totalmente fora da realidade na atual situação. A afirmação do PSTU serve apenas para dizer que não apoiam o Hamas.
Outra coisa fora da realidade é a preocupação do PSTU com o “fundamentalismo religioso” do Hamas. Por essa régua, não devemos apoiar nenhum grupo de resistência a não ser nós mesmos. O PSTU deveria apoiar apenas a revolução que eles fizerem, ou seja, nenhuma. Mais uma vez o dogmatismo serve para esconder a posição do PSTU de não apoiar o Hamas.
E aí, a última crítica do PSTU ao Hamas: ele não consegue levar a libertação da Palestina até o final. A primeira pergunta que uma pessoa normal deveria fazer é, quem é o PSTU para falar isso de um grupo que resiste em armas contra um Estado fortemente armado que oprime a população há décadas?
Se o Hamas não consegue levar a libertação até o fim, que dirá o PSTU, que não consegue sequer apoiar de longe as ações do Hamas. Antes de dizer até onde o Hamas pode chegar, o PSTU precisa apoiar o grupo e suas ações, que nesse momento são revolucionárias.