Esquerda imperialista

PSTU e seu ‘Fora Todos’ ucraniano

PSTU, após um ano do início do conflito militar entre Rússia e Ucrânia, reafirma sua posição de apoio ao imperialsimo.

Soldado russo

Pouco antes de completar um ano da operação militar especial na Ucrânia, o PSTU viu por bem publicar uma matéria no seu sítio intitulada “Lições de um ano de guerra na Ucrânia. Só a classe operária pode conduzir à vitória”. Para narrar os fatos, esse partido precisa distorcer a realidade, como mostra o trecho a seguir dizendo que seria o objetivo declarado da Rússia derrubar em algumas “poucas semanas” o governo ucraniano e “libertar o povo” da Ucrânia, “desnazificando” e “desmilitarizando” o país.

Os russos nunca demonstraram interesse em derrubar Zelensky que, a propósito, é um fantoche que só chegou ao poder, em 2019, graças a um golpe de Estado, orquestrado e conduzido cinco anos antes pelos EUA, país que tinha na Ucrânia a sua enviada especial, Victoria Nuland, coordenando todas as ações. O que se tem visto, até agora, é o esforço russo em impedir que a Ucrânia seja um força militar que represente um perigo a sua integridade, uma vez que pretendia ingressar na OTAN.

A própria população, a classe operária da região do Donbass, sentindo o perigo do governo nazista, resolveu se separar e, efetivamente, vinha sofrendo nas mãos de grupos como Batalhão Aidar e Azov, que ficaram durante 9 anos bombardeando e assassinando civis. Com atraso de oito anos, a Rússia veio, finalmente, ao socorro dessa gente que resistiu bravamente e agora está conseguindo se libertar.

Na Ucrânia pós-golpe, ‘desnazificar’ e ‘desmilitarizar’ são praticamente sinônimos. As forças armadas e as polícias foram tomadas pela extrema-direita, que passou a perseguir pessoas de origem de russa dentro do país. Há inúmeros casos de perseguição, tortura e assassinatos brutais praticados pelos nazistas.

Para o PSTU, Putin e os outros governos imperialistas – o PSTU considera Rússia imperialista – achavam factível resolver tudo em poucos dias, porém,a realidade é que a guerra contra os ocupantes se prolongou e já completa um ano. E o fator fundamental que desbaratou os planos é a heroica resistência da classe operária e do povo trabalhador ucraniano”.

O imperialismo quer a guerra

Ora, se a guerra não terminou é devido ao fato de a Ucrânia estar servindo a uma guerra por procuração e vir recebendo, nesse período, bilhões de dólares em armamentos e munições. A maior parte do equipamento de guerra ucraniano foi destruído nos primeiros dias de bombardeio russo. A paz ainda não foi assinada porque o imperialismo não permitiu, boicotou todas as negociações, conforme matéria que publicamos.

A posição do PSTU é manter a guerra, por isso exige o fornecimento de armas pesadas e tecnologia militar à Ucrânia para que possa derrotar a invasão. Imediatamente, como não pode escancarar que está do mesmo lado do imperialismo, afirma sua oposição a toda intervenção da OTAN e aos orçamentos de rearmamento imperialistas.

O PSTU tem a solução, só deixa de lado o mundo real, pois os únicos países capazes de fornecer armas pesadas e tecnologia militar contra a Rússia são justamente os membros da OTAN, e isso só pode se dar por meio de um orçamento de rearmamento.

A metralhadora giratória do ‘Fora Todos’ do PSTU não para, pois é necessário encobrir sua adesão à política da OTAN e por isso afirma seu apoio às ações contra a guerra na Rússia, a denúncia do governo burguês de Zelensky, em particular de suas medidas antioperárias, que debilitam a resistência da classe trabalhadora e sua subordinação a Biden e à UE.

E, para concluir o primeiro parágrafo, o texto do PSTU apresenta seu programa revolucionário padrão, um canivete suíço que utiliza para tudo. Vejamos: o mais importante: a necessidade da auto-organização independente da resistência operária ucraniana e de uma campanha internacional de apoio material e político a esta. E todos os nossos esforços e programa estão orientados para a vitória militar e política da resistência operária ucraniana.

No mundo maravilhoso do PSTU, o povo ucraniano, no meio de um conflito que não gostaria de estar e, detalhe: contra um adversário muito mais forte que já destruiu quase todo seu equipamento de defesa; esse povo vai combater um presidente fantoche, se auto-organizar e lutar uma guerra com o auxílio de uma hipotética ‘campanha internacional de apoio material e político’.

É uma verdadeira loucura, não existe outra maneira de definir o discurso do PSTU. O grupo simplesmente ignora o mundo, apaga a realidade e a substitui por outra. Embora o PSTU finja que não, a OTAN continua existindo e não vai facilitar a vida de nenhuma ‘campanha internacional de apoio material’ porque a indústria bélica do imperialismo também continua existindo. Os interesses do grande capital financeiro continuam dando as cartas e é preciso atuar levando em consideração todos esses parâmetros.

O mundo real

O PSTU, no caso do conflito da Ucrânia, continua a sua saga de ficar ao lado do imperialismo utilizando artifício do “Fora Todos” – palavra de ordem que usou no golpe contra Dilma Rousseff –, e que muda a roupagem para tratar agora do caso do Leste Europeu.

Podemos fazer um breve retrospecto: o PSTU, em 2016, era abertamente contra a política do PT, dizia tratar-se de uma gestão neoliberal. Portanto, desejava a saída da presidenta e o término governo. Porém, como manter essa política quando toda a esquerda se levantava contra o golpe disfarçado de impeachment e ocupava as ruas do País?

A saída de Dilma corresponderia à subida de Michel Temer ao poder. Para disfarçar essa contradição inescapável, o PSTU lançou o “Fora Todos” e se apresentava nas manifestações com cartazes e faixas estampando essa palavra de ordem.

O PSTU pregava que não sairia das ruas até que Dilma, Temer e os demais fossem apeados de Brasília, o que é completamente infactível. Na vida real, entretanto, depois da saída de Dilma, nossos heróis se deram por satisfeitos, deixaram as ruas, se retiraram para melhor planejar como colocar para fora a outra parte do “Todos”. Michel Temer foi empossado, cumprimentado por Biden, à época vice de Obama, e a tragédia que se seguiu é bem conhecida.

Qual é o resumo da ópera? O imperialismo planejou e executou o golpe de 2016 no Brasil e o PSTU apoiou. O golpe militar no Egito, em 2013, foi apoiado pelo PSTU, que também saudou o golpe na Ucrânia, em 201. Esse partido criticou a prisão de manifestantes coloridos em Cuba, no início de 2022; tem criticado o governo nicaraguense.

O PSTU é um verdadeiro prodígio, não erra uma quando o assunto é a apoiar os imperialismo.

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