O PSTU voltou a alinhar-se ao imperialismo, mais uma vez contra a Nicarágua. Em artigo publicado nesse dia 15 de março, chamado “Nicarágua: Lula silencia frente aos crimes de Daniel Ortega contra a humanidade”, o PSTU critica o governo Lula por não ceder à pressão imperialista para a condenação do governo nicaraguense.
“No último dia 2 de março, o grupo de especialistas apontado pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para investigar as violações na Nicarágua denunciou o regime de Daniel Ortega e de sua esposa Rosario Murillo por crimes contra a humanidade.
(…)
“No dia seguinte, 54 países integrantes do Conselho de Direitos Humanos da ONU endossaram as denúncias, mas o Brasil se manteve ao lado da ditadura nicaraguense e se limitou a anunciar que pode receber os dissidentes nicaraguenses que tiveram sua nacionalidade retirada.”
Vejam só como um partido que se apresenta como marxista está tão focado em exigir de Lula que acompanhe a política da ONU, ou seja, a política do imperialismo. Vejamos, ainda, quais são alguns dos 54 países que condenaram o governo da Nicarágua: EUA, Canadá, Alemanha, França.
O imperialismo está unido contra Daniel Ortega e o PSTU está unido ao imperialismo.
Não é só o problema de votação na ONU. Ao chamar o governo da Nicarágua de “ditadura”, o PSTU repete a cartilha imperialista contra governos que não se alinham totalmente a ele. Como é possível um partido de esquerda adotar exatamente a mesma posição dos Estados Unidos? Mas isso não é nenhuma novidade. O PSTU tem sistematicamente adotado a política do imperialismo contra Cuba, Venezuela, Rússia e outros casos.
O mais peculiar dessa história toda é que no Brasil, o PSTU acusa Lula de ser um governo burguês e até pró-imperialista. Mas com qual autoridade pode falar isso?
Para justificar sua política, o PSTU faz uma cronologia dos “crimes dos sandinistas”: “A repressão contra dissidentes faz parte da tradição sandinista”, afirma o artigo. Depois, lista, desde a revolução, mas principalmente nos dias de hoje, os supostos crimes do governo.
“os traços de repressão mais visíveis vieram a partir do retorno de Daniel Ortega ao poder em 2006. Antes de ser eleito, Ortega apoiou a proibição total do aborto no país. Em 2008 fraudou as eleições municipais e reprimiu duramente os protestos em Manágua e León. Em 2013, reformou a lei eleitoral que permite a reeleição ilimitada e estabelece seu controle sobre o Conselho Supremo Eleitoral. Em 2014, esmagou os protestos camponeses contra a expropriação de suas terras para a construção de um canal interoceânico.”
Todas essas acusações são verdadeiras? O imperialismo e o PSTU dizem que sim. E algumas podem de fato ser.
O problema aqui é de outra natureza. O imperialismo busca estabelecer uma política de sanções contra o governo nicaraguense, mas que é, na verdade, contra o povo do país. As coordenadas políticas estão dadas, só o PSTU não é capaz de ver.
O que está em jogo não é a preocupação contra os supostos crimes de Ortega. O que está em jogo é a tentativa do imperialismo controlar o país. O próprio canal interoceânico, citado pelo PSTU, é uma política que acaba com o monopólio do imperialismo, que tem o controle sobre o canal do Panamá.
Lula está certo em não apoiar as investidas contra a Nicarágua. O PSTU, mais uma vez, está lado a lado com o imperialismo.