PSTU entra de cabeça na campanha imperialista contra as “fake news”, é o que mostra o artigo “Internet: Projeto de Lei não ajuda a combater fake news”, publicado em seu sítio nesta quarta-feira (10).
O primeiro parágrafo é uma repetição de tudo quanto se diz na grande imprensa ou pelos setores mais despolitizados da esquerda: “Nas redes sociais e na internet são criadas e popularizadas as fake news (notícias falsas). Há promoção de ódio e violência contra mulheres, negros, imigrantes e LGBTs. Grupos nazistas e fascistas se desenvolvem”. Onde o PSTU esteve esses anos todos, quando a produção de notícias falsas e promoção de ódio comeram soltas na grande imprensa?
“A ultradireita cresceu nessa onda das redes, também fundamentais no impulsionamento de tentativas de golpes de estados reacionários, vide o dia 8 de janeiro”. A ultradireita pode ter se aproveitado das redes sociais, mas esta não é a causa de seu crescimento, que se deve a uma reação ao próprio neoliberalismo, medidas impopulares adotadas pela política da direita tradicional, e à falência de setores da esquerda que se endireitaram e passaram a defender valores da burguesia, deixando um vácuo político que foi logo ocupado.
O fascismo, nunca necessitou de redes sociais. Por outro lado, sempre foi apoiado pela grande imprensa que sempre tratou de mentir, distorcer os fatos e enganar a população.
Em seguida, o PSTU entra na onda histérica de assustar as pessoas com as ‘terríveis ameaças’ das redes sociais: “Há ainda crimes de ‘lobos solitários’, pessoas que partem para ações violentas, como mostra a onda de ataques nas escolas, escancarando um triste submundo da internet, com crimes envolvendo crianças, mutilações, suicídio e todo tipo de barbaridades”. O mundo era uma maravilha, nada disso existia até o advento da internet. Recorrer ao medo para convencer as pessoas é algo extremamente reacionário, pois apela para a irracionalidade dos indivíduos. Não bastasse isso, esse partido repete integralmente os argumentos da Rede Globo, Folha de São Paulo etc.
Há um trecho na matéria que deve ter sido contribuição do próprio Alexandre de Moraes, o ministro de Temer no STF: “Os responsáveis por produzir, postar, divulgar, financiar e impulsionar isso devem ser investigados e punidos”. E quem vai punir? O Estado burguês e suas instituições.
Jogo combinado
Não sabemos se o PSTU andou vendo vídeos de Jones Manoel sobre o assunto, ou se andaram trocando figurinhas, mas o fato é que, a exemplo do youtuber, a matéria foge do assunto e começa a tratar das ‘big techs’ “que são um punhado de monopólios capitalistas controlando todos os serviços relacionados à internet. Ganham bilhões dominando os servidores, data centers, nuvens, serviço de busca, redes sociais, e-mail, mensagens privadas e comércio online. De tal modo que todos os dados da sua vida passam por elas”. O problema é que o PL 2530 não trata desse assunto, não tem nada a ver com o funcionamento dessas empresas.
O truque do PSTU é recorrer à reprovação que seus leitores têm dos monopólios e cria neles a ilusão de que estes serão afetados ou combatidos com o projeto de lei. A reação das big techs controa o PL se dá pelo temor de que a excessiva censura das redes diminua o número de usuários, o que irá apenas diminuir os lucros. Não se trata de um problema ideológico, pois já existe bastante censura nas redes.
Assim como Jones Manoel, o artigo reclama que essas empresas que “ganham dinheiro através da manipulação do algoritmo, controlando, vigiando e manipulando um volume gigantesco de dados de todos. O grande diferencial da publicidade na internet não é apenas seu enorme alcance, mas a possibilidade de utilizar um volume monstruoso de dados para criar o conteúdo publicitário, verificar se a pessoa acessou” etc.
O PSTU, bem como J. Manoel, acham que o PL da Censura ainda é pouco, como vemos: “O PL, apesar de todas as suas intenções, é muito limitado no combate à desinformação e aos diversos crimes que ocorrem nas redes”. Eles querem o que Estado burguês censure ainda mais.
Mais poder para os monopólios
Na matéria, o autor apresenta os fatos e não consegue tirar as conclusões corretas. O PL “coloca mais poder nas mãos” das empresas, que poderão “definir o que se publica ou não”; “ficaríamos todos reféns da possibilidade de exclusão ou banimento de conteúdos que não sejam do agrado das próprias Big Techs”. Porém, conclui que “Reforçar esse poder não garante a remoção de conteúdos criminosos e nem a liberdade de expressão”.
Se o PSTU quer mais censura, como pode exigir garantia de liberdade de expressão? Para piorar, esse partido tem fé de que a burguesia está mesmo interessada em combater crimes, combater a mentira. É muita ingenuidade, ainda mais para um grupo que se diz trotskista. O PL praticamente obriga esses monopólios a retirarem conteúdos do ar sob risco de serem multados e processados. Com medo que isso aconteça, pois serão co-responsáveis pelo teor das postagens, vão se antecipar e eliminar quaisquer conteúdos que considerem potencialmente problemáticos.
E agora?
Do meio para o final da matéria, o PSTU passa por um problema existencial e começa a questionar quem vai regular a internet e, ao contrário de Jones Manoel, não considera a China como um bom exemplo.
O autor da matéria descobre que igrejas e políticos ficarão livres, que a grande imprensa e políticos poderão continuar produzindo notícias falsas.
Depois, salta para a questão da monetização do jornalismo e não responde a nenhum dos questionamentos que levanta.
Ultraesquerdismo
Depois de defender as mesmas posições da direita, que apoia o PL 2630, o PSTU diz que “É preciso se colocar contra o PL”. Diz que “É preciso garantir que os movimentos sociais e populares nunca poderão ter sua liberdade de expressão tolhida”. Então, para que pedem mais censura?
Como sempre, propõe fim dos monopólios, controle popular dos meios de comunicação, código aberto… e uma série de questões que não dizem respeito ao PL, e que não são viáveis neste momento, servem apenas para o PSTU fingir que é um partido marxista e revolucionário, quando, de fato, está a serviço dos interesses do imperialismo.
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