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Nem Bolsonaro, Nem Lula...

O novo “Fora todos” do PSTU

A posição do PSTU demonstra que nenhuma experiência foi acumulada com o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT)

Nessa quinta-feira (27), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) publicou uma matéria em sua página na internet com o título: “Nem o projeto capitalista de Bolsonaro, nem o projeto capitalista de Lula: Os trabalhadores precisam de um projeto seu”. A posição do partido demonstra que nenhuma experiência foi acumulada com o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). Assim, o PSTU anuncia para o próximo período a defesa da mesma política inconsequente que apoiou a chegada de Temer à presidência em 2016, uma espécie de “Fora todos” versão “2.0”, ou melhor, o velho “Fora Dilma” dá lugar agora ao “Fora Lula”. 

O PSTU faz um malabarismo incrível, do plano de privatizações em curso no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscou atribuir uma “bronca” dos setores populares contra os governos de direita para então atacar o PT e Lula. É muito importante a demonstração da “fuleiragem” política do PSTU diante de um ataque dessa magnitude contra o patrimônio do povo, o governador “bolso-tucano” de São Paulo é poupado mesmo pretendendo entregar o metrô, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) – esta última como parte do “Novo Marco do Saneamento Básico” sancionado pelo ex-presidente ilegítimo Jair Bolsonaro que permite a entrega total deste setor estratégico para os capitalistas. 

No texto, nada se explica sobre tendência de luta da classe trabalhadora que se manifesta nos mais distintos setores e em diferentes regiões do país, tampouco sobre a limitação da insatisfação popular com os governos estaduais e federais. Antes de mais nada é preciso esclarecer que, para o PSTU, o PT e Lula seriam os responsáveis pelo bolsonarismo, nem mesmo o golpe de Estado de 2016 teria acontecido.  

Dessa forma, o partido ignora o fato de que as mobilizações dos trabalhadores se intensificaram a partir dos ataques desferidos contra a população pelo governo golpista de Michel Temer (destruição da CLT, Lei de Terceirização, Reforma do Ensino Médio, destruição de programas sociais criados pelo PT, cortes na Educação, privatizações, aumento do desemprego e da fome, entre outros) e também pela Lava-jato que causou um prejuízo econômico extraordinário para o País. O PSTU ignora também que Lula foi eleito como resultado de manifestações gigantescas nas ruas principalmente no segundo turno, a vitória de Lula representou uma derrota parcial do golpe de Estado de 2016.   

Para o PSTU, os governos do PT são “iguaizinhos” à direita de Romeu Zema em MG, Tarcísio de Freitas em SP e Claudio Castro. Da mesma forma os governos de Lula e Dilma seriam equivalentes ao de Michel Temer e Jair Bolsonaro, mas não esclarece os motivos da burguesia ter derrubado a presidenta em 2016 e ter mantido a maior liderança popular presa para garantir a fraude. Não é apresentada uma privatização do tamanho de uma Vale do Rio Doce, ou da Telebrás ou da Eletrobrás, tampouco ataques como as reformas Trabalhista e Previdenciária. Evidentemente que se deve criticar o PT por determinadas concessões à burguesia, finalmente se trata um partido reformista que para avançar no jogo político busca se equilibrar negociando com a direita.

O crescimento da popularidade do presidente Lula é visto pelo PSTU como obra de Bolsonaro, o atual governo estaria surfando na onda do “Auxílio Emergencial” que teria sido transformado no “Novo Bolsa Família”. Ainda que seja uma política insuficiente e ao mesmo tempo necessária é um absurdo não considerar as mudanças nos programas e seus prazos, tal acusação é idêntica à que fazia a imprensa golpista sobre o governo Lula ter surfado na onda dos resultados da política econômica de Fernando Henrique Cardoso inclusive sobre os programas sociais. O PSTU afirma que a melhora econômica seria efeito dessa política social e da desaceleração da inflação (não de investimentos em capacidade instalada, empregos melhor remunerados e direitos), mas também não ataca o problema central da economia que são os banqueiros que garantiram o Teto dos gastos com o golpe de 2016 e o controle do Banco Central no governo Bolsonaro. Nessas condições, não há possibilidade de investir em infraestrutura, saúde e educação, tampouco é possível que a indústria nacional aumente sua produção e consequentemente empregos sejam gerados. 

Segundo o PSTU, o “projeto econômico do governo Lula-Alckmin deve ser combatido”, o “arcabouço fiscal” e o “reforma tributária” seriam provas de sua política neoliberal. Além disso, a entrega de ministérios e do controle de empresas públicas também comprovariam um governo com o “centrão”, ou seja, com a direita golpista. Assim, combater o governo Lula seria combater também o bolsonarismo. 

Aqui é preciso explicar um problema que o PSTU não compreende, apesar de eleito com apoio da mobilização popular nas ruas, o governo Lula está abarrotado de infiltrados tanto da direita como da esquerda golpista. O atual governo Lula não tem apoio da burguesia, não consegue ter uma maioria no parlamento para governar. Do ponto de vista institucional, se trata de um governo fraco e que acaba entregando cargos para direita como forma de se fortalecer. O governo busca utilizar velhas fórmulas numa conjuntura ainda mais adversa, onde sequer o consegue aprovar uma reforma ministerial no parlamento. Essa política, como se viu no Peru, não garantiu a presidência de Pedro Castillo. O governo Lula está totalmente amarrado e muito provavelmente sofrerá uma tentativa de golpe, a única forma de garantir o governo seria convocar o povo para ocupar às ruas. 

O governo Lula foi acusado pelo PSTU de não ter feito nada para combater o bolsonarismo e que sua política mantém vivo o bolsonarismo. Ao ver esse tipo de acusação, é de se imaginar que o PSTU foi o maior combatente do bolsonarismo, mas, quando se consulta seus arquivos, verifica-se que o partido aderiu à luta pelo “Fora Bolsonaro” mais de dois anos depois que ele foi eleito. É preciso esclarecer que Bolsonaro capitalizou as bases da direita que se radicalizaram devido à implacável campanha contra o PT. A política de apoio do PSTU à perseguição do judiciário contra bolsonaristas, inclusive atacou o ministro do STF Cristiano Zanin por não cometer arbitrariedades para o “bem”, pode ter o mesmo efeito que teve para Donald Trump nos Estados Unidos e, ao invés de conter o bolsonarismo, fortalecer ainda mais. 

A impressão que se tem é que o PSTU gostaria de governar no lugar do PT, como se sentem muito radicais tudo aconteceria diferente e provavelmente estaríamos no socialismo. O problema é que nenhum partido revolucionário (não que o PSTU seja) chegaria ao governo nas mesmas condições que o PT, se trata de uma incompreensão muito grande pensar que sua política seria possível diante de um parlamento bolsonarista.

A única certeza que se tem é que, em uma nova onda golpista, o PSTU estará lá como já demonstrou ao ir às ruas contra o “arcabouço fiscal” – que evidentemente não resolve o problema do Teto de gastos, mas que representa um alento para o governo poder ampliar gastos com as necessidades do povo -, bem como, o “Marco Temporal” que o partido atribuiu ao governo Lula. O PSTU deixou bastante claro que, mesmo com crescimento econômico, os trabalhadores precisam derrotar o governo Lula, certamente acreditam que a Revolução ocupará o lugar de Lula e não o do tucano Geraldo Alckmin. O “Fora Todos” terminou como “Fora Dilma” somente, o “Nem Bolsonaro, nem Lula” – política que lembra setores da direita – certamente terminará como “Fora Lula”.

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