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Em nome da "defesa da mulher"

PSOL quer mais repressão contra torcidas em “arenas acolhedoras”

Projeto de Sâmia Bomfim mostra que a esquerda Barbie tem verdadeiro nojo do povão

Henrique Áreas, para o Zona do Agrião

Segundo notícia veiculada no portal Revista Movimento, órgão da corrente interna do PSOL, MES (Movimento Esquerda Socialista), a deputado do partido, Sâmia Bomfim, apresentou Projeto de Lei, aprovado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara, sobre o “combate ao assédio nos estádios”.

O projeto “estabelece medidas para o combate ao assédio e importunação sexual nas arenas de futebol, além de diretrizes para o atendimento imediato às vítimas e protocolos de denúncia”, ainda segundo informações da matéria. Mas qual seria o problema disso?

O PSOL, por meio de Sâmia Bomfim, mais uma vez demostra acreditar que todos os problemas do mundo se resolvem aumentando a repressão do povo, estabelecendo medidas de controle da população. O PSOL acredita que o Estado burguês, uma máquina contra a população pobres, vai resolver o problema da mulher e dos oprimidos, em geral, o que por si só é uma ideia maluca.

Mas é muito mais absurdo achar que por meio da repressão, do controle de tipo policialesco, esses problemas serão resolvidos. O que vai acontecer nas “arenas” é que os torcedores, ou seja, o povo, serão mais reprimidos do que já são. Explicando melhor, a polícia e as forças de repressão terão apenas mais uma arma para usar como pretexto para reprimir os torcedores.

Sâmia afirma que: “Necessitamos de mecanismos efetivos para que haja instrumentos de denúncia, envolvendo também as entidades esportivas que estão promovendo a partida. Assim como há outras responsabilidades sobre as temáticas da violência, também é preciso que os clubes de futebol incorporem a luta contra a violência sexual e a segurança das mulheres de forma ampla”.

O projeto e a declaração revelam que o PSOL é uma esquerda completamente deslocada da realidade do povo, em particular, nesse caso, dos estádios.

A “boa intenção” de Sâmia em defender as mulheres – já explicamos acima que a ideia como está formulada é, em si, absurda – vai na contramão dos interesses dos torcedores. No fundo, o que Sâmia está fazendo ao querer mais controle, vigilância e punição nos estádios é colaborando com a política que a burguesia está levando adiante de repressão contra as torcidas organizadas.

Há uma campanha gigantesca contra as torcidas. Além da repressão constante nos estádios, a burguesia vem estabelecendo um ataque ao próprio direito de organização dos torcedores. A “Lei geral do esporte”, por exemplo, de maneira ilegal procura transformar as torcidas organizadas quase num crime organizado ao estabelecer que toda a organização deve pagar por qualquer ação de um filiado isoladamente. Uma aberração jurídica.

E talvez Sâmia não saiba, mas o “gancho” para esse ataque contra o direito de organização das torcidas foi o pseudo “combate à homofobia nos estádios”. De boas intenções, o inferno está cheio. E agora, Sâmia e o PSOL, mostrando que não sabem nada sobre futebol, torcidas e estádios, querem mais um pretexto para atacar os torcedores.

Não é à toa que segundo a matéria no sítio da Revista Movimento é anunciado como muito orgulho que a “relatora Laura Carneiro (PSD-RJ) parabenizou Sâmia pela iniciativa e defendeu a aprovação do projeto sem alterações.” Ou seja, a direita está amando o projeto de Sâmia, “sem alterações”, justamente porque a política é reprimir as torcidas.

A deputada do PSD ainda “avaliou que a possibilidade do atendimento às vítimas durante os jogos vai democratizar o acesso às arenas e dar segurança para a participação das famílias nos eventos esportivos.” Aqui fica bem nítido o interesse do projeto: “dar mais segurança” e quando a direita fala em segurança devemos traduzir para repressão. Quando a direita fala em família devemos traduzir para putaria contra o povo.

Sâmia gosta de fazer muita demagogia com as mulheres, mas não sabe nada de futebol. Então devemos explicar, ainda, que essa perseguição às torcidas, entre outros motivos, está relacionada à política das Sociedades Anônima do Futebol (SAF) que é uma espécie de privatização dos clubes. Acabar ou ao menos domesticar os torcedores faz parte dos planos dos capitalistas que querem usar e abusar, ou melhor, parasitar os clubes.

São realmente belas as intenções do PSOL de se preocupar com as mulheres, o problema é que para a luta das mulheres o projeto de Sâmia não vai servir para absolutamente nada, mas para ajudar na perseguição contra as torcidas, ah, isso vai.

Melhor dizendo, o projeto de Sâmia vai servir para ela ganhar alguns votinhos na próxima eleição de pessoas de classe média que não tem a menor ideia do que é um estádio de futebol.

Sâmia e o PSOL mostram que sua base política é aquela dos apartamentos de classe média na seguinte declaração: “o objetivo do PL é transformar os estádios em espaços mais acolhedores.” Agora entendemos porque na maior parte do artigo o estádio é chamado de “arena”. É justamente porque a política das arenas, tão combatida pelos torcedores porque torna o acesso ao futebol algo cada vez mais elitizado, é defendida pela burguesia para tornar um jogo de futebol um ambiente “acolhedor”.

As arenas “acolhedoras” são aquelas cujo ingresso custam muito mais caros, que os torcedores mal podem pular, que não se podem levar bandeirões com mastro, que não se pode xingar. As “arenas acolhedoras” é a política que a burguesia quer para o futebol.

A realidade é que Sâmia e o PSOL não gostam do povão. Não gostam de gente falando palavrão, gritando, pulando e até brigando. Eles são a esquerda Barbie, que vive no mundinho Barbie, num apartamento de classe média qualquer. Mas como são esquerdistas, para disfarçar essa política vergonhosa, tentam se passar por defensores das mulheres, dos gays, dos fracos e oprimidos.

Já o oprimido de verdade, de carne e osso, que leva bordoada da polícia simplesmente porque está querendo assistir ao jogo do seu time, esse não merece nada além de mais bordoada.

Artigo publicado, originalmente, em 16 de agosto de 2023.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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