Nessa quinta-feira (09), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) publicou em seu sítio uma Nota de Repúdio à Ditadura Na Nicarágua. Fazendo coro com a imprensa golpista, o texto, assinado por Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, mostra o alinhamento da legenda à política imperialista, atacando o governo nacionalista nicaraguense. Vejamos:
“O Partido Socialista Brasileiro – PSB, que sempre advogou a causa do socialismo democrático, não pode ficar indiferente às flagrantes violações dos direitos humanos, detenções arbitrárias, julgamentos e execuções sumárias, assassinatos e tortura contra dissidentes políticos, dentre outras práticas típicas de regimes ditatoriais, que ocorrem na Nicarágua”, afirma o partido considerado de “centro-esquerda” ou mesmo “progressista” pela imprensa burguesa, mas que não passa de mais um partido burguês.
Fato é que, durante a última semana, a imprensa burguesa voltou suas baterias contra a Nicarágua, publicando dezenas de editoriais, colunas e reportagens atacando veementemente o governo Ortega por meio de acusações absolutamente farsescas e demagógicas. Algo esperado já que o regime nicaraguense, na defesa de sua soberania nacional, vem travando uma luta intensa contra o imperialismo que, ao que tudo indica, prepara uma intervenção armada no país latino-americano.
Porém, é curioso notar o nível do cinismo do PSB ao atacar a Nicarágua. A descrição que a nota faz sobre o país, de que lá aconteceriam “detenções arbitrárias, execuções sumárias e tortura contra dissidentes políticos” mais parece uma descrição de São Paulo durante o governo Alckmin – que, agora, está no PSB – do que outra coisa.
O governo do “picolé de chuchu” no estado foi extremamente repressivo e autoritário. O ex-governador foi denunciado nacional e internacionalmente pela ação violenta da Polícia Militar na reintegração de posse na ocupação do Pinheirinho em 2012. Entre 6 mil a 9 mil pessoas, que ocupavam uma área abandonada desde 2004, foram atingidos por bombas de gás e tiros de balas de borracha. Em seguida, tratores demoliram as casas com os pertences pessoais dos moradores e, como consequência, milhares de famílias foram atiradas às ruas.
Cabe mencionar a ação da PM nos atos de 2013, quando Alckmin ordenou que as forças militares atacassem de maneira truculenta os manifestantes de esquerda. Além, é claro, do apoio político e material que Alckmin forneceu aos “coxinhatos” em 2015 e 2016, durante o golpe de Estado contra Dilma Rousseff.
Uma série de “flagrantes violações dos direitos humanos” incomparável com o que ocorre na Nicarágua, uma vez que, no caso de São Paulo, a atuação do tucano favoreceu os especuladores, os banqueiros e, de maneira geral, a burguesia. Enquanto as ações de Ortega favorecem o povo em sua luta contra a ditadura que o imperialismo quer impôr na Nicarágua.
Outro membro do PSB que escancara a demagogia da legenda é Flávio Dino. O que Ortega em 2018 foi similar com o que Dino fez após o dia 08 de janeiro deste ano. Com a grande diferença, é claro, que, na Nicarágua, houve uma tentativa verdadeira de golpe contra o governo, com protestos violentos que contaram, inclusive, com forças fascistas armadas. Tais atos duraram meses, os manifestantes direitistas mataram pessoas e causaram um caos no país. Ademais, posteriormente, provou-se que todo esse movimento havia sido financiado pelos Estados Unidos.
Enquanto isso, no Brasil, não houve uma tentativa de golpe: o que ocorreu foi uma ocupação das sedes dos três poderes por pessoas que, apesar de membros da extrema-direita, estavam desarmados, sem chance de derrubar o governo. Mesmo assim, a repressão do democrático Dino, que hoje condena, por meio de seu partido, o governo nicaraguense, foi brutal. O ministro prendeu mais pessoas do que na Nicarágua, todos pés-rapados, inofensivos, enquanto Ortega prendeu os agentes do golpe. Sem contar nas condições desumanas as quais foram submetidos os presos bolsonaristas – violação dos direitos humanos? Nunca, não estamos na Nicarágua!
Ou seja, o que o PSB critica na Nicarágua, críticas exageradas para incriminar Ortega, serve perfeitamente para si próprio. Trata-se de um partido que, principalmente nos últimos anos, incorporou uma ala importante do golpe no Brasil, como Alckmin, disfarçando a sua política reacionária sob o nome “socialista” da legenda.
Finalmente, a posição do PSB é uma posição golpista, pró-imperialista e, obviamente, de direita. Algo que não pode ser aceito sob nenhuma justificativa dentro de um governo de esquerda, já que o PSB ocupa cargos importantes do executivo, como a vice-presidência e ministérios importantes. É, nesse sentido, um ataque à esquerda e ao movimento popular, um ataque às próprias posições de Lula e do PT, provando, mais uma vez, que o PSB não é de confiança e que, caso surja a oportunidade, não hesitará em trair o governo e apoiar um golpe contra Lula.
O PSB deve sair do governo, é um Cavalo de Troia.