Dando sequência ao intenso trabalho de formação política que leva adiante, o PCO trouxe na última quinta-feira um programa dedicado a discutir a política daqueles que se intitulam hoje em dia como trotskistas. Henrique Áreas e João Caproni Pimenta acompanharam Rui Costa Pimenta na 1ª parte das exposições que vão procurar analisar concretamente as questões do trotskismo. Em novo horário, o programa agora vai acontecer todas as quintas-feiras ao meio dia no canal do PCO – Partido da Causa Operária no YouTube (https://www.youtube.com/@pco29). Um programa focado no aprofundamento do estudo do marxismo a partir de temas importantes e atuais.
Um fato que chama muito a atenção de quem acompanha a política do partido é como ela diverge radicalmente de outros grupos que se reivindicam trotskistas, como PSTU, MRT e outros. Por conta disso e da estranha exaltação da política da União Soviética pós-Lênin, se mostra relevante esclarecer o que vem a ser o trotskismo e porque existe tanta confusão política em grupos que se identificam como trotskistas.
Como pontapé inicial dessa primeira parte da análise, Rui procurou situar historicamente a origem dessa corrente política, que remonta a quase 100 anos atrás. Destacando que o próprio Trótski nunca reivindicou o nome de trotskista, pois procurou desde a ascensão da burocracia soviética defender a política marxista que teve em Lênin o representante mais destacado nas primeiras décadas do século XX. Seu grupo político ainda na União Soviética se chamava “Oposição de Esquerda” e posteriormente “bolcheviques-leninistas”. O termo “trotskistas” era usado pelos stalinistas para tentar desqualificar as críticas do grupo, como se estivessem propondo políticas contrárias ao que seria o “leninismo”. Enquanto isso, na prática, os stalinistas adotaram uma confusa política centrista, que oscilava ao sabor dos acontecimentos e acarretou em prejuízos incalculáveis ao movimento operário.
Em seguida, foi apontado o papel fundamental do stalinismo na ascensão do nazismo na Alemanha. Contrariando os alertas de Trótski, a burocracia soviética deixou que os nazistas fossem destruindo minuciosamente toda a gigantesca estrutura operária alemã. Como ele estabeleceu corretamente, “a ditadura comum suprimia a democracia burguesa, o fascismo suprime a democracia operária”. Essa capitulação criminosa do conjunto da Terceira Internacional foi o estopim para a criação da Quarta Internacional por Trótski.
Essa primeira parte da análise sobre os “trotskistas” focou em situar o surgimento do que seria o trotskismo, ou trotskismos depois que a Quarta Internacional foi afundada em sangue pela burocracia soviética associada ao imperialismo. As divergências que levaram o líder mais popular e sucessor natural de Lênin na União Soviética ao exílio, foram explicadas para permitir uma compreensão sobre as bases da política de Trótski para o período atual, políticas estas reivindicadas e levadas adiante pelo Partido da Causa Operária.
Por exemplo, enquanto Trótski defendia um projeto de industrialização para tirar a União Soviética do atraso, a burocracia stalinista oferecia uma resistência canalha a esse esforço. Uma pérola de Stálin citada por Rui dá conta da polêmica em torno da Usina Hidrelétrica no rio Dnieper. Sobre a proposta defendida por Trótski, Stálin respondeu que “construir uma usina hidrelétrica num país pobre como a Rússia era a mesma coisa que um camponês, ao invés de comprar uma vaca, comprar um (…) fonógrafo”. Ou seja, seria algo supérfluo, desnecessário, um luxo desconectado das necessidades reais do país. Ironicamente, os stalinistas até hoje apontam Stálin como uma espécie de herói da industrialização soviética.
Acompanhe a parte 1 do programa Marxismo com o tema Os “Trotskistas” e fique preparado para a continuação na semana que vem, quinta-feira ao meio dia: