No último sábado (25), o Partido da Causa Operária (PCO) realizou uma palestra-debate em Brasília, na Universidade de Brasília (UnB) com tema Hamas: o que é, como surgiu e por que apoiá-lo.
Dezenas de pessoas participaram da atividade. Dentre eles, membro da comunidade árabe, como Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina, e Sheil Seef Almadne, da mesquita de Taguatinga.
Ahmed Shehada, em sua intervenção, falou sobre a campanha que existe contra o Hamas: “Quem não aceita ser escravo e reage e atrapalha o opressor é chamado de terrorista, o direito de se defender é dos que resistem à ocupação opressora, Israel como força de ocupação não tem direito de defesa. Até a ONU reconhece esse direito. Na Ucrânia armam o exército contra a suposta ocupação russa, mas na Palestina acusam o Hamas de terrorista. A gente precisa de uma unidade anti-imperialista ou vão eliminar todos os que lutam. Precisamos achar o que há em comum entre nós”.
Ahmed falou sobre a vitória do Hamas na conquista da trégua e fez um paralelo com a luta dos trabalhadores no mundo: “A vitória da trégua conseguida pelo Hamas e a resistência palestina é de todos os povos oprimidos e das organizações que lutam, como o PCO e o PT. A resistência palestina é a resistência de todos os povos oprimidos do mundo. Sua vitória é também uma vitória de todos esses povos contra o imperialismo e o neoliberalismo”.
Shehada também falou sobre a cobertura da imprensa burguesa, uma imprensa comprometida com a mentira e com o acobertamento dos crimes cometidos pelo Estado de extermínio do povo palestino que é o Estado de Israel. Ahmed continua: “A luta armada só é condenada quando é da resistência, porque os opressores estão armados com armas poderosas. Os civis levados pelo Hamas foram bem tratados e os reféns palestinos presos por israel perdem a infância e a juventude, são torturados”.
Ainda sobre o Hamas, Ahmed afirmou que “A luta do Hamas é heroica e apoiada em todo o mundo porque representa os povos oprimidos do mundo. E a luta continuará até a vitória”.
A história do Hamas resumida por Ahmed começa em 1982, Ahmed relata: “O Hamas já atuava e fazia trabalho social resgatando o espírito revolucionário e o nacionalismo árabe. Em 1984, acontecem as primeiras prisões e perseguições sob acusação de grupo que queria destruir Israel. Não tinha nome de Hamas, mas já atuava como grupo armado. Jovens que estudaram no Egito e tiveram contato com o marxismo e ideias revolucionárias e consequentemente com a irmandade muçulmana. Com a Primeira Intifada, tudo se desenvolve rapidamente e em 8 de dezembro 1987, o Hamas se funda como Resistência Islâmica. Em 2000, na Segunda Intifada, cai a crença na solução pacífica. A teoria de solução de dois Estados se provou inviável. Não cumprida pelo próprio Estado de Israel”.
“O que queremos é um território livre, podermos conviver com judeus e cristãos. Toda primeira geração do Hamas foi assassinada, mas não acabou, avançou, na fabricação de suas armas e se desenvolve porque tem o apoio do povo para fazer sua defesa. Israel pode matar muitos palestinos e destruir muita coisa, mas nunca vai conseguir acabar com o espírito revolucionário e o ideal de libertação do povo palestino. O treinamento militar, moral e a disciplina dos militantes do Hamas faz deles heróis em defesa dessa libertação. Em 2006, tinham maioria e ganharam a eleição. Tem legitimidade em todos os aspectos. Exigiam que o Hamas entregasse as armas, mas, se entregar as armas, não existiria mais Gaza, Palestina”, afirmou.