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Loucademia da esquerda

Por uma solução climática para o bolsonarismo?

A esquerda pequeno burguesa cai como patinho na campanha da direita, acham que estão enfraquecendo o bolsonarismo mas na verdade se colocam totalmente a reboque do imperialismo

A esquerda pequeno-burguesa tem uma enorme dificuldade e compreender o bolsonarismo, principalmente diante da campanha realizada pela imprensa burguesa. A tese é que todo o “mal” que existe é nascido do bolsonarismo, não da burguesia ou do imperialismo. O blog A Terra é Redonda publicou um artigo nessa linha em que culpa o bolsonarismo pela violência no Brasil. Seu título é: “A roda gigante da violência”. Neste, o professor Luiz Marques da UFRGS dá uma demonstração perfeita do que é a esquerda pequeno-burguesa. Um enorme número de argumentos acadêmicos para terminar com a defesa da “direita civilizada” – aquela que deu o golpe contra Dilma em 2016 – contra o bolsonarismo.

Ele começa tentando demonstra a relação entre o fascismo histórico e o bolsonarismo: “No nazifascismo, a violência vincula uma política de identidade ao sentimento de pertencimento a um grupo, sejam os Sturmabteilung nazis, os camicie nere da Itália fascista, os camisas azules da Falange Espanhola, os camisas verdes do Integralismo brasileiro ou os camisas amarelas do cruento bolsonarismo. Hostilidades aos artistas, jornalistas e professores tornaram-se corriqueiras a partir do impeachment (2016) que instalou o neoliberalismo duro no país.” Aqui o argumento já cai por terra. As manifestações de 2015 e 2016 não eram bolsonaristas, eram tucanas. O PSDB é quem de fato estava a frente dos atos mais violentos. Isso inclusive no ano de 2018 quando Bolsonaro era candidato, mas era apoiado pelo PSDB contra o PT.

O texto no entanto segue por muito tempo nessa tese de que o bolsonarismo é análogo ao fascismo. “Para Umberto Eco, a rejeição ao modernismo, a mistificação da tradição e o culto da ação são traços incontornáveis do fascismo, tanto o velho quanto o novo. O antimodernismo resulta da decepção com o império da tecnologia que não garante empregos e rebaixa salários; o amor à tradição é uma reação ao feminismo, ao black lives matter e à homoafetividade; e, o ativismo, é uma resposta ao fracasso das teorias iluministas para revolucionar o mundo.” O modernismo aqui é a cultura identitária, o problema portanto não é que Bolsonaro se posiciona contra o identitarismo, mas sim que a esquerda está a seu reboque. Um dos motivos da força do bolsonarismo é justamente que ele aparenta mais “antisistema” que a maioria da esquerda.

O artigo então se aventura na negação da luta de classes: “A guerra não é a continuação da política por outros meios, conforme pensava Carl von Clausewitz. Ao abdicar do discurso como instrumento para formação de consensos, a autoridade do argumento cede lugar ao argumento da autoridade imposto por um ato de força do Estado. Ora, trata-se aí da troca de um paradigma civilizacional, não de um método apenas.” Luis Marques ignora a realidade. Se a guerra não é política o que é então? A política seria apenas o “civilizado” em oposição ao bolsonarismo. Esse é o argumento que leva a defesa da direita. O PSDB, a Rede Globo, o STF são os civilizados. Bolsonaro é a barbárie. Contudo sem os civilizados o bolsonarismo nem mesmo existiria. Os “atos de força do Estado” só são lembrados no governo Bolsonaro, esquece tudo que fez FHC, Temer, a Lava Jato etc.

Por fim ele coloca que metade da população está contaminada por esse mal absoluto: “como enfrentar a violência quando quase metade da população, de acordo com as pesquisas, se espelha na ultradireita cujo prócer perverso venceu uma eleição presidencial acenando o gesto da arminha para lidar com a oposição antifascista?” Aqui fica ainda mais claro o descolamento de realidade da esquerda pequeno burguesa. A maioria desses teóricos nunca nem conversou com um trabalhador que votou em Bolsonaro. Eles realmente acreditam que quase 60 milhões de brasileiros é fascista. É uma tese completamente absurda, como Lula estaria no governo com dezenas de milhões de fascistas nas ruas? O grande problema dessa tese é que ela não considera o que é mais relevante, é preciso travar uma luta política para reconquistar esses trabalhadores para a esquerda.

Após toda essa defesa da direita o autor então apresenta as soluções para o “combate a violência”. As soluções são: “uma governabilidade sadia que promova políticas (re)distributivas. Segundo, defender a educação pública gratuita e de qualidade em todos os níveis, e o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS)”. Apesar de posto de forma ingenua de fato essas políticas teriam um impacto na violência real, que surge da miséria e da desigualdade. Ele continua: “defender o ambiente natural e para superar a crise climática medidas que interpelem a sensibilidade ecológica da juventude. Quarto, defender a igualdade de gênero, de raça e dos grupos LGBTQIA+ para conferir concretude ao conceito de democracia ‘como um processo cumulativo de valores civilizatórios’” Aqui novamente o autor cai nos braços da direita.

A solução para a “violência”, no caso do texto leia-se bolsonarismo, é o aumento da política ambiental e identitária. O erro aqui é gigantesco. O bolsonarismo consegue crescer em meio a população pobre justamente por se opor, de forma confusa, a essas políticas do imperialismo. Não exista campanha ambiental que enfraquecerá Bolsonaro. Pelo contrário essa campanha fortalece Marina, Boulos e os demais infiltrados da esquerda em detrimento de Lula. Nesse sentido, ao enfraquecer Lula, Bolsonaro sai fortalecido. E além disso o texto defende ainda o aumento da repressão: “Punições severas às ações diretas, sem mediações institucionais, da extrema-direita são necessárias”. Outra defesa da direita tradicional, que controla o aparato repressivo. 

A esquerda pequeno-burguesa caiu como patinho do golpe do imperialismo. Atacam Bolsonaro mas defendem algo muito pior que ele a “democracia”, isto é, a direita tradicional, ligada aos piores inimigos dos trabalhadores. Ligada aos monopólios que impõe uma ditadura em todo o planeta. Esse é o golpe: colocar toda a esquerda a reboque do imperialismo.

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