Em artigo da seção Folhajus, da Folha de S.Paulo, as articulistas Julia Chaib e Catia Seabra afirmam que “ala do governo Lula defende freio a Moraes e vê com cautela delação de Cid”. Essa é apenas uma entre várias outras matérias publicadas recentemente na imprensa burguesa com conteúdo semelhante.
De maneira geral, esses artigos, que são sempre apresentados como boatos não confirmados, dizem que: 1) o PT estaria preocupado com as penas pesadas aplicadas contra os manifestantes bolsonaristas de 8 de janeiro; 2) que a “mão pesada” de Alexandre de Moraes poderia se voltar contra a esquerda; 3) que Lula e o PT estariam procurando evitar que o próximo ministro do STF seja próximo a Moraes.
Ninguém do governo confirmou a procedência de tais teses. No entanto, nenhum deles contestou. Além disso, o esforço crescente da imprensa em promover Flávio Dino indica que a burguesia estaria, de fato, tentando pressionar o governo contra a ideia de indicar um ministro que seja contrário à postura de Alexandre de Moraes no STF.
Não é possível determinar, neste momento, qual é o grau de coesão do PT em torno da questão. No entanto, se é fato que os métodos de Alexandre de Moraes estão sendo comparados com os da Lava Jato, então a análise do governo Lula sobre o STF deve ser vista com bons olhos. De fato, o “Xandão do STF” rasgou a Constituição de todas as maneiras possíveis, valendo-se dos mesmos métodos de Sergio Moro e inventando todos os outros.
A consideração de que Moraes não é um aliado do PT também é correta. Ele é produto do governo golpista de Michel Temer, é um homem do PSDB. Uma figura que não só irá se voltar contra a esquerda, como efetivamente já atua contra a esquerda, como visto no caso do bloqueio dos perfis do Partido da Causa Operária.
O conflito entre indicar um ministro ligado a Alexandre de Moraes e indicar um ministro que contraste com a política da Lava Jato põe às claras a farsa da campanha da “mulher negra” no STF. O que a burguesia procura é impedir que Lula intervenha nos planos da direita para o STF. Isto é, que a burguesia utilize o Judiciário para um novo golpe contra a esquerda.