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Palestina

Por que os ‘fundamentalistas’ do Hamas toleram o Natal em Gaza

O genocídio cancelou as festas de Natal na Faixa de Gaza, sempre comemorado, apesar de todo processo de limpeza étnica, mas desta vez, o grau foi muito elevado

Entre as mais diversas acusações feitas ao Hamas, uma das mais recorrentes é a de “fundamentalista”. O imperialismo visa imputar ao Movimento de Resistência Islâmica a alcunha de governo ditatorial baseado nos dogmas do islã e aplicador da Suna à forma de governar.

Nada mais falso, pois, apesar de o Hamas possuir um estatuto criado a partir dos fundamentos do islamismo, o governo jamais teve uma conduta de cercear as liberdades de cristãos e outras formas de pensamento religioso.

Em 19 de outubro, “Israel” arrasou um distrito do Norte de Gaza. Antes do ataque, as FDI avisaram para as famílias abrigadas fugirem do abrigo, uma igreja cristã ortodoxa, a igreja de São Porfírio, a terceira mais antiga do mundo, que data do ano de 425.

O bombardeio danificou a fachada da igreja e derrubou um edifício adjacente. Muitos feridos foram evacuados para um hospital. A igreja estava localizada na Cidade Velha de Gaza, onde, segundo a tradição, estão as relíquias de São Porfírio, bispo de Gaza do século V.

Embora os cristãos não componham uma grande população em Gaza, são respeitados e tiveram até candidatos lançados em eleições. O culto e a fé cristã podem ser feitos livremente. E lembrando: quem derrubou igrejas cristãs foram os sionistas de “Israel”.

Em todos os anos, o Natal é comemorado na Faixa de Gaza, sendo um momento de confraternização e respeito. Porém, neste ano, várias comemorações foram canceladas em Nazaré, Hamalá e Belém, além da própria Faixa de Gaza, sem condições materiais e até mesmo espirituais para a comemoração. 

Uma reportagem intitulada “Christmas in Gaza: No Trees, No Celebrations” feita pela WAFA, a agência palestina de notícias, em 2015, descreveu bem a situação de um território que respeita os cristãos e o Natal, contrariando a versão do imperialismo, de que o “fundamentalismo impera”. 

A reportagem demonstra que, pela primeira vez, Hazem Al-Jilda, um cristão de Gaza, e sua família não puderam acender a árvore de Natal em sua casa por causa do apagão de eletricidade causado pela falta de combustível, devido ao cerco israelense a Gaza. “Só temos eletricidade por seis horas por dia porque Israel não está deixando nenhum suprimento de combustível entrar na única usina de energia elétrica de Gaza”, disse Al-Jilda (34). “Perdemos a felicidade de iluminar a árvore de Natal este ano.”

“Nunca vi um Natal tão triste”, disse. “Este ano, quase não há celebrações tradicionais de Natal em Gaza por causa do cerco e da recusa de Israel em dar aos cristãos de Gaza permissões para visitar Belém.”

A maioria dos cristãos de Gaza pertencem à Igreja Ortodoxa Grega, enquanto os demais seguem o calendário de Natal da Igreja Latina, que cai em 25 de dezembro. O pastor da Igreja Latina de Gaza, padre Manuel Musalam, cancelou as celebrações de Natal de 2015, bem como a missa de Natal à meia-noite.

Musalam disse que tomou esta decisão para protestar contra o rígido bloqueio israelense imposto à Faixa de Gaza e as ameaças israelenses de invadir o enclave costeiro. “O cancelamento da missa da meia-noite de Natal em Gaza veio também para protestar contra a decisão israelense de não dar permissão aos cristãos de Gaza para irem a Belém“, disse Musalam. Pedi a todos os cristãos que se reunissem na Escola Sagrada Família para assistir a uma missa silenciosa, em vez de orar na igreja”. (grifos nossos)

Quem ataca os cristãos é “Israel”, e ninguém mais. A família Al-Jilda teve negada permissão para chegar a Belém. “Sinto falta de visitar e orar no local de nascimento de Jesus”, disse ele, melancolicamente. “Espero que no ano que vem eu possa rezar na Igreja da Natividade e ver meus parentes lá”, disse.

De acordo com Musalam, cerca de 900 cristãos solicitaram ao lado israelense para obter permissões para chegar à cidade santa de Belém, na Cisjordânia, para assistir à missa da meia-noite de Natal. “Israel só distribuiu 280 permissões para assistir às orações da missa de Natal em Belém. O resto foi negado”, disse. “Eu teria ficado muito feliz se um número limitado de clérigos e adoradores participasse dessa reunião, enquanto o resto poderia chegar ao local de nascimento de Jesus em Belém”, disse Musalam. 

Al-Jilda, que fez a árvore de Natal sozinho, já que os mercados não tinham nenhum, disse que eles costumavam decorar uma árvore de Natal gigante todos os anos, no centro da Cidade de Gaza, e o Papai Noel distribuía presentes para as pessoas nas ruas. Hoje, o município não tem condições de comprar uma árvore. 

Vejamos os vários depoimentos que coletamos da WAFA, sobre o Natal de 2015: 

“Todos os anos, decoramos nossas escolas e igrejas com cores natalinas; mas não este ano”. 

“O papel e os materiais de desenho são escassos e, se por acaso encontrarmos alguns no mercado, não podemos comprá-los”. 

“Papai Noel está de mãos vazias este ano”. 

“Em vez de chocolates, o Papai Noel deu plantas de morango que são abundantes porque muitas plantas destinadas a serem exportadas para a Europa foram bloqueadas pelos israelenses”.

Trata-se, portanto, de uma questão econômica, produto da ação criminosa do Estado Israel, e não de liberdade religiosa. “Israel” bloqueia qualquer religião que não seja a judaica, e também bloqueia qualquer raça, que não seja a branca, a cor oficial do sionismo.

À época dessa reportagem, o padre Musalam exortou o mundo a se mover e pressionar Israel a levantar seu cerco injusto a Gaza, pedindo aos cristãos de todo o mundo que defendam o pobre povo palestino que sofria na Terra Santa.

Esses testemunhos demonstram como as acusações de que o Hamas é reacionário, são uma fraude, uma postura reacionária que visa criminalizar o movimento revolucionário que busca, com seu povo, acabar com a opressão israelense, uma opressão de características nazi-fascistas, que visam manter o estado de coisas e a agressão sionista.

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