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Identitarismo e pacifismo

Por que o PT acredita tanto na propaganda imperialista?

Em coluna escrita por Janja Lula da Silva, ela procura mistificar o problema das guerras e da luta política, ao associá-la com os "homens" em detrimento das "mulheres"

Em coluna escrita para o jornal francês Le monde e reproduzida no sítio Brasil 247, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, demonstra o quão acriticamente o PT e boa parte de seus dirigentes e representantes acaba comprando certas ideologias identitárias importadas do imperialismo, sem perceber que isso acaba fortalecendo uma política que irá, no fim das contas, contribuir para a sua derrubada.

A matéria, intitulada “São os homens que decidem ir à guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências”, procura demonstrar uma suposta importância das mulheres nas mediações e na busca pela paz nos conflitos entre os países.

Janja afirma que chegou a essa conclusão após visita ao Museu Memorial da Paz, em Hiroshima, onde acompanhava o Presidente Lula. Segundo ela, “A visão das ruínas deixadas pela explosão nuclear, rodeadas pelos edifícios da cidade reconstruída, impõe-se a nós e obriga-nos a pensar nas graves consequências das guerras, e nas possíveis formas de as superar”. E logo abaixo, ela expõe as supostas reflexões vindas da visão dessas ruínas: “são os homens que decidem ir à guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências. Também são as mulheres que são responsáveis por defender a dignidade de suas famílias e comunidades em situações de conflito. Nessas condições, é impossível imaginar a superação das guerras e a construção da paz sem a participação efetiva das mulheres”.

Primeiramente, há aí uma confusão absoluta com relação à questão da guerra. Ao colocar que as guerras são iniciadas por “decisões” dos homens, ela faz parecer que parece se tratar de um problema de tipo pessoal ou temperamental, não uma consequência dos problemas políticos e econômicos que se apresentam naquele momento, levando as classes sociais ou países a entrarem em conflito armado. 

No caso da própria Segunda Guerra Mundial, a questão colocada era o conflito entre os países imperialistas, que estavam em conflito pela redivisão das suas colônias e mercados. A própria explosão das bombas no Japão era para “colocar o imperialismo japonês” em seu devido lugar. A ideia de que seria uma mera “decisão de homens” é uma tremenda simplificação do caso.

Além disso, essa tese suporia que nunca houve guerras iniciadas pela decisão de mulheres, o que também é falso. Um exemplo próximo seria a Guerra das Malvinas, a qual foi levada adiante, pelo lado britânico, pela Primeira-Ministra Margaret Thatcher. Não só ela comandou essa guerra imperialista contra os argentinos, mas também foi uma das lideranças mais ferozmente neo-liberais da história do Reino Unido, legando a si o apelido de Dama de Ferro e uma impopularidade gigantesca entre a população britânica.

Além disso, a ideia de que as mulheres teriam a responsabilidade de “defender a dignidade de suas famílias e comunidades em situações de conflito” é algo que as coloca num papel totalmente subalterno, negando às mulheres a importância de estarem presentes e participarem na luta política. Segundo essa lógica, elas seriam meras donas-de-casa esperando seus maridos voltarem para casa. Essa acaba sendo a realidade da maioria das mulheres, mas a maneira que se coloca o problema é como se fosse algo bom e natural que isso aconteça. Não é de hoje que o feminismo burguês e pequeno-burguês demonstra sua disposição em abandonar a defesa de que a mulher deve se libertar da escravidão doméstica. Com o identitarismo e a ideia de que “lugar de mulher é onde ela quiser”, aos poucos a libertação da mulher passou a significar simplesmente aceitar ou ver algo de digno nas atividades que a aprisionam. 

Logo abaixo, a primeira-dama continua: “A defesa da paz em todos os lugares não é apenas um dever moral, é também uma obrigação política para todos aqueles que estão comprometidos com um mundo de equidade e justiça. Toda eclosão de conflito armado, onde quer que ocorra, é a população já vulnerável que mais sofre. A guerra é um instrumento de perpetuação das desigualdades econômicas, sociais, raciais e de gênero”.

A defesa da “paz”, conforme colocada pela autora, é outro lugar-comum colocado pelo imperialismo para procurar submeter a população a um pacifismo e a um não enfrentamento com seus opressores. O “pacifismo”, aliado ao “desarmamento” é uma bandeira de uma esquerda que não quer incentivar que os trabalhadores e os oprimidos em geral se rebelem contra a burguesia e seus inimigos de classe.

Além disso, no que diz respeito aos conflitos entre países, é preciso denotar que é inevitável que muitas das ações do imperialismo acabem resultando em guerra. E, em muitos casos, isso não se dá por um problema de masculinidade, temperamento ou de vontade de guerrear, mas por uma defesa da soberania dos países e até de sua própria população e integridade territorial, caso da Rússia atualmente.

A matéria de Janja mostra como o PT embarca em certas canoas furadas do imperialismo, como as ideologias identitárias, o pacifismo barato e cínico do imperialismo, que nada têm a oferecer de positivo para os brasileiros. É preciso compreender que os identitários são justamente o setor que mais sabota o governo na atualidade, sendo os ministros identitários do Lula os mais furiosamente pró-imperialistas. Também é esse grupo que defende a política do imperialismo nos diversos países de forma mais exaltada, e serão eles que estarão ao lado da burguesia e do imperialismo numa eventualidade de um golpe contra Lula e o PT. 

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