Na Copa do Mundo de 2022, que aconteceu no Catar, ficou claro que não eram só os brasileiros que torciam para o Brasil: os povos oprimidos de todo o mundo estão do lado de nossa Seleção.
Pouco tempo antes da Canarinho na competição, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira publicou um artigo afirmando que o Brasil conta com torcias árabes na Copa do Mundo. O artigo, assinado por Rebecca Vettore, traz uma série de depoimentos que demonstra sua alegação, como o de Ivan Martinho, professor de Marketing Esportivo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
“A seleção brasileira é o time de futebol mais famoso do mundo, além de ser a única pentacampeã. Apesar do futebol ter sido inventado na Inglaterra, o Brasil é o país do futebol”, diz Martinho.
Quando a competição começou, os árabes não esconderam seu amor pela Seleção. Aqueles que vinham de países que não estavam representados na Copa, via de regra, estavam do lado da Canarinho. Nas redes sociais, foram registradas centenas de comemorações em diversos países da região, como no Líbano e na Palestina, onde os moradores empunhavam bandeiras do Brasil e regatas da Canarinho.
Já que a competição aconteceu Oriente Médio, é natural que quem mais se destacou foram as torcidas árabes que, em sua maioria, ficaram do lado da Canarinho. Mesmo assim, trata-se de um fenômeno geral que atinge países pobres em todo o planeta.
Em Porto-Príncipe, capital do Haiti, por exemplo, após uma das primeiras vitórias do Brasil na competição, haitianos saíram às ruas para comemorar a vitória dos brasileiros. Parecia um verdadeiro carnaval, a felicidade em ver a nossa Seleção ganhar é ímpar. Veja:
Como explicar esse fenômeno que é a Seleção Brasileira? Existem vários fatores, como o fato de que a maioria dos países oprimidos não possuem uma tradição forte no futebol. Enquanto isso, o Brasil é a única superpotência do esporte em todo o planeta. No caso dos árabes, isso é ainda mais marcante porque o Brasil possui uma população de árabes muito grande, a maior do mundo fora do Oriente Médio.
“Segundo um estudo que realizei, a partir de 1980, muitos libaneses voltaram para o Líbano por questões familiares e de comércio, casados com brasileiras. Essa comunidade hoje tem em torno de 20 mil pessoas, onde a maioria está concentrada no Vale do Bekaa, na fronteira com a Síria. Ainda existem cidades como Sultan Yaakoub, em que 90% dos habitantes falam português”, afirmou à Câmara de Comércio Árabe Brasileira o pesquisador brasileiro Roberto Khatlab, que mora no Líbano, onde é diretor do Centro de Estudos e Culturas da América Latina (Cecal) da Universidade de Saint-Esprit de Kaslik (Usek).
Além disso, os jogadores brasileiros se destacam em outras competições internacionais: na Europa, os principais jogadores são do Brasil, é a presença deles em torneios como a Liga dos Campeões que impede que o futebol burocrático europeu caia aos pedaços de vez.
O principal fator, todavia, é político: os povos oprimidos de todo o mundo torcem pela Seleção Brasileira porque o Brasil é um País oprimido que conseguiu ultrapassar o imperialismo no esporte mais famoso da Terra.
É um dos raros exemplos de um país pobre enfrentando as grandes potências e vencendo, é daí que vem esse apoio. Os povos oprimidos de outros países reconhecem na Seleção uma força que vence os seus opressores, é uma situação completamente atípica.
Tanto é que, quando o Brasil foi eliminado na Copa de 2022, a maioria dos oprimidos começou a torcer para o Marrocos justamente porque ele estava enfrentando, naquela competição, as seleções dos países imperialistas. Algo que mostra que se trata de um fenômeno, em primeiro lugar, político.
Mas nem sempre foi assim. Nas primeiras décadas após o surgimento e a popularização do futebol no mundo, o Brasil ainda não era a superpotência que é hoje. O principal responsável por transformar o futebol brasileiro no que é hoje foi ninguém mais, ninguém menos que ele: Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Foi Edson Arantes do Nascimento, cuja morte completa um ano neste dia 29 de dezembro de 2023, o principal responsável pelo futebol-arte.
Se os árabes, os africanos, os latino-americanos e os asiáticos enxergam na Seleção Brasileira um batalhão contra as principais forças opressoras do mundo, veem em Pelé o general desta tropa, o revolucionário que elevou o futebol dos oprimidos para outro patamar.