O “sonho da casa própria” é um objetivo que se torna cada vez mais impossível de ser alcançado para os jovens que vivem nos grandes centros urbanos.
De São Paulo a Londres, as grandes capitais estão completamente reféns da especulação imobiliária que produz moradias cada vez menores e os preços dos imóveis cada vez maiores e, diga se de passagem, estão nas alturas.
O Mercado imobiliário, que reclama de uma “escassez de imóveis”, cria essa escassez artificialmente ao dividir as construções por padrões conforme a faixa salarial.
Segundo Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, ao falar sobre a demanda habitacional da cidade de São Paulo,”na Projeção até 2030, a maior demanda habitacional, em se tratando do município e da região metropolitana, se encontra nas famílias com renda de até três salários mínimos: serão necessárias 277 mil novas unidades para essa faixa da população.”
Além disso, segundo Ivan Maglio, ex-coordenador executivo do Plano Diretor Estratégico de 2002, o Mercado Imobiliário se utiliza desses cálculos de demanda para obter licença de construção de imóveis que ao final não vão parar nas mãos da população de baixa renda.
“É para a especulação, investimento, para a população de alto padrão. É uma distorção”, disse Maglio.
Falar em “escassez de imóveis” , trata-se, portanto, de uma mentira e de um artifício do mercado imobiliário para manter os imóveis a preços inacessíveis à esmagadora maioria da população.
Dados do IBGE de 2022 estimam que existem na cidade de São Paulo cerca de 589 mil imóveis desocupados, o que equivale a próximo de 12% do total de imóveis na capital paulista, enquanto o número de moradores sem local apropriado para a moradia, segundo dados da prefeitura, é de 400 mil pessoas. Ou seja, os dados deixam muito claro que não falta imóvel, mas sim política pública.
Esse problema está longe de ser apenas do Brasil, como já mencionado acima, em Londres, por exemplo, é impossível nos dias de hoje conseguir alugar um único quarto por um valor abaixo de 900 Libras, isso para um salário mínimo por volta de 1.800 Libras, ou seja é preciso dispor de metade do salário para conseguir ter um simples quarto para dormir.
Portanto, a luta pela resolução do problema da moradia está indubitavelmente ligada ao combate ao sistema capitalista.
É preciso exigir a ocupação imediata pela população dos imóveis desocupados e a garantia de que nenhum cidadão seja obrigado a dormir na rua, e que todo trabalhador tenha a prioridade de morar nos bairros mais bem abastecidos pelos serviços públicos essenciais como saúde, educação e saneamento básico.