Neste dia 19 de fevereiro, aproximadamente 40 mil manifestantes tomaram as ruas da capital moldávia, Chisinau. A população da maior cidade da Moldávia, mobilizou-se contra o elevado custo de vida, dificuldades de aquecimento e escalada na inflação, frutos da política imperialista.
Os trabalhadores preferem a Rússia
A classe trabalhadora Moldávia, assim como a da sua vizinha Ucrânia, clama pela intervenção russa como alternativa ao imperialismo. A mobilização permanece, com manifestações massivas.
No mês de outubro de 2022, houveram manifestações com mais de 90 mil pessoas apenas em Chisinau. A principal força de apoio às manifestações é o Partido ȘOR, uma agremiação que nesse momento apresenta posições pró Rússia e de defesa do estado de bem-estar social.
Nas palavras da manifestante Ala: “Queremos que eles venham para cá. Queremos fazer parte da Rússia!”. Essa é a posição da imensa maioria dos manifestantes, para Ala “Somos motivo de chacota – o governo está zombando de nós”.
Sobre uma possível investida russa, afirma o conselheiro do partido ȘOR, Iurie Berench “Não temos medo”. Segundo Berench “porque se a Rússia quisesse tomar a Moldávia, o faria em meio dia.” e complementa: “Com a Rússia estaríamos muito melhor do que estamos agora.”
Deterioração das condições de vida
A Moldávia é o país mais pobre da Europa, em relação a renda per capita está 135°, correspondendo a aproximadamente 45% da renda per capita brasileira. O país também apresenta um índice de desenvolvimento humano inferior ao nosso.
Com condições já precárias, o cenário degradou-se com o acirramento da intervenção imperialista na região. O ataque dos governos pró imperialistas à Rússia, através de sanções econômicas, fez aumentar o custo das condições de vida.
Principalmente em relação ao custo com aquecimento, para o qual a Moldávia depende 100% do gás russo. Houve uma escalada da crise, após a diminuição do suprimento de gás russo como uma resposta às sanções, que demandaram uma elevação da inflação, pressionando toda a economia.
Essas condições prejudicam principalmente os setores mais vulneráveis da população. Para Ala: “Tem gente com quatro ou cinco filhos que literalmente não tem o que comer.”, complementa: “Quando elegemos este governo, eles prometeram aumentar salários e pensões, mas até agora não vimos um centavo”.
Crise do governo
A primeira-ministra Natalia Gavrilita do governo fantoche do imperialismo na Moldávia, após enfrentar, em suas próprias palavras, “crises múltiplas” renunciou ao cargo no dia 10 de fevereiro. O governo passa por 18 meses de crise, ao tentar defender os interesses do imperialismo, principalmente da União Europeu (UE) em detrimento da população da Moldávia, país mais pobre da UE.
O presidente Maia Sandu já nomeou seu ex-assessor de defesa pró-UE, Dorin Recean, para substituir Gavrilita. Sandu ainda manifestou que “Temos estabilidade, paz e desenvolvimento, onde outros queriam guerra e falência”, algo bastante distante da realidade atual da Moldávia.
Pridnestróvia
Pridnestróvia ou Transnístria, é um território independente em relação a Moldávia desde 1990, fazendo fronteira de 1.222 km com a Ucrânia. Desde o cessar fogo de 1992, a Rússia mantém estacionado um contingente aproximado de 1500 soldados, para manutenção da paz.
Segundo o Ministério da Defesa: “O regime de Kiev intensificou os preparativos em prol de uma invasão da Pridnestróvia” com “acúmulo importante de pessoal e equipamento militar ucraniano perto da fronteira”. “A execução das provocações planejadas pelas autoridades ucranianas representa uma ameaça direta para o contingente russo” completa.
Há uma pressão constante por parte do imperialismo para sufocar essa fagulha de independência da classe trabalhadora. Em Pridnestróvia, assim como nas regiões de Donetsk e Lugansk, houve uma mobilização dos trabalhadores que ameaçavam o domínio imperialista sobre a região.
A tendência é a classe trabalhadora seguir o exemplo dessa vanguarda e generalizar essa iniciativa. Por isso, há uma imensa preocupação do imperialismo sobre o desdobrar dos acontecimentos nessas regiões, que põem em risco sua continuidade.