Nesta semana, o programa Análise Internacional, programa que trata de temas da política internacional com comentários do presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, e do Comandante Robinson Farinazzo, foi ao ar em horário excepcional – terça-feira, às 17h30. O programa teve apresentação de Henrique Áreas e de João Pimenta, e os dois principais temas debatidos foram as eleições na Turquia e a tentativa de Lula de reviver a Unasul.
A transmissão, como sempre é, foi feita pelo canal oficial do Diário Causa Operária no YouTube e pelo canal Arte da Guerra, da mesma plataforma.
O primeiro tema abordado foi a questão do segundo turno das eleições na Turquia, vencido pelo atual presidente, Recep Erdogan. Ambos os comentaristas consideraram que a vitória de Erdogan foi uma importante derrota do imperialismo norte-americano. O Comandante Robinson Farinazzo comentou que a cobertura da imprensa internacional deixou muito claro que o imperialismo tentou articular uma vitória do candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu. Foram muitas mentiras divulgadas por essa imprensa e uma intensa campanha contra o atual presidente. Na opinião do Comandante, não interessam ao imperialismo governos fortes que possam ser responsáveis por mudanças, que sempre irão diminuir a exploração naquele local.
No entanto, o que o Comandante considera ser o mais importante é observar qual será a conduta de Erdogan no que diz respeito à guerra da Ucrânia a partir de agora. Até o momento, ele assumia uma posição ambígua, ora favorecendo os ucranianos com a doação de armas, ora favorecendo economicamente os russos.
Outra questão levantada por ele foi o fato de que os turcos enviaram observadores para a Organização para Cooperação de Xangai. O Comandante ressalta que ficará “muito complicado para a OTAN” se os turcos se aproximarem e realizarem acordos com Rússia e China. Trata-se do maior exército daquela região e o segundo maior exército da OTAN, perdendo apenas para os Estados Unidos, além de estar numa posição geográfica de enorme importância estratégica.
O Comandante também destacou que era óbvio que o oponente, Kilicdaroglu, era um candidato “chapa-branca” do imperialismo, haja visto a defesa feita pelos identitários e outros setores por ele. Mas Erdogan é muito habilidoso e conhece muito bem a política turca, sendo uma de suas reformas mais importantes do último período os expurgos militares feitos logo após a tentativa de golpe de Estado patrocinada pelo imperialismo contra ele.
Rui Costa Pimenta fez alguns apontamentos sobre a questão, trazendo todo um histórico do desenvolvimento político da Turquia para melhor explicar o caso Erdogan. Primeiramente, é interessante destacar que os locais onde Kilicdaroglu teve a melhor votação foram nas regiões onde moram os curdos, grupo que já levou adiante uma importante luta apoiada pela esquerda, mas que hoje está sendo instrumentalizado pelo imperialismo em vários países, sendo a Turquia o principal deles.
O companheiro Rui lembrou que a Turquia é uma potência regional de muito tempo, sendo o país que surgiu diretamente do colapso do Império Otomano, no começo do Século XX. A principal liderança formadora da Turquia foi Kemal Ataturk, responsável por sua fundação.
Erdogan é um herdeiro do colapso do ataturkismo, sendo uma pessoa religiosa (ao contrário de Ataturk, que defendeu a formação de um estado laico, por acreditar que o islamismo era um obstáculo), ligada à Irmandade Muçulmana. Essa ligação o coloca como aliado dos egípcios e um dos principais apoiadores do Hamas. Sua vitória foi amplamente comemorada pelos palestinos, portanto.
Outro aspecto interessante do atual momento político é que a Turquia, que sempre teve uma política extremamente anti-Rússia, está se aproximando agora dos russos numa reviravolta muito profunda da situação política. Isso caracteriza uma desintegração, ainda que muito lenta, da posição estratégica que a Turquia tem, politicamente, para o imperialismo e para a OTAN.
A questão da reunião dos líderes sul-americanos no Brasil, numa tentativa de Lula de reviver a Unasul, também foi abordada brevemente pelos comentaristas. Rui Pimenta comentou que essa ação é, evidentemente, uma iniciativa do Brasil e um aspecto fundamental dela foi Lula ter trazido Nicolás Maduro para o País e o tratado como um parceiro.
Para o Presidente Nacional do PCO, estamos diante de uma política de bloco, mas não necessariamente de um bloco latino-americano, mas sim algo que envolva os russos e os chineses.
Por estar sufocado na política nacional, o PT e o governo Lula precisam agir na política internacional no sentido de viabilizar economicamente o governo. Lula está, portanto, agrupando um bloco para desenvolver uma política econômica que tem a ver diretamente com os chineses, mas também com os russos a mais longo prazo.
O Comandante Robinson destacou o “papelão” de Nikolas Ferreira, que escreveu uma carta para a embaixada norte-americana pedindo a prisão de Maduro por parte do governo norte-americano, algo realmente ridículo e que o Comandante considera que poderíamos ter “passado sem”.
Ele também comenta que o Brasil e a Venezuela são dois países na mira dos Estados Unidos, devido às riquezas que eles possuem. Nesse sentido, é fundamental que ambos estreitem suas relações. Ele também vê que a Venezuela será um parceiro muito importante na política do Brasil de se descolar do dólar, algo muito importante para que a economia brasileira não seja mais refém da moeda norte-americana.
Para acompanhar o debate com mais detalhes, basta assistir o programa através do vídeo abaixo. A Análise Internacional vai ao ar todas as segundas-feiras às 17 horas, no canal oficial do Diário Causa Operária e no canal Arte da Guerra, ambos no YouTube: