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Morte violenta

Polícia mata mais crianças do que qualquer ataque em escolas

Cinismo do imperialismo

Cerca de 7h00 da manhã do dia 12 de julho de 2023, em Maricá-RJ, região metropolitana de Rio de Janeiro, um menino de cerca de 11 anos, a caminho da escola em companhia da sua mãe, foi morto por bala perdida. Dijalma de Azevedo, de 11 anos, estava uniformizado e estava saindo com a mãe do conjunto habitacional onde mora, Condomínio Minha Casa Minha Vida, no bairro Inoã, quando foi atingido. A mãe do menino relatou à imprensa que sentiu o corpo do menino caindo ao ser alvejado, pois estavam de mãos dadas. Os vizinhos contaram que a bala que o atingiu atravessou o corpo de Dijalma e parou no carro de um vizinho da vítima. Tanto a mãe como o proprietário do veículo confirmaram que a polícia chegou atirando.

A morte do menino causou revolta na população. Em protesto, os moradores atearam fogo em objetos e interditaram vias da região. A polícia militar usou bomba de gás para dispersar as pessoas. O povo lançou pedras contra as viaturas da polícia.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, os agentes do 12º BPM estavam em patrulhamento e que entraram em conflito com “criminosos armados” e que a criança ficou no fogo cruzado. Mas os moradores da região negam a versão da polícia e afirmam que a polícia já chegou atirando, sem nenhum confronto.

A morte violenta do menino de 11 anos entrou na triste estatística de crianças e jovens assassinadas por armas de fogo. Segundo o “Panorama da violência letal e sexual contra crianças e adolescentes no Brasil”, da UNICEF e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2021, entre 2016 e 2020 cerca de 34,9 mil crianças e adolescentes foram mortas de forma violenta. Isso é número oficial, que foi coletado. A maior parte das vítimas tinham entre 15 a 19 anos, masculino (92%) e negro (79%). As intervenções policiais como causa mortis aparece com 10% no estudo. O estudo aponta que em 2020 chegou a 15% as mortes causadas por ação policial. Entre vítimas de 10 a 14 anos, 78% são meninos, 80% negros e 75% causados por armas de fogo. Atenção especial para a autoria do estudo, pois tanto UNICEF como Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) são ongs. Inclusive a FBSP é patrocinada pelo Ford Foundation – Open Society, essa informação está no homepage institucional, que define como: “(…) Nessa proposta, a Segurança Pública é entendida como um serviço público, baseado na prevenção e na repressão qualificada, com respeito à equidade, à dignidade humana e guiado pelo respeito aos Direitos Humanos e ao Estado democrático de Direito.” Uma das suas publicações, o “Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022” é, segundo eles mesmos, “(…) se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entres outras fontes oficiais da Segurança Pública”. Este estudo faz estatísticas de armas de fogo registrados pelo Exército, a proporção de porte por policiais, colecionadores, caçadores, quantidade de armas de fogo e munições destruídos etc. Ou seja, um estudo que induz que a porte de arma por civis é a causa de morte violenta, e que através de “repressão qualificada” e de “Estado democrático de Direito”, precisa desarmar a população para não ter mais morte violenta por armas de fogo.

No “Panorama da violência letal e sexual contra crianças e adolescentes no Brasil”, até aparece como causa da morte as intervenções policiais, porém em número não muito chamativo. Porque segundo eles, os policiais também são vítimas de morte por arma de fogo, pois a população está armada e descontrolada.

Mas a realidade, ou uma faceta dela, surge nas páginas jornalísticas onde sempre há várias matérias em que o argumento é quase sempre igual: policial atirou porque estava em confronto com criminosos, e que irão analisar as gravações. E que a região onde ocorreu a tragedia é sempre dominada por traficantes. Mas desde quando crianças e jovens adolescentes, que frequentam a escola, que moram com a família, que tem pais trabalhadores, são integrantes de tráfico que possuem armas de fogo tão potente como de policiais, que tem poder de fogo para enfrentar de igual a igual? Jovens de periferia, na sua maioria negra ou parda, sempre aparecem como vítimas de morte violenta, mas será que esses números estão corretos? Será que os casos sempre são tratados de forma devida, como a causa da morte como violenta? Os casos da morte por armas de fogo, em que somente uma arma potente com capacidade de alcance do tiro a longa distância, já reduz a probabilidade de quem seja o atirador. Uma arma de fogo é algo pesado e precisa de treinamentos para o seu manuseio. Atualmente no Brasil ter a posse de armas é restritamente controlado, e as munições não são baratas, dificultando o seu acesso à grande maioria da população. Por outro lado, é noticiado na imprensa os grandes investimentos pelo Estado para “combater a criminalidade”. Quem tem posse de forte armamento no Brasil são as unidades de federação, como Estado de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo etc., basta verificar as licitações públicas. No Estado de Mato Grosso do Sul a aquisição de helicópteros e tais é para ter o controle e rapidez de locomoção para desmanchar a “invasão” de terras, para eles, quando na verdade é a retomada de posse da terra indígena invadida por grileiros e latifundiários. Na área urbana da região sudeste, é a guerra contra a população pobre e oprimida da periferia. Para a polícia, os jovens da periferia, não importando quem seja, é inimigo em potencial que merece morrer sem misericórdia. É a guerra do povo contra o povo, onde o Estado manipula uma pequena camada da população com miséria para oprimir e massacrar o restante do povo, fazendo dessa forma uma desorganização social e impedindo a unificação das forças. E as ongs imperialistas elaboram estudos sobre violência criada artificialmente pelo imperialismo, perpetuando dessa forma o cinismo.

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