Na noite da última segunda-feira (14/08), pistoleiros fortemente armados invadiram a retomada Avaeté dos índios Guarani-Caiouá no município de Dourados, ameaçando e destruindo todos os poucos bens dos índios e expulsando-os da área.
A ação criminosa do latifúndio vem ocorrendo há anos e se intensificou o último período após os índios voltarem a retomar suas terras invadidas.
A retomada Avaeté é uma de dezenas de retomadas que ficam localizadas nos limites da Reserva Indígena de Dourados onde aproximadamente 20 mil índios vivem apertados em apenas 3,5 mil hectares. A reserva é um gueto onde os índios vivem em condições péssimas, sem a menor possibilidade de obter renda da terra e sendo forçados a trabalharem nos piores empregos do município ou como mão-de-obra barata para os latifundiários da região e até de outros estados.
Relatos de moradores da retomada são muito graves e denunciaram que os pistoleiros passaram de picapes gritando: “é só aviso, aviso para vocês tá… o caveirão está pronto… eles gritaram assim né… e deu risada… Aí falaram que vão entrar para destruir tudo os barracos”. Moradores pedem apoio da comunidade: “por isso eu tô falando para vocês… apoio de vocês… ajuda de vocês… dá força para nós também… rapaz do céu nós precisa muito de apoio ajuda de vocês.”
O “Caveirão” é um trator adaptado como uma espécie de tanque de guerra para assassinar os índios. O latifundiário invade a retomada com o Caveirão e passa por cima das casas dos índios, destrói plantações e até podem atropelar índios mais velhos ou com algum problema de saúde. Em 2020, na mesma área, o Caveirão ficou famoso chegando a ser reportagem na imprensa burguesa.
Uma indígena entrevistada conta que seus avós foram enterrados ali há algumas décadas, ela cresceu naquela área e viu os grileiros expulsarem os índios queimando as casas de rezas, casas dos índios que existiam ali e ameaçando de morte quem resistia, nas décadas de 50 e 60.
Outro fator de ameaça é a atuação criminosa da polícia militar. Existem registros da polícia passando na área e ameaçando a comunidade, o que mostra um conluio com os pistoleiros e os latifundiários.
Neste momento, os índios Guarani-Caiouá da retomada Avaeté estão sob ameaça e podem ser atacados de maneira ainda mais violenta simplesmente defender o seu direito fundamental a terra. Um dos responsáveis é Giovanni Jolando, um arrendatário de terras na região, responsável pelo caveirão e pelos últimos ataques contra os índios da retomada Avaeté.
Contra esses ataque é preciso organizar comitês de autodefesa dos índios para se defenderem da violência do latifúndio e da polícia militar, e organizar novas retomadas para expulsar definitivamente os grileiros das terras indígenas.