No último dia 15 (fevereiro de 2023) o presidente Lula, no programa “Café com o presidente” disse que pretende fazer com que a Petrobrás exporte petróleo cru e gasolina de padrão internacional. Segundo o próprio presidente “Nós temos investido em novas refinarias porque nós acreditamos que, com o pré-sal, o Brasil vai ser um grande exportador de derivados de petróleo. (…) nós queremos exportar produtos que possam gerar maior ganho para a Petrobras e maior ganho para o Brasil”.
Segundo a matéria do sítio UOL “Segundo o presidente, estão sendo construídas refinarias no Maranhão, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em outros estados, algumas refinarias estão sendo recuperadas. “São grandes investimentos para que nós possamos adequar as nossas refinarias a produzir um petróleo de melhor qualidade, sobretudo o óleo diesel e a gasolina”, afirmou”.
Na contramão das falas do presidente Lula, diversos meios de comunicação serviçais da burguesia e do imperialismo afirmam que as promessas do presidente vão no sentido oposto do que qualquer governo deveria fazer em termos de política petrolífera. Na verdade, os países que não estejam alinhados a política entreguista e oportunista da burguesia nacional e as diretrizes de Washington estão na contramão da política correta que atenda aos interesses do “mercado”. O sítio Metrópoles, na sua coluna de Economia afirma que “Investir em refinaria como prometeu Lula é um erro, diz especialista”.
O título da matéria já deixa explícito do que se trata na sua essência, mas vale reproduzir um trecho dos “representantes” dos capitalistas através dos meios de comunicação remunerados pelos interesses de “mercado”.
“Uma das promessas de campanha de Lula foi a de voltar a investir em refinarias, para reduzir a dependência da importação de combustíveis do mercado externo e permitir que o petróleo nacional seja refinado. A estratégia não é novidade, e replica um passado delicado para o governo, especialmente para o futuro presidente. Os investimentos bilionários em projetos como o Comperj e a refinaria Abreu e Lima, desenhados durante o último governo Lula, resultaram em obras que nunca foram concluídas e que custaram bilhões aos cofres públicos – seja por ineficiência ou por pura corrupção. A promessa de reconduzir a Petrobras à tarefa de investir em refinarias não é, nem de longe, bem vista pelo mercado.
Na avaliação de David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e professor da PUC-RJ, a transição para um mercado com menos combustíveis fósseis deveria ser prioridade para a Petrobras. Não só por causa do futuro que se impõe, mas porque, em uma análise econômica, o investimento em refinarias é uma das estratégias mais custosas na cadeia de petróleo e é a que dá menor retorno. Foi por esse motivo que a Petrobras se desfez de algumas de suas mais importantes refinarias, como a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia. No ano passado, a petroleira anunciou que pretendia vender oito das suas 13 refinarias. Se for para frente, a política de investimento em refino seria um verdadeiro cavalo de pau nos planos da empresa”.
A posição da imprensa direitista através desse canal de comunicação revela os argumentos centrais da burguesia oportunista e entreguista. “os mercados não olham com bons olhos esse tipo de decisão governamental”. A depender dessa imprensa servil aos ditames da classe dominante o país poderia entregar tudo que tem para que os capitalistas “lambam os beiços” com as “galinhas de ouro” das nossas empresas estratégicas nacionais. O tal “cavalo de pau” nos planos da empresa (Petrobrás) significa dizer que a gigante estatal “pertence ao “mercado” e que toda e qualquer política da empresa tem a prioridade de atender aos lucros dos acionistas e especuladores de plantão e ocasião dos mesmos “mercados” comandados por aves de rapina de dentro e fora do país.
A burguesia nacional representada por figuras que terminaram por destruir as Lojas Americanas por exemplo, além de abutres aventureiros de sempre que implodiram o mercado financeiro com a especulação com títulos subprime (papéis podres) em 2007-09 com “epicentro” nos EUA; considerada por muitos, a maior crise do capitalismo na sua história. É esse o tal “mercado”? Não tenhamos dúvida que sim, já que são habitualmente os grandes conglomerados capitalistas universais que estão por trás da concentração da riqueza e da renda mundiais. E no Brasil? São banqueiros e especuladores de famílias seculares que mantém a estrutura da rapina nacional e causadores das maiores destruições e tragédias do país e de sua população.
A matéria ainda chama o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn, conhecido representante do conluio da rapina petrolífera para balizar a posição do meio de comunicação direitista; que ao mesmo tempo representa a voz uníssona dos grandes jornalões da burguesia golpista e entreguista nacional. A corrupção é outro argumento levantado pela matéria que não cansa de fazer questão, que de acordo com a imprensa golpista, foram nas gestões de Lula e Dilma à frente da presidência da república que a Petrobrás foi conduzida a “abusos” de corrupção e supostos “fracassos” de empreendimentos e má gestão.
A resposta de Lula ao “mercado” coloca a Petrobrás à frente dos investimentos no setor, nada mais do que pretender recuperar as políticas de exploração do petróleo, já existentes no momento em que a Petrobrás foi planejada, ainda na fase embrionária da empresa, durante a administração do governo Vargas em 1953. Mas, além disso, o governo Lula necessita; não apenas recuperara os investimentos nas refinarias; que foram paralisadas desde o golpe de 2016, mas principalmente, retomar o controle total da maior e mais importante empresa nacional criada no seu nascedouro para servir a soberania nacional e ao povo brasileiro; algo que os abutres capitalistas nacionais e estrangeiros; parceiros de golpes de Estado recorrentes querem impedir constantemente.
Trazer a Petrobrás novamente para o controle do Estado se faz urgente e necessário para reconduzir o país a soberania e ao desenvolvimento econômico e social, mesmo que nos marcos do modo de produção capitalista, já que a ponte para o socialismo se faz pela via do desenvolvimento das forças produtivas com emprego e renda ao povo.