Em editorial publicado na edição de segunda-feira (26), o Estado de S. Paulo criticou abertamente a indicação de Gleide Andrade de Oliveira, secretária nacional de Finanças e Planejamento do Partido dos Trabalhadores (PT), para o Conselho de Administração da Itaipu Binacional.
O jornal da família Mesquita foi direto ao ponto: “a decisão nada tem de republicana”. Para o Estadão, Lula estaria “confundido” as “esferas pública e privada”. Dito de outro modo: Lula estaria utilizando o Estado para benefício próprio. Estaria se valendo de cargos públicos e do orçamento público para obter algum tipo de vantagem para aliados políticos.
A malícia do Estadão fica clara quando o jornal cita João Vaccari Neto, que também foi tesoureiro do PT e também foi indicado por Lula para o Conselho de uma das maiores hidrelétricas do planeta. A família Mesquita lembra que Vaccari foi “condenado e preso” pela Operação Lava Jato, omitindo propositalmente que foi inocentado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O recado que o jornal quer dar é claro: se Lula continuar assim, a “roubalheira” dos governos irá voltar.
A preocupação do Estadão com o tema tem dois motivos fundamentais. O primeiro é uma tentativa de pressionar o governo petista a adotar a sua política para as empresas públicas, coisa que a própria Família Mesquita sabe que não vai acontecer. O Estadão quer que as principais empresas do País sejam ocupadas pro funcionários do grande capital, que promovam a entrega do patrimônio brasileiro aos bancos estrangeiros.
O outro motivo é o de preparar uma campanha de que o governo Lula é um governo corrupto. Afinal, afirmar que a política de Lula não seria “republicana” e que o seu interesse seria “aparelhar” as instituições é o mesmo que dizer que o presidente está loteando o governo para pessoas que não dão a mínima para o País. Isto é, que são corruptas.
O mote da “luta contra a corrupção” foi um dos principais pilares da campanha da imprensa contra Lula e contra o governo de Dilma Rousseff durante o golpe de 2016. Neste momento, em que os jornais do imperialismo já estão se mostrando “insatisfeitos” com Lula por sua aproximação da Rússia e da China, a posição do Estadão muito bem pode ser uma preparação para uma ampla campanha contra a suposta “corrupção” do governo do PT.