Na manhã da última quinta-feira (06/10), os índios Guarani-Caiouá da retomada Avaeté em Dourados, estado do Mato Grosso do Sul, mais uma vez acordou com um ataque contra as famílias e a luta pela demarcação.
Desta vez não foram os pistoleiros, nem os latifundiários e muito menos a Frente Parlamentar de Dourados criada para atacar os índios e seus direitos. Quem surgiu para atacar os índios foi a Polícia Federal.
A motivação oficial foi uma das mais absurdas: “cumpriam ordem judicial para verificar a presença de armas de fogo sob posse dos índios”. E quem acusou? Os latifundiários que contratam os pistoleiros para atacar os índios quase que diariamente.
Não é preciso dizer aqui que em todos os conflitos entre índios e latifundiários nenhum pistoleiro ou não-índio foi ferido a bala, mas o contrário se verifica diversas vezes. Mas é evidente o papel da polícia para reprimir os índios e beneficiar os latifundiários.
Sem a presença obrigatória da Fundação Nacional do Índio (Funai) para qualquer operação nas aldeias e áreas de conflitos reivindicadas pelos índios, nem do Ministério Público Federal (MPF) ou a Defensoria Pública da União (DPU), as equipes da polícia federal invadiram a retomada Avaeté e se dividiram, ficando uma equipe na entrada e outra invadiu os barracos na suposta busca por armas de fogo.
Quando ficou sabendo da operação da Polícia Federal, a Coordenadora da Funai de Dourados e outro e outro integrante do órgão foram até o local mas foram impedidos de se aproximar e ficaram muito distante da operação.
A motivação de armas no acampamento foi apenas um subterfúgio para aterrorizar as famílias dos índios, intimidação de lideranças e, o mais importante, apreender celulares dos índios e das lideranças. Uma ação ainda mais criminosa porque sequer havia autorização para apreensão de celulares.
Para “apreender” os celulares dos índios, os policiais federais abriram fogo contra a retomada. Não pouparam nem idosos, mulheres ou crianças. Os relatos são de bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha por todos os lados e mirando nos índios que protestavam contra a invasão da retomada e da violência policial.
Fizeram isso por dois motivos, o primeiro é evitar de mostrar a ação criminosa de invasão da retomada e buscar informações de lideranças, contatos e conversas para intimidar apoiadores e perseguir politicamente índios integrantes da luta pela demarcação.
Diante dessa operação ficou evidente que há uma enorme perseguição política da polícia e do estado contra as retomadas e os índios que lutam por seus direitos e que os policiais federais estavam ali não para procurar armas e sim ir atrás dos celulares dos índios, principalmente lideranças.
Uma operação do estado e das forças policiais para impedir novas retomadas de terra
Há direita latifundiária está com uma política de intensificar a repressão para acabar com a luta pela terra no Mato Grosso do Sul. Podemos ver isso após diversas tentativas de colocar a polícia militar dentro das terras indígenas de Dourados, a criação da frente Parlamentar para atacar os índios, a pistolagem avançando e neste momento a utilização da Polícia Federal.
Estão querendo estabelecer um acordo onde os índios não são consultados e que beneficiará somente os latifundiários e a especulação imobiliária, que impede novas demarcações de terra e melhoria de vida dos índios.
É preciso intensificar a campanha de denúncia da situação dos índios Guarani-Caiouá de Dourados e sua luta pela terra, que expõe latifundiários, grileiros de terra e especuladores, e dos acordos que apenas beneficiam que tomou a terra dos índios.