O congresso peruano que perseguiu e acabou por destituir o governo de Pedro Castillo, um governo de esquerda ainda que limitado, agora acaba de aprovar um projeto de resolução legislativa que autoriza o treinamento militar do exército norte americano dentro do território do país.
Com a oposição da esquerda parlamentar, a resolução foi aprovada por 70 votos contra 33 contrários e 4 abstenções.
Segundo o relator do texto, Alfredo Azurín, “pessoal militar norte-americano realizará atividades de “cooperação e treinamento” em território peruano, mas não instalarão uma base militar”, “não têm como objetivo instalar uma base militar estrangeira no território peruano e sua vinda não afetará a soberania nacional”, disse.
A medida foi chancelada pela presidente em exercício Dina Boluarte que assinou no último dia 31 um decreto autorizando a medida.
Dessa a partir de 01/06 até dezembro deste ano, o país receberá milhares de oficiais militares norte-americanos que poderão entrar em território peruano com suas armas e que deverão participar de atividades de treinamento com efetivos das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Peru e que gozarão de imunidade diplomática durante todo o período.
A Ditadura de Dina Boluarte
O governo da vice -presidente Dina Boluarte que assumiu depois da saída do presidente Pedro Castillo vem reprimindo duramente as manifestações contra o verdadeiro golpe de estado que foi a deposição do então presidente eleito.
Contra o impeachment de Castillo, uma verdadeira insurreição popular no campo e na cidade insurgiu no país.
À essas manifestações a polícia sob o comando de Boluarte tem reagido de forma brutal chegando inclusive a matar manifestantes
A entrada do exército norte americano em território peruano cujas atividades estão previstas para acontecer nas regiões de Callao, Junín, Cusco e Ayacucho, justamente algumas das regiões onde mais tem se registrado protestos contra o governo de Boluarte, deverá agora intensificar a repressão.
Segundo o deputado Vladimir Cerrón do partido Peru Livre, “O governo deveria esclarecer as reais intenções desse programa e essa coincidência de realizar atividades nas mesmas regiões onde há mais ação dos movimentos sociais. Mas este é um governo que já mostrou que não se importa com os direitos humanos daqueles que se manifestam contra suas arbitrariedades”.