Entre os torcedores santistas, principalmente na Vila Belmiro, é comum ouvir falar que Edson Arantes do Nascimento (Pelé) “já parou uma guerra”. De fato, essa frase é a mais pura realidade. O Rei parou uma guerra civil na Nigéria, em 1969, pois todos queriam vê-lo jogar pessoalmente – algo inédito para um país africano que vivia uma crise.
Outra atuação do maior ídolo do futebol mundial, desta vez de forma ficcional, foi nas telas do cinema, onde atuou com ninguém menos que Sylvester Stallone. No filme “Fuga para a Vitória”, que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e é uma propaganda contra o nazismo, Pelé foi um dos protagonistas ao lado também de Michael Caine.
Na história da produção cinematográfica, Pelé interpretou um preso político do regime nazista que foi convocado para jogar no time dos presidiários contra a seleção alemã; a ideia, por trás da partida, era que os nazistas jogassem e derrotassem a equipe dos presos aliados, para servir como propaganda de seu regime. Entretanto, os aliados planejavam utilizar o intervalo do jogo para fugirem.
Tomando este exemplo como gancho, deve-se lembrar que o esporte já foi utilizado por vários atletas como meio de luta política, disputas estas que sempre entram para a história Um exemplo foi durante a Alemanha nazista, onde um negro deixou no chão a suposta “pureza alemã”. Três anos antes da 2ª Guerra Mundial o corredor americano Jesse Owens, com 23 anos, foi a Berlim não para bater um, mas quatro recordes olímpicos: 100 e 200 metros rasos, revezamento de 400 metros e salto em distância. E os recordes foram batidos.
Já durante a 2ª Guerra Mundial, na Ucrânia ocupada por nazistas, os soviéticos da cidade sitiada de Kiev jogaram futebol contra o time de soldados nazistas. O time soviético era formado majoritariamente por ex-jogadores do Dínamo de Kiev, e eles derrotaram os nazistas, mesmo sabendo que a retaliação seria fatal. A vitória significou uma forma de resistência para a população oprimida.
Voltando ao filme “Fuga para a Vitória”, outro fato curioso que vale ser mencionado é que, durante as filmagens, Stallone ficou no gol tentando pegar as bolas chutadas pelo Pelé. Eis que, em um desses chutes, o astro norte-americano fraturou o dedo mindinho. Em uma entrevista, Stallone ainda afirma que o chute do craque brasileiro furou a rede, atravessou a parede do cenário e ainda quebrou uma janela.
É bem provável que, se fossem fazer um filme como a “Fuga para a Vitória” nos dias de hoje, ele aconteceria em Gaza, o maior campo de concentração a céu aberto do mundo. O que o Estado de “Israel”, junto ao imperialismo, praticam hoje contra os palestinos é o mesmo que Hitler e seus asseclas fizeram contra os judeus na Alemanha nazista.
Mesmo já sendo um campo de concentração, após o dia 7 de Outubro a situação dos palestinos em Gaza piorou muito. O governo nazista de “Israel” cortou o envio de água, luz e comida para a população. Os bombardeios são intensos e continuam. De forma que, ao fechamento dessa edição, mais de 20 mil pessoas já morreram em Gaza, das quais 70% são mulheres e crianças.
Como se vê hoje em vários estádios de futebol, em partidas decisivas entre times de vários cantos do planeta, onde as torcidas exibem bandeiras e entoam gritos de ordem em defesa da Palestina; caso Pelé estivesse vivo e em seu auge, onde quer que estivesse jogando, essas manifestações estariam presentes, tanto representando a ancestralidade e descendência da população oprimida do mundo, quanto se aproveitando do tamanho do espetáculo para mostrar o quão impopular é o genocídio que está em marcha em Gaza.