No último domingo, 29, aconteceu mais uma manifestação unificada em defesa da Palestina na Avenida Paulista. O PCO participou em peso do ato levando um bloco que se concentrou em outro ponto da avenida chegando à Praça Oswaldo Cruz para realizar a passeata até o MASP. Cerca de mil pessoas se concentram no ato da São Paulo dentre as organizações árabes e as organizações de esquerda. O PCO foi quem levou o bloco mais coeso e mais animado com uma grande participação da Bateria Popular Zumbi dos Palmares. O ato, no entanto, foi mais uma vez marcado pela censura capitulardora da esquerda ande a defesa da luta armada do povo da Palestina.
Às 10h da manhã os militantes do PCO se reuniram em frente a livraria Martins Fontes para montar o seu bloco para a manifestações. Dezenas de bandeiras do Partido e da Palestina bem como grandes faixas também do Partido e em defesa da Palestina. Após o ensaio da Bateria Zumbi dos Palmares, o bloco se dirigiu à Praça Oswaldo Cruz onde estava a grande concentração de pessoas. Ao chegar na praça se iniciou a primeira política reacionária, a campanha contra as bandeiras de partido. Os companheiros que participaram da reunião de organização falaram que existia uma linha que queria vetar bandeiras, mas além de alguns gritos eles não afetaram em nada o bloco.
O mais interessante é que os partidos que defendem isso adotaram uma política ultra capituladora. Eles levaram faixas que continham a logo do partido, mas não as próprias bandeiras. Esqueceram do ano de 2013 quando a direita impôs a política de abaixar a bandeira (não para o PCO) e se infiltrou nos atos. Aqui é mais difícil uma infiltração da direita, contudo é uma desmobilização, adotar essa política é afastar os partidos que poderiam participar. As organizações que são proibidas de levar bandeiras na prática não participam do ato como organização, apenas como indivíduos. A capitulação a pressão da direita é, na verdade, um traço muito claro na esquerda que estava organizando o ato, fora o PCO.
O ato saiu unificado em direção ao MASP. Enquanto os militantes do PCO cantavam as palavras de ordem em defesa da Palestina. “Estado de ‘Israel’, Estado assassino, viva a luta do povo palestinos”, ou “chega de chacina, PM da favela ‘Israel’ na Palestina”. Essas palavras de ordem já estavam sendo entoadas no ato desde a última manifestação na semana anterior. No entanto, quando o bloco além dessas palavras de ordem começou a defender também o Hamas e as outras organizações da luta palestina, a censura começou. Primeiro algumas pessoas avulsas no ato quiseram causar encrenca, mas não conseguiram. Depois a própria organização do ato pediu para maneirar.
As palavras de ordem apenas defendiam o Hamas e as demais organizações de luta dos palestinos e dos árabes. Eram elas “nem um passo atrás, todo apoio à Palestina e ao Hamas” e “não acabou, vai acabar (o Estado de ‘Israel’, quando chegar o Irã e o Hebolá” ou apenas “viva o Hamas!”. Algumas pessoas do ato pareciam um pouco incomodadas, mas a grande maioria não achou caso de briga. Afinal em um ato público existe uma política geral, nesse caso a defesa da Palestina, mas os pormenores variam. Alguns apoiavam abertamente as palavras de ordem também, e de fato elas eram as mais combativas do ato que sem um carro de som potente e outras baterias estava mais desanimado do que deveria.
Mas o mais absurdo não foi o bate boca e os pedidos mais educados para que não se defendesse o Hamas. Foi a fala do companheiro Henrique Simonard que foi censurada da forma mais bruta possível. Ao citar o Hamas arrancaram o microfone de sua mão violentamente. É um absurdo. Na última semana, 27 deputados bolsonaristas fizeram uma queixa crime para prender João Jorge, o dirigente do Partido que viralizou nas redes com sua fala no ato defendendo o Hamas. Os que controlavam o microfone portanto capitularam abertamente diante do bolsonarismo, dessa forma é impossível levar adiante a luta em defesa da Palestina. Esta evidente que a campanha da direita é de atacar o Hamas, usar a alcunha de “terrorista”. Não defender a organização nessa conjuntura é abdicar de uma defesa total da Palestina. É uma política fraca que não tem futuro. Quem luta na Palestina é o Hamas, o Jiade Islâmico, o FDLP e o FPLP. Todas são chamadas de terroristas justamente por isso e é obrigação da esquerda defendê-las.
Houve um breve momento que ilustra que a repressão interna do ato o tornou menos combativo. Quase chegando no MASP o tempo fechou e começou uma chuva muito intensa. Na avenida ficaram apenas os setores mais aguerridos, o bloco do PCO e as organizações árabes. Estimulados pelo clima dramático e pela ausência dos setores que censuram, o PCO começou a puxar as principais palavras de ordem em defesa do Hamas. Neste momento não houve problema nenhum, nem todos concordavam, mas de forma alguma foi considerado algo estranho ou muito errado. Afinal o Hamas é um partido palestino, muito popular inclusive, é totalmente normal que ele seja defendido em ato em defesa da Palestina.
Chegando no MASP embaixo da chuva pesada a Bateria Zumbi dos Palmares ainda estava muito animada. Em conjunto aos árabes principalmente, cantou por minutos em defesa da Palestina e aí começaram as falas de fechamento. Nesse momento o companheiro Henrique já havia sido censurado. As falas de fechamento foram principalmente das organizações árabes e no fim já foi convocada a próxima manifestação para sábado dia 04/11. Um bom sinal dado que a mobilização já está sendo puxada, mas a princípio pelas reuniões não foram determinadas grandes convocações.
Um balanço geral é que as organizações de esquerda estão muito à direita do que a maioria dos árabes que participam, eram centenas e depois do bloco do PCO, por causa da Bateria Zumbi dos Palmares, eram os mais combativos e animados. Eles, por exemplo, não tinham vergonha nenhuma de chamar a sua tradicional palavra de ordem: Taqbir! Alaú Aqbar! Que, caso fosse o PCO puxando, seria também censurado, pois isso é coisa de “terrorista”. O ato mostrou que é preciso travar uma ampla luta política dentro da própria esquerda que está capitulando muito diante da pressão do sionismo. Ante ao massacre de “Israel” na Faixa de Gaza é ridículo ficar com a picuinha de que é errado defender um grupo chamado de terrorista pela direita.