A frente de partidos de esquerda na França, Nova União Popular Ecologista e Social (NUPES), está sofrendo risco de um racha por conta da posição reacionária do Partido Comunista Francês (PCF) que condena o “terrorismo” do Hamas.
Isso porque o principal nome da aliança, Jean-Luc Mélenchon, da LFI (França Insubmissa) recusou-se corretamente a condenar o Hamas como terrorista. “Toda a violência desencadeada contra Israel e em Gaza prova apenas uma coisa: a violência apenas produz e reproduz a si mesma”, afirmou Mélenchon.
Os partidários do França Insubmissa compararam a posição do PCF à dos colaboradores do nazismo durante a ocupação alemão da França. O PCF não gostou da comparação, embora seja totalmente cabível.
“No último período, os insultos dos líderes da LFI, comparando a liderança do PCF aos colaboracionistas nazis, são, portanto, inaceitáveis e causaram indignação generalizada, porque banalizam a extrema direita e procuram dividir a esquerda. E a recente recusa em classificar como actos terroristas as atrocidades cometidas pelo Hamas, deliberadamente contra civis, enfraquece as manifestações necessárias para a paz no Médio Oriente e a luta contra os crimes de guerra do exército israelita.”
O interessante da nota do PCF, publicada em seu portal no dia 15 de outubro, é que estão indignados com as críticas da LFI, mas não estão nem um pouco indignados pelo genocídio promovido por Israel.
Na verdade, o PCF parece se indignar sem com a coisa errada. Segundo a nota, a ação do Hamas, a qual ela diz serem “atrocidades”, deveria ser classificada como “terrorista”, já os crimes de guerra israelense são apenas “crimes de guerra”.
Alguém poderia dizer que o PCF iguala as duas coisas, o que já seria uma posição muito reacionária. Mas não é verdade. O PCF trata com eufemismo os genocidas e verdadeiros terroristas do Estado de Israel, mas reforça as “atrocidades” do Hamas que é apenas um grupo de resistência.
O PCF não gosta, mas a comparação com os colaboracionistas dos nazistas cabe muito bem. A França foi invadida e ocupada por um exército de outro país. A resistência francesa reagiu inclusive usando métodos “terroristas”. Segundo a lógica do PCF, a resistência francesa cometeu “atrocidades” e foi “terrorista” contra os nazistas alemães. Já a Alemanha de Hitler teria cometido crimes de guerra. Colocando assim fica muito clara a política reacionária do PCF.
Por fim, a ideia de que as ações do Hamas “enfraquece as manifestações necessárias para a paz no Médio Oriente e a luta contra Israel” é completamente canalha. Quer dizer então que um povo esmagado há um século reage e a culpa pela fracasso da “paz” é dele. É como se os palestinos tivessem alguma condição de reagir pacificamente diante do Estado de Israel. Vale lembrar, um dos exércitos mais poderosos do mundo, apoiado pelo imperialismo, contra um povo que praticamente está desarmado.
A posição do PCF, além de vergonhosa, coloca o partido como abertamente pró-imperialista.