Completamente sem rumo, o PCB decidiu disparar contra o governo nacionalista de Nicolas Maduro em dois artigos no mesmo dia: “O plano de assalto ao PC da Venezuela” e “PCV segue firme contra política antipopular de Maduro”. A deixa do PCB são as denúncias feitas pelo seu homólogo, o PC venezuelano, que decidiu romper com Maduro em 2020 e se alinhar ao imperialismo novamente (a primeira vez foi de 2002 a 2018). Em 2020, o PCV rompeu com Maduro, supostamente por não concordar com os rumos “neoliberais” da Venezuela, porém, o que se sabe que historicamente, é que o PCV é um partido ligado ao imperialismo.
Na década de 1960, após rodada de prisões de lideranças que estiveram na luta armada, o PCV entrou em profunda crise, quando o partido cedeu ao imperialismo por intermédio da política da FUNDACOMUN – a Fundación para el Desarrollo de la Comunidad y Fomento Municipal, Caracas -, financiada pela USAID como parte do programa Alliance for Progress do presidente John Fitzgerald Kennedy. A FUNDACOMUN era uma agência privada de financiamento que apoiava os conselhos municipais em projetos de pequena escala. Foi aí que grande parte da esquerda se corrompeu.
Com a eleição de Chávez, o PCV ficou ao lado do ex-presidente da República Bolivariana, porém apenas no início; rapidamente o PC venezuelano se tornou um dos principais agentes de revoluções coloridas no país. Foi aí que o PC brasileiro tirou uma série de notas como a intitulada “USAID financia os partidos políticos e grupos de oposição na Venezuela”, onde o PCB denunciava a infiltração imperialista em 2010, para fim de revolução colorida:
“No ano passado houve uma explosão na Venezuela no que tange ao uso do Twitter e Facebook como mecanismos para promover campanhas contra o governo venezuelano e o presidente Chávez. Em setembro de 2009, foi lançada a campanha “Não mais Chávez” pelo Facebook, visando criar um sentimento exagerado a nível mundial sobre a dimensão e o potencial da oposição venezuelana. Ultimamente, o Twitter se tornou um meio dominado por jovens venezuelanos ligados à violenta oposição para promover “fontes primárias” de opiniões distorcidas sobre a realidade do país”.
Em 2018, o PCB denunciava a ingerência contra Nicolás Maduro “Estados unidos utiliza seus peões contra a Venezuela”. De acordo com o PCB,
“como se fosse uma volta no tempo, os Estados Unidos aplicam contra a Venezuela as mesmas políticas executadas contra a Revolução Cubana, nos primeiros anos da década de 60 do século passado. Atualmente, não encontrando uma maneira de derrotar o presidente Nicolás Maduro, eles lideram um grupo de países para tentar cercá-lo”.
O que norteou essa mudança no PCB em tão curto espaço de tempo? Estaria o PCB no bolso do imperialismo? Considerando a atual defesa feita por Jones Manoel e pelo PCB, a todo e qualquer elemento onguista de esquerda, é muito provável que o PCB, enfim, esteja saindo do armário do imperialismo.
Depois de ter denunciado, algumas vezes, os ataques do imperialismo via PCV, agora o PCB muda de posição e afirma que o PSUV estaria em “campanha violenta contra os comunistas venezuelanos”, o que não passa de uma afirmação falsa. Maduro está fazendo um bom mandato, considerando o forte embargo econômico. Em 2021, quando o PCV novamente se voltou contra Maduro, o PSUV fez uma caracterização da sabotagem:
“A atual direção do PCV tem levado esta campanha de difamação para o cenário internacional, mas sem sucesso, como era de se esperar. Com raríssimas exceções, a maturidade e a seriedade permitem aos partidos progressistas e revolucionários do mundo compreender o gigantesco desafio que representa o enfrentamento antiimperialista que travamos atualmente e do qual também fazem parte por meio de intensas campanhas de solidariedade à revolução bolivariano. Por fim, é preciso lembrar que o caminho da revolução é tortuoso, tremendamente complexo, onde se exige criatividade, firmeza de princípios, flexibilidade de tática e uma linha estratégica consistente. Foi Lênin, precisamente, quem disse que cada povo chegará ao socialismo por um caminho diferente, de acordo com suas condições específicas, e declarou o dogmatismo e o ultraesquerdismo como perigos terríveis para as revoluções”.
Sim, o ultraesquerdismo do PCV serve como cliente da USAID para golpes de Estado, assim como agora o PCB evolui para essa categoria. No caso do PCB, por tabela ataca Lula, aliado de Nicolás Maduro. O ultraesquerdismo do PCB cresce, de modo a virar a página do golpismo do PCV para atender sua política contra o Lula e a favor dos Estados Unidos.