A campanha para transformar o futebol-arte brasileiro no futebol europeu é incessante. Seja pela campanha por técnicos portugueses ou pelo esforço da burguesia em transformar o esporte popular em um esporte de elite, o esforço dos capitalistas em destruir o futebol brasileiro segue em frente.
Diferente do que historicamente foi o nosso futebol, os campeonatos espanhóis, ainda que disputados por 20 times, conheciam apenas dois campeões: Barcelona e Real Madrid. A cada passagem de cometa, talvez, aparecesse um campeão diferente, voltando à dualidade de Barça e Real por anos logo após a zebra. De forma geral, havia e há, até hoje, o domínio de dois clubes em detrimento do resto – sobretudo financeiramente.
O Brasileirão, por sua vez, sempre seguiu o caminho contrário. Muitos clubes competiam, subiam, caíam e, inclusive, venciam. Poderia haver dominância de um clube ou outro, como do São Paulo no começo do século XXI, mas rapidamente o nível da competição subiria e tal equipe seria ultrapassada. Em compensação, ao olharmos para a receita dos clubes atuais, por conta da máfia televisiva no futebol, vemos uma diferença escatológica entre os clubes. Enquanto Flamengo e Corinthians recebem mais de cem milhões, o Cuiabá e o Bragantino recebem menos de cento e cinquenta mil.
O cartel da comunicação que investe em cima do futebol popular atua, também, em cima das direções dos clubes. O processo de virarem SAF, por exemplo, é um ataque à lógica do clube pertencente aos seus torcedores; ao povo. O preço dos ingressos elevado, que transformou o público que assiste aos jogos nos estádios de trabalhadores para pessoas da classe média, também é um sólido ataque à popularidade do futebol, sendo considerado um esporte dos trabalhadores e oprimidos.
https://www.youtube.com/watch?v=mkokScAbX6M&list=PLykTA4bl8n37ScQ2HWeA8zvzjHJwBaMZ4&index=12
Sobre as transmissões, no entanto, a maioria dos telespectadores assistem nas Box. Se for para assistir o campeonato brasileiro, o estadual, Copa do Brasil, Libertadores e Sul Americana, focando só no esporte nacional, o trabalhador teria que desembolsar cerca de R$300,00 por mês apenas com as assinaturas pagas. É um absurdo fazer com que o trabalhador precise pagar uma vez para assistir aos jogos do seu time, porém, por todas as questões possíveis, é mil vezes pior ter que pagar diversos pacotes por assinatura para acompanhar o seu clube de coração. Como se não bastasse, a Anatel iniciou uma ofensiva contra as Box, transformando a realidade do trabalhador de assistir ao seu time mais complexa do que já estava. Na prática, houve um retrocesso para a década de 80, onde o esporte só podia ser assistido pelo rádio.
A evolução da internet e da TV, na prática, só serviu para os fins dos capitalistas, como visto no pay per view (pagar para ver) que varia de campeonato para campeonato – aumentando a dificuldade do operário assistir a todos os jogos e aumentando, simultaneamente, o lucro dos inimigos do povo. No Brasileirão, você paga a Globo, enquanto na Sul Americana se paga para a Conmebol, indo daí em diante.
A distribuição de valores, no entanto, age de forma ditatorial, seguindo o objetivo dos capitalistas. Dois exemplos literais do supracitado são a distribuição financeira entre as equipes, como falado anteriormente do Flamengo, com 160 milhões, e do Cuiabá, com 147 mil, e do fato da competitividade brasileira ter ficado, nos últimos cinco anos, principalmente entre duas equipes: Flamengo e Palmeiras.
O futebol deve ser do povo e para o povo, com transmissões gratuitas e ingressos a preços populares, para os trabalhadores voltarem a frequentar o estádio depois do expediente – algo impossível nos dias de hoje. Os tubarões capitalistas devem retirar suas mandíbulas do futebol, pois o mesmo deve ser governado por quem os mantém vivo e acessível: o povo.