Nesta sexta-feira (15), o Comitê Central Nacional (CCN) do Partido da Causa Operária (PCO) se reuniu na cidade de São Paulo (SP). A última reunião ordinária do ano da direção do PCO teve como discussão central a situação política internacional, com destaque para a luta da resistência palestina contra o Estado de “Israel” no Oriente Médio e para a vitória eleitoral de Javier Milei, figura de extrema direita que derrotou o peronismo na Argentina.
A situação na Palestina apresenta duas faces bastante contrastantes. Por um lado, o governo de Benjamin Netanyahu vem cometendo uma sequência infindável de crimes contra a humanidade — muitos deles que superam o que os nazistas fizeram durante a Segunda Guerra Mundial. Como resultado da política extremamente agressiva e inescrupulosa de “Israel”, já morreram, oficialmente, quase 20 mil palestinos na Faixa de Gaza, dos quais pelo menos oito mil são crianças. As mulheres correspondem a 25% desse total. Saltam ainda aos olhos o total de desaparecidos — 7.780, dos quais uma parte certamente está morta — e o espantoso número de pessoas “deslocadas” — isto é, expulsas de suas casas —, que já beira a cifra de dois milhões. Para completar o quadro, não podemos deixar de lembrar as cenas de escolas sendo invadidas, hospitais sendo bombardeados e médicos sendo sequestrados.
Apesar de toda a brutalidade sionista, há algo muito positivo nessa história. Até o momento, os combatentes do Hamas têm conseguido defender o seu território. As tropas sionistas não têm conseguido avançar por terra, resultando em uma grande baixa no número de militares. O próprio governo sionista já reconheceu que pelo menos 1,3 mil soldados estão feridos — o que indica que pode haver um número muito maior de atingidos pelos militantes islâmicos. Por fim, cabe destacar que, após o acordo de trégua, que permitiu que vários “ex-reféns” do Hamas viessem a público elogiar o tratamento dado por seus combatentes, o partido islâmico tem sido ainda mais bem visto.
Diante desta conjuntura, é provável, por um lado, que o governo de Benjamin Netanyahu intensifique os bombardeios nas próximas semanas, uma vez que a pressão para que “Israel” cesse os ataques será cada vez maior. O próprio secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, teria dito, segundo a imprensa de seu país, que “Israel” tinha “poucas semanas” para encerrar a ofensiva. Por outro lado, a situação também exige que o apoio popular à resistência palestina cresça, para aumentar a pressão contra as tropas sionistas e ajudar o Hamas, a Jiade Islâmica e demais combatentes a saírem vitoriosos.
É neste sentido que a direção do Partido da Causa Operária decidiu intensificar a mobilização em solidariedade ao povo palestino. Em São Paulo, onde o movimento se desenvolve com maior amplitude, já houve, pelo menos, oito atos públicos, mostrando uma tendência à mobilização. É necessário, contudo, agora que esses atos tenham uma perspectiva mais ampla e duradoura, de modo a arrastar os setores que ainda não estão participando da campanha. Por isso, o Partido decidiu que, enquanto acontecerem os bombardeios, irá convocar atos grandes a cada quinze dias. Esses atos, que terão carro de som, muitas faixas, bandeiras e serão abertos à todas as organizações interessadas, serão convocados amplamente com panfletos e cartazes, e ainda serão antecedidos por atos menores, que servirão para não deixar a campanha “esfriar” entre uma manifestação e outra.
Em relação à Argentina, os discursos e primeiras medidas tomadas por Javier Milei mostram que o presidente irá cumprir o que prometeu quando falou em levar adiante uma política “de choque” contra os trabalhadores. Milei, além de ser de extrema direita, pode ser caracterizado como “ultra neoliberal”, é uma figura que defende a destruição da própria economia para satisfazer o apetite dos tubarões do capital financeiro internacional. Em seu discurso de posse, o novo mandatário argentino reconheceu que a situação irá “piorar”, com inflação e aumento do desemprego.
Os trabalhadores argentinos, por outro lado, já estão começando a reagir, empurrando para a luta até mesmo os setores desorientados da esquerda local, que tiveram sua parcela de responsabilidade pela vitória de Milei. No dia 20 de dezembro, já está sendo preparada uma grande manifestação e greve contra o governo argentino. O Partido da Causa Operária irá enviar um correspondente de sua imprensa para acompanhar o desenvolvimento da situação no país vizinho.