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Esquerda golpista

Parte da esquerda não é Peter Pan, mas filoimperialista

Tentar analisar setores da esquerda como se tivesse Síndrome de Peter Pan, não nos deixa ver que, na verdade, há grupos que agem quase que abertamente em nome do imperialismo

Peter Pan

A matéria “A esquerda Peter Pan, o socialismo mágico, e a tomada do Palácio de Inverno em ritmo de baile da Ilha Fiscal”, de Roberto Ponciano, publicada no Brasil 247, ainda que faça algumas críticas corretas sobre certa esquerda brasileira, não toca no ponto essencial: que é o conteúdo de classe que leva esses grupos a se posicionarem politicamente, não um problema de quem se recusa a crescer e enxergar a realidade.

O texto inicia citando o Poema de Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade. “Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução”. Ponciano sustenta que o poeta “falava da inadequação do verso moderno, numa batalha entre rimas e versos brancos, de desconstruções e manifestos, diante de um processo de perda do elemento humano na literatura, que ao fim e ao cabo não é uma torre de cristal diante de um mundo que agoniza”. Bem, uma leitura mais próxima do texto nos mostra que ‘ser uma rima’ é ser igual, estar em conformidade com o mundo, não seria transformá-lo. É exatamente esse o problema de parte da esquerda que se tornou filoimperialista, defende os interesses do imperialismo, não da classe trabalhadora, age para manter o mundo como está.

Analisemos o seguinte trecho: “Chamo de socialismo mágico, ou socialismo Peter Pan esta confusa mitologia de permanente programa máximo que parte da esquerda brasileira propõe, o tempo todo, para qualquer conjuntura. Assim, Lula é apenas e tão somente um conciliador barato que está propenso a fazer todo e qualquer tipo de acordo com a nossa elite ou nossa burguesia para evitar a revolução, que sairá de alguma reunião do DCE da UFF em que possam discutir aos brados os mais extremistas ideólogos do PSTU, do PCB ou da ultra-esquerda psolista”.

Embora a crítica acerte na caracterização do ‘programa máximo’, que é uma demagogia que os partidos citados costumam utilizar, esse expediente não é em vão. Quando o PSTU caracteriza Lula ou Dilma como uma simples continuação do neoliberalismo, do programa burguês para o Brasil, utiliza o argumento para; primeiro, apoiar um golpe contra Dilma Rousseff e, depois, para dizer que não teria havido um golpe, pois PT e imperialismo seriam uma única coisa.

Para apoiar o imperialismo no caso da Ucrânia, esses partidos dizem que a Rússia também é imperialista, não tem como defendê-la. Essa é uma tomada de posição explícita em favor do imperialismo. Porém, como a posição da Ucrânia não ajuda muito, partem para dizer que “o povo, os trabalhadores” ucranianos devem se levantar contra o governo Zelensky, e aí apresentam o socialismo como única saída para a humanidade.

A posição do PSTU, sua adesão ao imperialismo, vem num crescendo, conforme aumenta a polarização no mundo. Se em 2016 chamou um ‘Fora Todos’ e em 2022 alegou que a Rússia seria imperialista; em 2023 tentou arrancar o microfone das mãos de um militante do PCO quando discursava em favor do povo palestino e do Hamas. Em outras palavras, agiu como polícia do sionismo e, por extensão, do imperialismo.

O que seria a “ultra-esquerda psolista”? Essa gente não consegue ouvir a palavra ‘Hamas’ sem ter um ataque histérico. Assim como faz toda a imprensa imperialista, trata o grupo como terrorista. O sítio do Esquerda Online, de Valério Arcary (ex-PSTU), demorou seis dias para se pronunciar sobre as hostilidades israelenses contra Gaza e, ainda assim, se limitou a publicar uma nota curtíssima e burocrática do PSOL.

O problema da classe operária

O texto de Roberto Ponciano cai no erro da caracterização da classe operária ao afirmar que “os partidos da classe operária não falam para a classe operária, falam para uma pequena plateia de estudantes universitários e ou funcionários públicos radicalizados. São partidos da classe média culta politizada com uma retórica sectária e pseudo-avançada (…) Toda a teoria revolucionária marxista escrita no século XX foi para esta classe operária pujante, que chegou a ser mais de 30% da mão de obra no Brasil.(…) Hoje a classe operária no sentido fabril, no Brasil, não chega a 12% da mão de obra”.

Ora, na Revolução Russa, por exemplo, a classe operária era minoritária. A China, como a Rússia, também era um país essencialmente agrário. Em Cuba, o que se pode dizer? A questão da classe operária não pode se prender a um problema numérico, mas qualitativo.

Não podemos nos esquecer que a classe operária quando Marx e Engels desenvolveram o materialismo científico era diferente dos tempos da Revolução Russa. Essa mesma classe era outra na China, em Cuba. No Brasil, a classe operária não é a mesma da época da fundação do PT. No entanto, é assim que funciona, a classe trabalhadora está em constante evolução, e isso não invalida o materialismo dialético. As revoluções são resultado de determinadas condições sociais e da ação de uma vanguarda. Lembrando que, sim, a classe trabalhadora no Brasil é muito numerosa. 

O problema não é que “uma boa maioria de marxistas brasileiros ainda opera o materialismo dialético como se ainda existisse o capitalismo fordistas e estivéssemos na Alemanha de 30 ou na Rússia de 1917”, mas que abandonaram o marxismo, apenas fazem demagogia e apresentam palavras de ordem ultra-esquerdistas e vazias em seu conteúdo.

A cobrança do PT

Essa esquerda que diz “que Lula tem que usar o programa máximo sempre” não quer que Lula governe por decretos. Essa gente, na verdade, tentou impedir a candidatura do petista. Foi o PCO quem primeiro levantou a necessidade de Lula como um candidato para unificar a esquerda e como única forma de, com o acúmulo de forças, se derrotar o golpe.

Se parte da esquerda utiliza qualquer pretexto para atacar o governo, não podemos esquecer que PSOL, PSTU, PCB, todos tentaram minar a candidatura Lula, chegaram a propor uma frente ampla com a direita “civilizada” em nome de se combater o fascismo, encarnado na figura de Jair Bolsonaro.

O desgaste que esses grupos tentam infligir ao governo Lula estão muito além de setores que insistem em não crescer. Estamos falando de partidos e tendências que ajudaram a colocar no poder Michel Temer e a devolver o Brasil para o mapa da miséria.

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