Cinismo asqueroso

Para Estadão, massacre em hospital vira “incidente” em Gaza

Quando se trata de palestinos, massacre vira "incidente"

Matéria recente do Estado de S. Paulo, afirma que o fato de Israel ter bombardeado um hospital com feridos, doentes, crianças e idosos dentro, na Faixa de Gaza, é um “incidente”, que dificulta as negociações de paz e o “diálogo” de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, o responsável final pelo que está acontecendo. Esta ação de Israel levou à morte imediata que 400 a 500 pessoas que estavam neste hospital.

A matéria afirma que “a visita de Joe Biden a Israel, incomum para um presidente americano em uma zona de guerra, desperta esperanças na diplomacia. Mas o cancelamento do seu encontro com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, o rei Abdullah da Jordânia e o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, logo após a notícia da explosão de um hospital em Gaza, mostra o quão estreita é a corda bamba em que a diplomacia dá seus passos no Oriente Médio e o quão fácil é tensioná-la e até rompê-la, mandando as esperanças pelos ares”.

O primeiro problema é que não é possível depositar esperança em diplomatas que são a favor do massacre do povo palestino. Este é o caso do governo norte-americano e seu preposto no Oriente Médio, o estado de Israel. A matéria fala cinicamente em “explosão de um hospital”, como se fosse obra do acaso ou de um acidente, quando todos sabem que é obra do Estado de Israel, que ainda falou que os palestinos é que cometerem esse atentado.
Biden, segundo o Estadão, quer “apoiar a defesa de Israel e proteger os civis de Gaza; combater o Hamas e buscar alternativas para um Estado palestino; engajar os países árabes e respeitar sua preocupação com os palestinos; dissuadir o Irã sem provocá-lo”. Tudo mentira escancarada que só denota o que quer a burguesia mundial, expressado em sua imprensa.

Antes da ação do Hamas, esses mesmos diplomatas estavam satisfeitíssimos com a situação do povo palestino, martirizado por décadas a fio pelo imperialismo norte-americano e Israel. Nunca quiseram “alternativas” para o estado palestino, nem demonstraram preocupação alguma com o que acontecia com esse povo. Joe Biden viajou para Israel para ver como acabar com a guerra, ou seja, acabar com os palestinos de uma vez por todas. Essa é a “paz”, a “diplomacia” que os imperialistas querem.

Fora este fato, a imprensa faz questão de mentir descaradamente sobre o ocorrido. O Estado de S. Paulo afirma cinicamente: “após as atrocidades sofridas por Israel, manter-se nos padrões morais e legais é de fato difícil. Mas fazê-lo é não só questão de princípio, como de interesse, e seus aliados podem ajudá-lo, em meio ao pânico e à cólera, a combater com sabedoria”.

Ora, só quem está totalmente comprado pelo imperialismo pode fazer tal afirmação. Os palestinos, até o dia da ação do Hamas, viviam em guetos, na realidade, em campos de concentração, sendo massacrados, torturados e mortos todos os dias desde a criação do estado artificial de Israel. Até ali estava tudo bem. Os palestinos, por meio do Hamas, reagiram e disseram basta! Em retaliação, dentre outras coisas desumanas e macabras, Israel explodiu um hospital. O máximo que o Estadão pode dizer é que faltou “sabedoria”, e se manter dentro dos padrões legais e morais. Sendo que a própria existência do Estado de Israel é um questão totalmente ilegal e imoral.

E quando se trata dos palestinos, não existem afirmações decisivas, mas tudo é suposto: “mas, como costuma acontecer no Oriente Médio, no momento em que uma janela se abria à diplomacia, ela foi atingida literalmente por uma bomba. Notícias de Gaza de um hospital supostamente pulverizado por Israel correram o mundo. Os israelenses apresentaram indícios consistentes de que pode ter sido um acidente de um foguete disparado pela Jihad Islâmica palestina”. A tese do Estadão é a tese do Estado de Israel.

A matéria conclui: “se Israel cometer crimes de guerra, é justo que pague. Mas, para que a justiça seja feita e os esforços pela paz não sejam implodidos, a imprensa, as mídias sociais e as autoridades também precisam exercer seu dever de autocontenção”.A simples existência do Estado de Israel, tal como está colocado, já é um crime de guerra. Tudo que este estado fez contra os palestinos é crime de guerra, e a situação atual só revela o verdadeiro interesse do imperialismo na região: varrer com os palestinos e suas organizações, e manter o capanga norte-americano no Oriente Médio, que é Israel. Esse massacre, como já estamos vendo, será chamado de incidente. Quando se trata de martirizar o povo palestino, tudo é incidente.

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