A desmoralização e a decadência dos EUA, um fenômeno que se manifesta em diversas regiões do planeta, é visível a olho nu. A outrora toda poderosa potência econômica e militar já não é mais a mesma e os sintomas estão por todas as partes.
A crise histórica do capitalismo e seu ingresso na etapa de agudização das contradições (imperialismo) faz emergir todos os antagonismos intrínsecos ao modo de produção lastreado na propriedade privada dos meios de produção.
Na tentativa de sobreviver à crise – que tudo indica veio para ficar – os Estados Unidos e, de uma forma geral, o imperialismo, buscam atacar os países de economia mais frágil e vulnerável, tentando com isso algum fôlego para manter-se vivo.
Um exemplo cristalino dessa etapa de crise e desespero dos EUA é o que vem ocorrendo no continente sul-americano, região que há algumas décadas era o “quintal dos americanos”, com a quase totalidade dos governos diretamente controlados pela Casa Branca.
Surge a informação hoje, dia 02 de junho, através do portal Sputnik, que os EUA estão (re)militarizando o Panamá, e que podem fazer o mesmo com áreas de selva da América do Sul. De acordo com o major Felipe Camargo, ex-membro das Forças de Defesa do Panamá, os americanos estão buscando provocar um efeito no governo panamenho, buscando observar sua reação.
O que se sabe nesse momento é que altos funcionários da administração Biden estariam pressionando para que o Pentágono envie tropas à selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, para conter o contrabando de drogas, tráfico de pessoas e imigração irregular. Ou seja, a mesma ladainha que sempre serviu de pretexto para os EUA intervirem no continente sul-americano, e dessa vez, muito claramente, a julgar pela evolução da situação política, não será diferente.
E porque exatamente o Panamá? As razões parecem óbvias se olharmos a conjuntura geopolítica internacional, pois os EUA estão em “guerra” com a China, o gigante asiático que se aproxima da região latina buscando abrir espaço para chegar ao Pacífico. Os EUA sabem disso e as ações norte-americanas estão voltadas para obstaculizar os intentos chineses.
Especialistas da inteligência estratégica norte-americana consideram que a pressão para o envio de “conselheiros” militares dos EUA é bem mais do que apenas um indício. Sem condições políticas para realizar uma invasão aberta e ostensiva nesse momento – como fizeram em vários países, por inúmeras vezes, nas décadas de sessenta e setenta do século passado – os EUA promovem uma espécie de “invasão sorrateira, disfarçada”. A chefe do Comando Sul dos EUA, general do Exército Laura Richardson, visitou a região de Darién em meados de maio para ver a situação atual lá. A militar de alta patente também esteve recentemente no Brasil, onde foi recebida pela embaixadora norte-americana e também pelo ministro da Defesa do atual governo brasileiro.
Portanto, os preparativos do Pentágono para mais uma ação militar no continente, sob o pretexto fajuto de combate às drogas e à imigração ilegal, obriga o Brasil e outros países – mas principalmente o Brasil – a ficar atento a todas as movimentações na região de floresta e selva, pois sob o falso argumento de defesa, por exemplo, da Amazônia, da natureza, enfim, da “pobrezinha” da biodiversidade e outras pautas sensíveis à opinião pública, particularmente da classe média, o que os EUA desejam mesmo é a intervenção aberta, pura e simples, buscando com isso recompor sua influência geoestratégica no continente sul e centro americano.
Começa assim, primeiro o Panamá, a Colômbia e depois os demais, e para chegar aqui, até nós, é um pulo só.