A colunista do UOL, Milly Lacombe, reagiu assim à notícia de que Neymar alcançou Pelé em números oficias de gols pela Seleção: “Esqueçam Pelé: Neymar não pode sequer ser comparado a Zico”.
Entre um argumento e outro, Lacombe tenta explicar que números não são suficientes para entender o futebol: “Um número é apenas um número quando não inserido em contexto”. Ela não está errada, mas a grande questão é: por que o desprezo pela marca de Neymar?
De fato, “números sem contexto” não servem para nada no futebol. Futebol não é matemática, futebol é arte, futebol é passional. Mas os números devem ser colocados no contexto e devem servir para mostrar algumas coisas. Uma dela é a de que Neymar obteve um grande êxito, coisa que grandes craques que vieram antes dele não conseguiram. Será coincidência? Claro que não. Neymar é “fora de série”, como a própria colunista admite.
O que chama a atenção é o tom acusatório contra Neymar, como se ele fosse culpado de algum crime. Como se Neymar tivesse desdenhado do rei Pelé quando fez o gol. Coisa que não aconteceu, pelo contrário, Neymar homenageou o Rei. Não fosse a campanha contra o jogador brasileiro, a homenagem poderia ter gerado emoção, mas Neymar é mostrado como um bandido.
Seria injusto dizer que Neymar se comparou a Pelé, ele não fez isso. Também não é verdade que a imprensa teria se apegado aos números para colocar Neymar acima de Pelé. O que mais se viu, foram reações como a de Milly, desmerecendo Neymar.
Milly aifrma que “a FIFA quer números e a CBF se curva mesmo que seja para correr o risco de diminuir a relevância de Pelé.” De fato, a FIFA se esforça por desmerecer Pelé. Mas Milly Lacombe ataca pelo flanco errado. O desmerecimento vem, por exemplo, todas as vezes em que aparece alguma notícia, algum número maquiado, para mostrar que Maradona seria melhor que Pelé, ou que Messi seria melhor que Pelé, ou que Cristiano Ronaldo seria melhor que Pelé.
Jogador brasileiro como Neymar normalmente recebe o mesmo tratamento dado para Pelé. Um lixo!
Agora Milly Lacombe se finge preocupada com Pelé para reforçar: “Neymar você é um lixo”.
Aliás, lixo é a maneira como os jogadores brasileiros são tratados. Segundo vários artigos da imprensa golpista, Pelé é um mau-caráter porque abandonou a filha, porque não ligava para a luta dos negros etc etc etc. Tudo isso, supostamente. Tudo isso, para reduzir a importância de um dos artistas mais relevantes do século XX, um negro brasileiro.
Quando aparece algum gaiato para encontrar um argentino ou europeu perna de pau e apresentá-los como sendo “melhores que o Pelé”, normalmente o que vemos é o silêncio da imprensa. Mas bastou Neymar passar o rei em números oficiais, aí de repente todos estão preocupados com Pelé. É um cinismo total.
Neymar não é melhor que Pelé. Ninguém foi ou ser melhor que Pelé. De fato, a marca de Neymar se estringe a jogos oficiais. Mas também é um fato incontestável que Neymar é dos mais nobres entre os nobres pertencentes à corte do Rei Pelé, chamada Brasil.