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Campanha imperialista

Para a Alemanha, tudo, para os brasileiros, nada

No futebol, um europeu precisa errar muito para ser um pouquinho criticado, já um brasileiro é muito criticado até mesmo quando acerta

Essa poderia ser uma matéria sobre a dominação do imperialismo alemão sobre os países atrasados, como o Brasil. E de certa forma, é isso mesmo, mas no futebol.

Já explicamos muitas vezes que o imperialismo domina todas as esferas da vida social. Para impor seu domínio econômico, precisa controlar a política e para obter um controle mais efetivo da política precisa influenciar também na cultura.

Portanto, o futebol não poderia estar isento do domínio do imperialismo. Dizer que o imperialismo não exerce influência sobre o futebol é como dizer que o imperialismo não liga para a indústria de petróleo. E o futebol tem algo bem peculiar: é um negócio muito lucrativo e ao mesmo tempo um fenômeno cultural.

Tudo o que acontece no futebol deve ser analisado desse ponto de vista. Por isso, quando dizemos que o imperialismo faz uma campanha contra o futebol brasileiro, estamos dizendo que essa campanha tem o objetivo econômico e também cultural. Mais fácil dominar politicamente aqueles que estão dominados culturalmente. Convencer o brasileiro de que o futebol no Brasil e sua Seleção são um lixo é parte importante desse esquema de domínio econômico do imperialismo.

Toda essa volta porque desde os 7 a 1, há uma espécie de depressão que se abateu sobre o brasileiro, como se ele tivesse se convencido de que não somos mais os melhores do mundo. Essa campanha não é nova, mas os 7 a 1 e a fila sem títulos mundiais parecem ter renovado essa campanha.

Naquela Copa, tentaram convencer os brasileiros que os alemães eram um exemplo a ser seguido. Tudo deveria ser copiado dos alemães. Não faltou gente para dizer que as características alemãs eram superiores aos dos brasileiros, as palavras “disciplina” e “eficiência” foram muito usadas. Nessas horas, não vem nenhum identitário acusar o nazismo por trás desses elogios, o que prova que o identitarismo é uma ideologia imperialista, já que o que mais se vê é identitário atacando jogadores brasileiros, os “macaquitos”, como diriam os nossos hermanos argentinos.

Cada período tem sua própria moda. Antes dos alemães foram os espanhóis, antes deles os italianos, depois dos alemães, os franceses. A cada quatro anos, uma seleção entra na moda para depois ser varrida. Agora, com menos ênfase, são os argentinos. menos ênfase porque, apesar de serem a nação mais europeia da América Latina, eles continuam sendo sul-americanos. Então, a única serventia de um argentino no futebol é ser usado contra o brasileiro.

Desde 2006, foram se acumulando modinhas: Itália, Espanha, Alemanha, França. A Seleção Brasileira, durante esse tempo toda, foi transformada em nitrato de pó de merda. Tudo para convencer nosso povo de que sua cultura, o futebol-arte, já não era nada demais.

Mas basta olhar a coisa em perspectiva e veremos o óbvio: a moda passa, o futebol brasileiro continua. Todas as seleções da moda passaram vergonha, mas muita vergonha em algum momento. Todas as que foram alçadas como a “grande inovação e grande potência do futebol” contra os brasileiros “atrasados” foram caindo e saindo de moda.

Já a Seleção Brasileira, embora esteja desde 2002 sem um título mundia, também está desde 2002 sem ninguém capaz de alcançá-la em número de títulos. O que mostra que a superioridade brasileira é realmente muito grande. Nenhuma modinha foi capaz de igualar os títulos do Brasil ainda.

Além disso, em todas essas Copas, lá estava o Brasil jogando como favorito, passando da primeira fase e chegando pelo menos até as quartas, coisa que, com exceção da França em 2022, as modinhas não conseguiram fazer.

Caso particular é o da Alemanha, aquela que nos deu aula de “eficiência” em 2014. Foi eliminada ainda na primeira fase na Copa de 2018 e de 2022. E nesse dia 9, os alemães conseguiram apanhar do Japão de 4 a 1, em casa, num jogo amistoso.

Perder, inclusive de goleada, faz parte, acontece nas melhores famílias. A grande questão, no entanto, é que a Alemanha só prova que a modinha da seleção “eficiente” não deveria colar. Não bastou ter sido eliminada pelo mesmo Japão na última Copa, ela leva 4 num jogo em casa.

Vale uma nota também do sofrimento da seleção inglesa para empatar por 1 a 1 com a Ucrânia. Por mais que possamos fazer considerações sobre a qualidade do futebol ucraniano, o país está em guerra, num crise social gigantesca. Mesmo assim, a Inglaterra sofreu para empatar.

E aí, voltamos ao início desse artigo. Se acontecer com o Brasil um décimo desse fiasco, não há dúvidas que o mundo inteiro seria tomado por uma campanha para dizer que o futebol brasileiro não presta nem nunca prestou.

A estreia da Seleção contra a Bolívia nas eliminatórias, nessa sexta-feira (8), é prova disso. Os 5 a 1 não foram suficiente para grandes elogios. Se é fato que a Bolívia não é uma grande seleção, também não poderíamos dizer que o Japão é grande o suficiente para golear fora de casa.

O colunista Juca Kfouri, do UOL/Folha de S. Paulo, dedicou duas colunas, uma para cada um desses jogos. Justiça seja feita, Kfouri não avacalhou a Seleção Brasileira, mas o tom de sua coluna mostra certo desdém para com o Brasil. No caso dos alemães, impossível não tirar sarro, mas falta ao cronista brasileiro a noção de que fomos vítimas de uma farsa quando diziam que os alemães eram os maiorais, e que é sempre uma farsa quando encontram o mais novo maioral melhor do que o Brasil.

Falta essa noção justamente porque o cronista brasileiro está colonizado pela propaganda imperialista. Ele realmente acredita que o Brasil é inferior, que nosso futebol é ultrapassado, que os europeus são melhores. Basta acompanhar diariamente as colunas nos jornais.

Os europeus podem errar muitas vezes e serão muito pouco criticados. Já os brasileiros, mesmo quando acertam, são criticados, e muito. Essa é a lógica do imperialismo para dominar o nosso futebol.

Mas uma coisa é certa. A propaganda imperialista contra o nosso futebol pode até confundir a cabeça das pessoas. Mas no final, a realidade se impõe, as modinhas passam, e o que fica sempre é o melhor futebol do mundo: o brasileiro. É o “óbvio ululante” do qual falava Nelson Rodrigues.

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