Na última segunda-feira (13), o papa Francisco afirmou, durante uma entrevista a um sítio argentino por ocasião dos 10 anos de seu pontificado, que o desmatamento no Brasil é “escandaloso” e que o país está “preso à exploração das riquezas naturais”.
“O Brasil é um continente, é uma explosão de riqueza, é a segurança do futuro com o Mato Grosso. E, por isso mesmo, está tão preso à exploração das riquezas naturais, o desmatamento é impressionante no Brasil, é escandaloso”, afirmou o papa.
Apesar do que diz, o Papa não está verdadeiramente preocupado com a preservação o meio ambiente no Brasil. Como uma figura internacional importante, tende a seguir a política do imperialismo no que diz respeito aos assuntos mais importantes, política que, no caso da Amazônia no Brasil, se resume a querer arrancar uma das principais riquezas do povo brasileiro e entregá-la aos grandes capitalistas, em primeiro lugar, às grandes mineradoras internacionais.
Cabe explorar as contradições presentes na declaração em questão. Já que condena o desmatamento no Brasil, segundo o Papa, é algo negativo o País estar “preso à exploração das riquezas naturais”. Entretanto, que país não o está? Ou melhor, que sociedade não o está? Os países imperialistas dependem de recursos naturais tanto quanto os países atrasados, como o Brasil. Entretanto, a maioria dos recursos que consomem não vêm de seus próprios territórios, mas sim por meio da exploração de outros países ao redor do mundo.
Independente disso, recursos naturais – e não é à toa que são chamados de riquezas naturais – são essenciais para o desenvolvimento de qualquer sociedade, pois só é possível desenvolver a indústria, o principal motor de desenvolvimento de um país, por meio, em primeiro lugar, de recursos naturais, como petróleo, minérios e afins. E o desenvolvimento de um país está diretamente relacionado com a qualidade de vida de sua população. Ou a qualidade de vida dos alemães não é melhor que a dos guatemaltecos, por exemplo?
Se o Papa propõe-se a defender a paz e o bem-estar dos povos em todo o mundo, deveria defender uma política completamente diferente em relação à maior floresta do mundo: é preciso explorar a Amazônia em prol do desenvolvimento industrial. Decerto que, principalmente com a tecnologia de hoje em dia, isso não precisa resultar em uma exploração desenfreada que cause um impacto ambiental necessariamente negativo. Acima disso, é o que deve ser feito.
Nesse sentido, deveria ser partidário da política de desenvolvimento da região amazônica por meio dos recursos naturais da floresta e de seu subsolo, desenvolvimento que deve ser comandado pela população local. Isso, por si só, traria um gigantesco avanço não apenas para os índios, ribeirinhos, camponeses e demais habitantes da região, como também ao resto do Brasil.
Os interesses do papa, porém, não podem ser simplesmente resumidos à defesa da humanidade. Seus interesses são outros e, mais especificamente, condizentes com aqueles do imperialismo. Em 2020, por exemplo, Francisco rejeitou a internacionalização da Amazônia como solução para o “problema ecológico” presente na floresta. Ao invés disso, defendeu a presença de organizações não governamentais (ONGs) na região. Uma política talvez mais reacionária – decerto que mais rasteira – que a primeira, já que representa a entrega da Amazônia às grandes potências imperialistas de maneira oculta, com suas influências escondidas por detrás das ONGs.
Além disso, em 2021, o papa nomeou Virgílio Viana, chefe da ONG Fundação Amazônia Sustentável (FAS), como membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais do Vaticano. O sítio na Internet da FAS não deixa dúvidas quanto aos objetivos da ONG: é abertamente financiada por organizações imperialistas como a USAID, a Unileven, a PNUD (da ONU), o Bradesco, a Coca-Cola, a Google, a Microsoft e muitas outras – empresas e organizações que, diga-se de passagem, são responsáveis por boa parte do desmatamento no mundo.
Em suma, historicamente se alia ao imperialismo na missão de roubar a Amazônia do Brasil. Defende uma política que vai completamente na contramão dos interesses e das necessidades do povo brasileiro, priorizando, nesse sentido, a exploração e o lucro das pessoas mais ricas do mundo. Um posicionamento completamente avesso ao que prega o cristianismo.