Nos anos recentes, os setores mais poderosos da burguesia imperialista adotaram o identitarismo como uma espécie de ideologia oficial. A demagogia com as ditas “opressões” está em todos os jornais, está nas redes sociais dos governos imperialistas, em suma, o imperialismo parece ter se transformado no maior preocupado com a vida das pessoas oprimidas.
Acreditou e ainda acredita, quem quiser! Amplos setores da esquerda pequeno-burguesa acreditaram e foram cooptados pelo imperialismo.
Intelectuais limitados ou simplesmente venais enchem a imprensa e as universidades com artigos defendendo as mais absurdas ideias, teorias anticientíficas e reacionárias disfarçadas de progressistas.
Dentre algumas das ideias identitárias, o “decolonialismo” é muito comentado. Em termos gerais, seria uma luta contra um colonizador que ninguém sabe direito qual é e um opressor que ninguém define direito quem é. Na verdade, é a luta contra um colonialismo que não existe mais, que na melhor das hipóteses ficou na história séculos atrás e na pior nunca existiu de fato como eles tentam explicar.
Outra característica dos identitários é transformar a luta de classes em luta racial. Não há mais classes, mas apenas raças. O europeu é opressor e ponto final. O branco é opressor e ponto final. Mais ou menos como a ideia expressa pela ex-assessora da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que acusou a torcida do São Paulo de ser “paulista, branca, europeia, safada”. Ou seja, na cabeça do identitário o paulista genericamente seria europeu. O europeu seria safado. E todos seriam brancos. Não é a luta contra um opressor de verdade, mas uma “luta” contra o povo todo.
Mas eis que a realidade se impõe. O povo mais esmagado do mundo está sendo massacrado por um Estado fortemente armado. Expliquemos melhor.
O povo palestino, árabe, seria o típico povo escuro. O Estado de Israel é invasor. Os ingleses (ou seja, europeus safados) colonizaram a palestina. Com a decisão da ONU de criar o Estado de Israel os ingleses foram permitindo que os israelenses se armassem até que pudessem sair do país. Ou seja, Israel não é nada mais do que um instrumento do imperialismo para manter a colonização dos palestinos.
Mas a coisa fica pior. Quem chegou para ocupar a região e formar o Estado de Israel foram europeus (brancos safados). Esses europeus iniciaram um processo de expulsão dos palestinos de suas terras. A história se desenvolve sempre nesse sentido até que a Faixa de gaza e a Cisjordânia tornam-se verdadeiros campos de concentração.
Isso sem contar que toda o imperialismo, ou seja, colonialistas, apoiam Israel nesse massacre.
Dá para ter alguma dúvida de que estamos diante de um caso real de massacre de tipo colonial? Não dá. E onde estão os identitários? Não sabemos.
Logicamente que o imperialismo, depois de tanta campanha demagógica, agora sofre com isso, diante da escancarada ação israelense de limpeza étnica. Há um nítido abalo no apoio que o imperialismo conseguiu com essa demagogia.
Mas é fato também que a energia que os identitários encontram para hostilizar qualquer um que desagrade seus dogmas religiosos eles não encontram para defender os palestinos.
A imprensa e os meios oficiais do imperialismo abandonam descaradamente a demagogia “decolonial”.
A palavra de ordem do imperialismo “decolonial” é: todo apoio ao massacre e à limpeza étnica promovidos pelo Estado de Israel.