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Continente em ebulição

Países africanos se rebelam contra dominação imperialista

Os páises da região do Sahel são a linha de frente na luta contra o imperialismo na África nos últimos anos, apontam para um grande levante em todo o continente

A crise imperialista se aprofunda. Na segunda-feira, 31 de julho, os soldados nigerinos que derrubaram o presidente eleito, Mohamed Bazoum, acusaram a França de “querer intervir militarmente”. Isso é falso”, respondeu a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, na BFM-TV. “A única prioridade da França é a segurança de seus cidadãos. […] As medidas que estamos tomando têm como único objetivo garantir a segurança de nossos compatriotas”.

No dia seguinte a uma manifestação de apoio à junta em frente à embaixada da França, a Sra. Colonna também negou “clara e firmemente” as alegações feitas por alguns oficiais nigerinos que disseram à imprensa que a França havia disparado munição real contra os manifestantes. “O que vimos [no domingo] foi uma manifestação organizada, não espontânea, violenta, extremamente perigosa, com coquetéis molotov, bandeiras russas, slogans anti-franceses… todos os ingredientes de uma desestabilização ao estilo russo-africano”, enfatizou ela na BFM-TV.

A França, antiga metrópole colonial no Níger e apoiadora ferrenha do presidente Bazoum — deposto no golpe nacionalista —, parece ser o alvo preferido dos soldados que assumiram o poder em 26 de julho. “De acordo com sua política de buscar formas e meios de intervir militarmente no Níger, a França, com a cumplicidade de alguns nigerinos, realizou uma reunião na sede da Guarda Nacional do Níger para obter as autorizações políticas e militares necessárias” para reintegrar o Sr. Bazoum, disse um comunicado de imprensa da junta na segunda-feira.

No domingo, os países da África Ocidental deram à junta militar do Níger um ultimato de uma semana para um “retorno total à ordem constitucional”, dizendo que não descartariam “o recurso à força” se isso não acontecesse.

Reunida em Abuja, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também decidiu “suspender todas as transações comerciais e financeiras” entre seus estados-membros e o Níger, e congelar os bens dos oficiais militares. A Alemanha e a Espanha também anunciaram a suspensão da ajuda ao desenvolvimento e do apoio orçamentário ao Níger.

A União Europeia (UE) alertou que responsabilizará os golpistas por “qualquer ataque contra civis, pessoal diplomático ou instalações”, de acordo com seu chefe de diplomacia, Josep Borrell. Ela “apoiará rápida e resolutamente” as decisões da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)

Por sua vez, a Rússia, cuja bandeira está sendo agitada por manifestantes pró-Junta em Niamey, pediu na segunda-feira, ao tradicional estilo da diplo a “restauração da legalidade no país o mais rápido possível” e a ” moderação de todas as partes”. Mas o temor por parte da junta militar é a possibilidade crescente de uma intervenção orquestradas pelos países imperialistas.

Lágrimas de crocodilo

Ainda em 2022, o chefe de Estado francês denunciou as ações do grupo mercenário russo Wagner no Mali e na República Centro-Africana. Emmanuel Macron acusou a Rússia de alimentar a propaganda antifrancesa na África para servir a um “projeto de predação” sobre os países africanos em dificuldade, os quais a França sofreu reveses militares nos últimos anos e, de modo mais geral, uma perda de influência.

“Várias potências que querem construir influência na África, estão usando isso para prejudicar a França, para prejudicar sua língua, para levantar dúvidas, mas acima de tudo para buscar seus próprios interesses”, continuou o chefe de Estado francês.

A emergência dos nacionalistas africanos

O que vemos no Níger não é novo. Nos países de capitalismo atrasado não é incomum que setores nacionalistas tomem o poder através de golpes de Estado, tal qual Nasser e seu “Movimento dos Oficiais Livres” no Egito. Mais recentemente, após uma década de presença militar no Mali como parte de uma operação antiterrorista fracassada, a França retirou suas tropas a mando do exército malinês, que tomou o poder em mais um golpe nacionalista no ano de 2020. A junta militar, então, convidou a companhia militar privada Wagner para ajudá-los em sua luta contra as guerrilhas islâmicas, rompendo todos os laços com Paris.

A crise colonial imperialista se alastra como fogo em palha seca. Outro exemplo que, apesar de não se tratar de um golpe, também se enquadra na emergência de demanda por soberania na África, é o caso da RCA. Depois que a maior parte das tropas francesas deixou a República Centro-Africana, Moscou enviou instrutores militares em 2018 e, em seguida, centenas de mercenários do Grupo Wagner em 2020, a pedido do presidente, que enfrentava uma rebelião preocupante. Os últimos soldados franceses deixaram o país em dezembro de 2022. Coincidentemente, em fevereiro o especialista independente da ONU sobre a situação dos direitos humanos na República Centro-Africana acusou o exército e seus aliados russos de abusos contra a população e os representantes eleitos.

O fato é que a Rússia, através do Grupo Wagner, tem angariado os favores de diversos Estados africanos, promovendo assessoria, treinamento e serviços de segurança. A ação do grupo mercenário, aparentemente vem influenciando setores anti-coloniais (em especial nas forças armadas) a tomarem as rédeas do poder em seus respectivos países, realinhando o continente africano no tabuleiro geopolítico. Internamente, isso significa a promoção de setores nacionalistas, o que, nos países de capitalismo atrasado, leva à agudização da luta de classes entre o capital monopolista internacional e o povo que busca sua independência.

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