A ação do Hamas em 7 de outubro abriu uma etapa de crise muito profunda no mundo todo. Se é fato que o imperialismo entrou em crise, também é fato que os governos do Oriente-Médio foram colocados numa situação bastante delicada.
O genocídio que Israel está promovendo contra os Palestinos está levantando a população árabe e muçulmana no mundo todo, em particular na região.
Governos pró-imperialistas como o do Egito e da Jordânia foram obrigados a se pronunciar contra Israel, ainda que nenhuma ação concreta tenha sido feita.
O Egito teme que a crise termine numa derrubada do governo, que já estava sob pressão antes mesmo do conflito. Vale lembrar que o atual governo do Egito é uma ditadura que chegou ao poder após um golpe militar que derrubou um governo da Irmandade Muçulmana que havia emergido após enormes mobilizações contra a ditadura de Hosni Mubarak. Qualquer solavanco no regime político do país pode colocar abaixo a ditadura atual.
Estima-se que a Jordânia tenha mais de 2 milhões de palestinos refugiados, o que só aumenta a pressão sobre a monarquia do país. O primeiro-ministro afirmou, nessa segunda-feira (6), que “qualquer tentativa ou criação de condições para deslocar os palestinos de Gaza ou da Cisjordânia é uma linha vermelha e a Jordânia considerará isso uma declaração de guerra”. Na semana passada, o país convocou seu embaixador em Israel.
Na Turquia, a crise é gigantesca. Erdogan, que pertence ao mesmo grupo político do Hamas, chamou enormes manifestações de rua onde ele mesmo esteve presente. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, foi recebido com protestos em passagem pela Turquia nessa segunda-feira. Erdogan sequer o recebeu, o encontro ocorreu com o chanceler turco, Hakan Fidan.
Erdogan também chamou o embaixador em Israel e afirmou que levará o país ao Tribunal Penal Internacional. Além disso, afirmou que Benjamin Netanyahu “já não é alguém com quem possamos falar”.
Dentre as potências da região, o Irã é o que tem sido mais incisivo no apoio ao Hamas. Embora tenha feito várias ameaças de intervir no conflito, até agora o país ainda não tomou uma decisão nesse sentido.
As demostrações abertas contra Israel por parte dos países árabes expressam a enorme pressão que vem das bases desses governos. Por enquanto, as declarações e medidas meramente diplomáticas estão servindo para contornar a situação. Porém, a escalada do conflito pode obrigar esses países a entrarem no conflito.