Desde 2021, o jornal golpista Folha de S. Paulo ofereceu espaço para que Txai Suruí, uma suposta liderança dos índios, escrevesse nas suas páginas. Naquele ano, Suruí havia sido colocada para discursar na abertura da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) e ganhou amplo destaque na imprensa capitalista. Em coluna publicada nessa última sexta (22), na mencionada Folha, ela faz um balanço do ano de 2023 e mostrou por que possui a confiança da imprensa pró-imperialista brasileira.
Conquistas que não são conquistas
Suruí começa afirmando que “Tivemos muitas conquistas este ano. Não podemos esquecê-las nem deixar de comemorá-las”. E quais são elas? A criação do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério da Igualdade Racial, a demarcação de seis terras de índios e a nomeação de Joana Wapichana para a presidência da Funai e de outros índios para as coordenações regionais da mesma entidade. Ela também menciona, como conquistas, coisas vagas como “Reflorestamos nossas terras e protegemos as nascentes dos rios. Ecoamos cada vez mais longe nossos cantos e vozes”. E termina mencionando a realização do Acampamento Terra Livre e da Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, assim como a declaração de inconstitucionalidade pelo STF da tese do Marco Temporal.
É preciso, desde já, reconhecer que, salvo um ou outro dos fatos listados, a maioria da lista consiste não em conquistas, mas em engôdos para a luta dos índios. Os Ministérios dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial são hoje ocupados por figuras que, apesar das aparências, não possuem qualquer vínculo real com as lutas e necessidades dos índios e do povo negro. Sônia Guajajara e Anielle Franco são duas figuras criadas artificialmente, sem qualquer passado de luta real em defesa dos índios e dos negros. São “lideranças” forjadas com dinheiro do imperialismo para defender uma política que só serve aos interesses do imperialismo e mais ninguém. O mesmo vale para Joana Wapichana, cuja trajetória não destoa da das duas “lideranças” acima mencionadas.
Mesmo a derrubada do Marco Temporal pelo STF, que seria algo, em princípio, positivo, tem um caráter incerto. Contrariando o STF, o Senado aprovou o projeto, e a “bomba” tende a cair no colo do presidente Lula para resolução.
Ao fim e ao cabo, nota-se que, para Suruí, as grandes conquistas foram as conquistas de cargos na máquina estatal, algo nada surpreendente dadas as aspirações carreiristas dos identitários.
As mentiras do identitarismo contra o progresso
O mais interessante da coluna, porém, diz respeito aos “projetos de destruição”, que são também “projetos de morte”, contra os quais a pretensa liderança dos índios volta as suas baterias. Ela menciona os “megaprojetos do capital” e o plano agrário “chamado marco temporal”, mas vocifera igualmente contra a exploração do petróleo na Amazônia. Para ela, tais projetos são “mentiras” do que chamam de “progresso”.
Na sua visão, “esses planos vão de todas as formas e feitios contra os povos originários, contra as suas comunidades, as suas terras, as suas matas, os seus rios, os animais, as plantas e até as pedras e montanhas”. O que fica subentendido é que as florestas e matas deveriam ficar intactas e protegidas de qualquer plano de desenvolvimento econômico. Essa concepção vai absolutamente na contramão das necessidades e aspirações dos índios reais, que representam um dos setores mais oprimidos da sociedade brasileira.
Um real programa de reivindicação para os índios vai muito além do frequentemente propalado pelo imperialismo, como a defesa do meio ambiente. A principal reivindicação dos índios é a demarcação de suas terras, fato que passa pela discussão do latifúndio e da reforma agrária, que bate de frente com os países imperialistas e seus monopólios, sejam as empresas do agronegócio, sejam as da mineração, que transformam o Brasil em apenas uma colônia de exportação de matérias-primas.
Os índios querem desenvolvimento, que, ao contrário do que dizem as ONGs imperialistas, não é prejudicial a eles. As ONGs escondem que o desenvolvimento é favorável aos índios e que o prejudicial, na verdade, consiste nos países imperialistas, que afagam com grandes financiamentos as “organizações” artificiais dos índios.
As condições dos índios são de extrema miséria no Brasil. Fome, violência e restrições econômicas são ainda maiores entre os índios do que no restante da população brasileira. É essa situação que deve ser denunciada e apresentada como um programa para reverter essa situação e unificar com os índios na luta contra o imperialismo e a direita.
A recusa a explorar o petróleo na Amazônia está entre as reivindicações mais prejudiciais aos interesses dos índios. Riqueza de grande valor, cuja exploração é promotora de desenvolvimento econômico, sobretudo se realizada sobre bases estatais, o petróleo é apresentado como vilão dos índios, mas isso é uma farsa, é propaganda imperialista que não tem outro interesse senão fornecer tais riquezas para suas empresas monopolistas.
Suruí segue a cartilha do identitarismo e, como tal, defende as bandeiras da moda divulgadas pelo imperialismo.
Quem é Txai Suruí?
Na própria página da Folha de S. Paulo, consta que a colunista é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé.
Quando se entra no portal da associação e se confere os seus “parceiros”, encontram-se aquelas mesmas entidades que são já cartas marcadas em se tratando de ONGs: Open Society Foundations, Brazil Foudantion etc. Estamos diante de mais uma “liderança” financiada e criada artificialmente por ONGs impulsionadas com dinheiro estrangeiro. Txai Suruí é mais um exemplar do rol de figuras entre as quais se encontram Sônia Guajajara, Anniele Franco e Cia.
Txai Suruí está ligada a organizações não governamentais estrangeiras que financiam suas atividades e lhe dão destaque na imprensa burguesa. Essas organizações buscam promover uma manipulação dos índios para propósitos antinacionais, algo amplamente propagado pelos identitários e pelas demais instituições financiadas pelo imperialismo. Sua luta contra o “progresso” é uma fachada para os planos reais de forças que são verdadeiros inimigos do povo brasileiro em geral e dos índios em particular.



