Vem de alguns anos, talvez de mais de algumas décadas, uma revolta dos torcedores do mundo todo contra o que se convencionou chamar de “futebol moderno”. Torcidas organizadas do mundo todo expressam essa revolta em palavras de ordem como: “Ódio eterno ao futebol moderno!” ou “Morte ao futebol moderno”. São frases muitos comuns em faixas, bandeiras e camisetas de torcedores.
Essa revolta é muito legítima. Ela é a expressão política contra o futebol dominado pelos grandes monopólios imperialistas, algo que se intensificou a partir dos anos 80, não por acaso a década em que o neoliberalismo predominou como ideologia dos países capitalistas.
Apesar de representar essa revolta, a palavra de ordem não é precisa. Ela é incorreta, pois significa algo diferente do que pretendem aqueles que estão protestando.
Do ponto de vista meramente econômico e administrativo, o futebol moderno é o modelo atual, em que o dinheiro prevalece sobre a paixão, o povo é afastado do estádio, as manipulações estão a serviço dos interesses dos mais ricos.
O problema é que do ponto de vista do futebol, esse sistema é defensor de um modelo antiquado, retrógrado. Os grandes caitalistas querem um futebol burocrático, não criativo. O capitalismo é inimigo da criatividade e da inovação. Portanto, o que predomina no futebol atual, cominado por esses interesses, é o futebol que foi superado há muito tempo peloa chamado futebol arte.
E é justamente o futebol arte, criado em primeiro lugar pelos brasileiros, o verdadeiro futebol moderno. E por que? Justamente porque é esse futebol cuja criatividade e inovação se impõem que superou o futebol antigo, o futebol praticado nos primórdios na Europa.
O brasileiro criou um jeito de jogar que foi exportado para o mundo, tornando o futebol original uma peça de museu. Não fosse a pressão dos interesses capitalistas no sentido de impor um futebol burocrático, o estilo do futebol arte seria 100% predominante nos gramados do mundo. Mas abrir esse espaço significa que os brasileiros em primeiro lugar e todos os sul-americanos secundariamente, dominaria definitivamente os campeonatos.
Rigorosamente falando, isso já acontece, basta notar que a maioria dos principais jogadores na Europa são brasileiros, sul-americanos e africanos. Mas acontece de forma controlada, de maneira a impedir, por exemplo, que os clubes brasileiro e a Seleção Brasileira, consiga ter um domínio absoluto nos campeonatos.
Mas mesmo com todo esse controle, o futebol atual é obrigado a levar em conta o que os brasileiros criaram. Muitas vezes, o que os brasileiros fizeram décadas atrás é apresentado pelos europeus como grande novidade inventada por um europeu. Tudo isso faz parte do controle político e econômico a que está submetido o futebol.
O futebol moderno, portanto, deve ser defendido pelos setores progressistas como o verdadeiro futebol popular. É o futebol criado pelo povo, pelos negros, pelos trabalhadores.