Em 1923, um time composto de pretos, pardos e bracos operários, uniformizados com uma camisa preta com gola branca e trazendo a Cruz de Malta no peito, deu ao Vasco da Gama o primeiro título de campeão carioca da sua história. Na época o futebol era amador e identificado como esporte dos setores abastados da sociedade, o que não impedia sua prática nos subúrbios e meios operários do centro do país, os times dos grandes clubes, como America, Flamengo dentre outros, eram todos brancos.
Nélson, Leitão e Mingote; Nicolino, Claudionor e Artur; Paschoal, Torterolli, Arlindo, Cecy e Negrito, formavam o que ficou conhecido na história do futebol brasileiro como os camisas negras. Era a primeira vez que um grande clube abria as portas para os negros, pardos e operários. O time mostrou a superioridade absoluta, foi uma campanha de 11 vitórias, dois empates e apenas uma derrota.
A entrada de negros e operários no futebol brasileiro, cujo exemplo das camisas negras é emblemático, levou primeiramente a uma reação tradicionalista, no caso carioca, e 1924 a maioria dos clubes Liga Metropolitana, em 1924, e formar outra, cujos requisitos para entrar eram claramente excludentes dos operários e dos pobres, isto é, dos negros e da classe operária. Formaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA) que nos estatutos pode se encontrar clausulas que impedia à inscrição de jogadores sem profissão definida e analfabetos, assim como de clubes que não possuíam estádio. Uma tentativa de reafirmar o caráter amador e elitista do esporte contra a tendência de popularização do mesmo.
A popularização venceu o amadorismo e o elitismo, permitindo assim a entrada dos negros e pobres, o que possibilitou o aprimoramento do esporte, elevados quase a perfeição pelos negros e pobres no país.