Izadora Dias representou o grupo de negros da Conferência, dando o informe das discussões deste setorial, importante por constituir um setor majoritário entre a classe trabalhadora brasileira. Em seu informe, Dias destacou o fato de seu grupo ter discutido a infiltração dos setores mais poderosos da burguesia imperialista na questão do negro através da demagogia e do identitarismo. Além disso, propostas envolvendo a polícia, os presídios e a educação foram debatidos e levados à plenária pela militante.
“Sou IZadora, sou do coletivo João Cândido, coletivo de negros do PCO e no nosso grupo, discutimos uma ampliação do trabalho do coletivo o coletivo. Em vários locais já se reúnem semanalmente companheiros negros e companheiros interessados na luta do povo negro. Os companheiros que participaram do debate hoje concordam em ampliar essas reuniões semanais, fazer reuniões para discutir com a população negra e nós faremos também um encontro nacional, um debate nacional com os membros do coletivo e com interessados, para fazer um debate virtual, reunir esses grupos que estão se encontrando semanalmente e fazer um debate de nível nacional, até internacional, já que vai ser pela internet, os que estão fora do Brasil também podem participar.
Temos acordo com o programa apresentado pela Conferência, inclusive foi colocada a questão (já incluída) do aumento salário mínimo, muito importante para o negro, que faz parte da maioria da classe trabalhadora, assim como a redução da jornada de trabalho. Nós gostaríamos de acrescentar uma questão em relação à educação que é o fim do vestibular. Consideramos que as cotas não dão mais conta e deveria ser completamente normal a juventude integrar o ensino superior da mesma maneira que integra o Ensino Infantil, Fundamental, Médio, etc. Se um jovem negro quer fazer medicina, ele se inscreve no curso, quer fazer engenharia, enfermagem ou qualquer outra profissão que ele anseia, basta que ele se inscreva. Funciona assim Cuba e aqui é ainda mais possível funcionar, integraria toda a juventude negra da classe trabalhadora no ensino superior.
Discutimos também a questão judicial. Há muitos brasileiros presos e boa parte desses brasileiros são negros, que não foram nem condenados, então eles estão presos de maneira ilegal. As prisões no Brasil são um negócio Infernal, a forma como o pessoal é tratado não cabe em um regime que se diz democrático. Tudo bem que a gente sabe como funciona essa “democracia”, mas isso prova que não existe uma de fato. Pessoas estão presas ilegalmente, de maneira insalubre, sendo torturadas. Então nós pedimos a revisão dos processos penais, com a liberação imediata dessas pessoas que não foram condenadas. Com isso também, pedimos o fim do sistema prisional.
É outra discussão que surgiu no grupo é a de pessoas que se dizem lideranças do movimento negro, mas que estão profundamente atreladas a ONGs imperialistas. Essas pessoas estão usando o negro, as reivindicações da população negra para servir aos interesses dos bancos.
Eles pagam bolsa para algumas pessoas e dizem que isso é um movimento negro e não tratam dos assuntos da classe trabalhadora, dos negros em geral, então nós queríamos incluir no programa que o movimento negro seja independente das ONGs imperialistas.”